Onde encontrar jogos novos e usados em bom estado e a bom preço? É sempre uma questão que se coloca mais tarde ou mais cedo. Haverá várias plataformas, as lojas, as feiras, amigos e conhecidos. Importar jogos ou comprar usados online costuma ser uma mais-valia quando principalmente investimos muito em jogos físicos e não só, mas falta muitas vezes a relação de proximidade ao saber o que compramos. Há uma ausência de certeza que chegue às mãos nas melhores condições, e por mais que a venda ou troca poderá ser justa e com êxito, existe uma margem para que o negócio seja mal sucedido e não chegue sequer à nossa casa. Para evitar episódios destes, dirigimo-nos aos locais onde os jogos físicos estão à vista e trocamos impressões sobre o que encontramos e preferimos.

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Em dias de sol e chuva, ao lado do panteão de Lisboa, os feirantes juntam-se para vender bugigangas, antiguidades, móveis, roupa, calçado, telemóveis e acessórios, Música, Pornografia, coleccionáveis, e muito que possam nem sequer imaginar encontrar. Além destas muitas bancas, lojas e panos estendidos no chão a exibirem utensílios do mais procurado ao menos utilizável, encontram-se as bancas de jogos novos e usados. Vendem, compram ou trocam, sendo alguns negociáveis se apresentarem um bom acordo para ambas as partes. Circulam as pessoas de todas as idades para vasculhar nos montes de caixas que estão catalogadas por preço e plataforma.

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Estamos na feira da ladra na Graça. Começa o dedilhar, as perguntas sobre os preços, mostra-se o que há para troca, e a sobrancelha eleva-se quando percebemos que alguns preços não estão de acordo com o que vimos noutros locais de venda. Percorremos as várias bancas para comparar os preços em que duas se destacam com jogos mais recentes e preços mais acessíveis, mas numa destas não aceitam à troca jogos Xbox 360 por “Não vender muito”, mesmo que tentemos convencer pela importância do jogo, pela actualidade e pelo facto de serem os mais vendidos do mercado. Na mesma, o que se vende são jogos de plataformas da Sony, excluindo a Nintendo e a Microsoft.

Resta-nos uma banca: A tenda Vermelha, onde podemos encontrar jogos novos e usados para todas as principais plataformas, com edições especiais e, por únicas ocasiões, consolas. A tenda vermelha é gerida por Paulo Silva, único sobrevivente entre as mentes destemidas que falou abertamente com o Rubber Chicken. É Gamer, joga poker a nível amador e experimenta muitos jogos por fazer parte do seu trabalho. Começou a vender e trocar desde os tempos da Mega-Drive, Sega Saturn e PS1 por volta de 1998 e, após uma pausa, regressa em 2007/08 para vender os jogos e as consolas que se seguiram.

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Na Tenda Vermelha encontramos jogos novos ainda plastificados, usados em bom estado, edições especiais, e em algumas ocasiões surgem periféricos e consolas. Todo o material é revisado a pente fino para garantir a qualidade aos 100 clientes regulares num universo de cerca de 5000 pessoas que passam pela tenda durante o ano. Questionou-se se a afluência de clientes tinha aumentado ou atenuado durante esta fase recessiva em que o País se encontra, mas Paulo disse não ter notado diferença. A crise não afectou nem aproximou pessoas de uma forma que se notasse. “O digital também afecta o negócio, como afecta a todos. Se o digital perdurasse, acabavam as bancas” disse Paulo, após o levantamento da questão. Por outro lado, as grandes superfícies atraem 95% do público, restando apenas 5% que preferem a compra e troca directa no espaço das feiras. Pode ser por desconhecimento, por preferência de espaço, por quantidade de oferta, por promoções ou por simples desconfiança que há em relação às feiras.

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O Rubber Chicken já comprou vários jogos na Tenda Vermelha e fez óptimos negócios com o Paulo. De jogos mais antigos a relativamente recentes, com preços que variam entre a pechincha e preços de novos importados. Há um pouco de tudo, mas também há dias que voltamos para casa com o mesmo que levamos no saco para troca ou sem encontrar o que mais procuramos. Esperemos mais uns dias e seguramente conseguiremos o que pretendemos.

Nem tudo é aceite pelos feirantes para troca ou encontra-se para venda. Jogos muito recentes são sempre mais difíceis saltarem à vista nos dois ou três primeiros meses, mas semana após semana surgem novas capas que não se conseguem nas grandes superfícies. Raras são as repetições ou quase nulas e os melhores jogos vão e vem em grande velocidade. Em várias ocasiões acontece perguntar por um jogo e a resposta ser “Acabei de vender há 10 minutos atrás”.

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O Rubber Chicken tentou falar com os restantes feirantes das bancas de jogos, mas a maior parte não concederam uma entrevista ou responderam a simples questões de mera curiosidade. Persistia no ar uma desconfiança sobre o conteúdo da entrevista. Apenas em duas das quatro bancas nos confirmaram que todos teriam a licença do IGAC para venda, e que alguns importavam os jogos da Amazon e da Game. Outros, infelizmente, recusaram adiantar qualquer informação sobre o negócio. A razão da desconfiança é compreensível, pelo facto de ser parte de uma economia paralela, mas que é por todos legalizada, necessária e bem acolhida por tantos gamers. Mais do que ser parte de uma economia paralela, e não vejam estes termos despegados de legitimidade, é um negócio secundário que ajuda nas contas no final do mês. Aliás, quem nunca vendeu ou trocou um jogo?

Os jogos esperam-vos na tenda vermelha, com sorriso amigável e honestidade. Num ambiente peculiar, todas as Terças e Sábados, estão todos convidados a passar pela banca do Paulo Silva e, quem sabe, sair de lá com o jogo que sempre procuravam e nunca o conseguiram por uma ruptura de stock ou por números demasiado acrescidos. Aqui, os números são mais em conta e isso é garantido!

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