“In Spellforce 3” (Antevisão, Ou Quase Isso)

O Ricardo esteve o ano passado na Gamescom a ver SpellForce 3, entre outros jogos, e escreveu uma antevisão. Ficámos curiosos e voltámos lá este ano. Não havia nada de novo para ver, infelizmente. Pior, já não havia build jogável disponível; o jogo está a levar um update de DirectX, e só tinham screenshots e concept art para mostrar.

Entrámos. Eram três pessoas da imprensa; dois de nós eram do Rubber, eu o Ricardo, que queria analisar o antes-e-depois de um ano de desenvolvimento com os seus próprios olhos. Sentámo-nos. Connosco estava Peter Ohlmann, diretor técnico do jogo, que depois de nos cumprimentar verbalmente, a olhar para o chão, continuou a apresentação quase toda sem olhar para nós.

Porque é que escrevemos sobre SpellForce 3, se não vimos nada de novo este ano? Já ficam a saber.

In SpellForce 3…”; assim começa a frase de Ohlmann, que, novamente, está a olhar para o chão, e começa a clicar no rato, e a avançar os slides do seu PowerPoint, que só contém imagens.

Outra frase.

Terceira frase: “In SpellForce 3…”. Uma em cada duas frases que lhe sai da boca contém “SpellForce 3”; e assim foi a apresentação toda.

Has anyone played SpellForce 1 or 2?”. Dissemos todos que sim. “Well, in SpellForce 3…” qualquer coisa; “SpellForce 1 and 2…” qualquer coisa, “but in SpellForce 3…” qualquer coisa. Escrevo “qualquer coisa” porque fiquei a saber muito pouco sobre o jogo. Eram frases vagas que se aplicariam a muitos tipos de jogos, mas o pior era que Ohlmann estava mais focado em dizer mal dos SpellForce anteriores do que falar deste que está para vir, numa atitude de ‘este não será tão mau como os anteriores’. Um episódio surreal que tinha que aqui ser contado; uma apresentação de uma hora.

Isso de dizer mal dos jogos de uma série quando se está a apresentar um jogo dessa mesma série, é algo que simplesmente não se faz nesta indústria, algo que nunca tinha visto, e que a partir de um determinado momento me obrigou a conter um sorriso rasgado e talvez gargalhadas. Eu só queria rir, ia olhando para o Ricardo de vez em quando, e ele, por outro lado, estava pálido.

In SpellForce 3…”, continua Ohlmann.

Interrompi-o e fiz-lhe perguntas. Ohlmann olhou para mim com um riso ansioso que sugeria choque; não estava com certeza habituado a que ninguém lhe tivesse feito perguntas este ano, ou talvez na vida. Tentei mostrar-me interessado e comecei a investigar. Perguntei-lhe, por exemplo, porque é que SpellForce 3 é tão diferente dos jogos anteriores a nível de estilo gráfico.

Pelos vistos, ficámos a descobrir, Ohlmann não se dava bem com o artista dos jogos anteriores, que já não faz parte da equipa; “He wasn’t the right guy for SpellForce. His father pulled some strings and got him the job”. Novela mexicana. “The art was a mess. At the time, he was playing World of Warcraft so the art style he came up with had that cheerful cartoonish vibe from WoW. In Spellforce 3, the art style is going to be more like Game of Thrones.

Like Game of Thrones?”, pergunto eu.

Yes. Dark and violent, more realistic. Because in SpellForce 3…”.

So…”, interrompo de novo, “can we expect some nudity?”.

O jogo não vai ter nudez. Vai ser lançado no final de 2016 ou no início de 2017. Vai ser uma prequela, vai haver um criador de personagem, no qual se pode escolher uma de oito classes de RPG disponíveis. O jogo vai envolver mais política e vai haver carruagens que transportam bens entre bases. Não sei mais nada. O PowerPoint tinha 10 slides, e quando chegou ao fim, voltou ao primeiro.

In SpellForce 3…”. Ohlmann continuava a fixar os seus sapatos, no chão. O Ricardo tinha cara de quem ia vomitar, e os olhos dele gritavam “por favor, pára de fazer-lhe perguntas, eu só quero que isto acabe, por favor”. Para que ele não começasse a chorar, foi isso mesmo que fiz. Quando nos levantámos, passados 53 minutos e 50 segundos (a apresentação acabou mais cedo), pedi-lhe se podia tirar-lhe uma foto, para recordar este momento.

 ndtw4lji

Feliz e infelizmente, esta foi a pior apresentação à qual assisti na Gamescom ’15. Dêem uma vista de olhos no resto das antevisões, que vimos muitos jogos, e daquilo que tenho conversado com o resto do pessoal do Rubber, foi quase tudo muito bom, e só vamos escrever sobre os melhores; exceto neste caso. Eu gosto de começar pelo pior.