Todos nos lembramos da nossa primeira vez, e para bem ou para o mal é algo que nos marcou (e marcará) para sempre. No meu caso lembro-me perfeitamente. Estava absorto na minha cadeira de computador, perdido a ouvir um álbum de prog rock (qual, especificamente, não me lembro) quando ela chegou de forma inesperada, de rompante, deixando-me boquiaberto, roubando-me o fôlego enquanto eu digeria o que estava a acontecer. E lembro-me bem porque isto ocorreu há mais ou menos duas semanas, quando chegou a notícia que teria de dar o peito às balas e ser eu a analisar tanto o PES como o FIFA 2016.

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Para compaginar esta pequena brincadeira, há-que perceber que a equipa do Rubber Chicken é bastante sui generis (mas isto acho que toda a gente já percebeu, nestes anos em que nos acompanham). Gostamos de todos os jogos, somos fáceis, eu admito, mas como em tudo há ossos mais duros de roer do que outros. E não é porque não consideremos que os jogos tenham qualidade, é apenas porque enquanto jogadores não costumam ser jogos/séries nas quais mergulhemos por escolha própria. E ironia das ironias, acabam por ser os jogos mais procurados e mais vendidos de cada ano. Falo obviamente dos colossos de futebol e também de Call of Duty, que usualmente são uma batata quente na equipa. Batata essa que enquanto Editor decidi que no ano de 2015 seria descascada por mim, cozida, salteada e consumida com prazer. E ainda que esteja há alguns anos afastado dos jogos de futebol (desde o saudoso Sega Worldwide Soccer 97), decidi que eu e o PES íamos ter um encontro imediato. E assim foi. E o resultado? Não tenho conseguido parar de o jogar.

Sinto-me uma verdadeira tabula rasa a analisar PES 2016, já que o meu contacto com esta série (e com a sua rival) foi relativamente superficial e o meu contacto com o jogo anterior limitou-se à antevisão que fiz na Alemanha, durante a Gamescom 2014.

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PES 2016, nas largas horas que me tem prendido à frente da PS4, fazendo-me dormir apenas três horas de noite antes de me levantar para ir para o escritório, tem-se demonstrado extremamente responsivo entre os meus inputs e a reacção dos jogadores. Não que eu domine os controlos avançados do jogo, mas o feel muito arcada (dos quais sou um acérrimo fã) acabaram por conquistar-me. Não sei se foi a minha falta de habituação à série, mas as primeiras largas horas de jogo foram um verdadeiro suplício para dominar a defesa, e era-me muito complicado desarmar os adversários, ou posicionar-me devidamente para interceptar passes.

Fico feliz de ver que apesar de a Superliga não estar licenciada, que os 3 grandes já têm a sua identidade e que o meu Sporting não é o Sport Lisbon de outras épocas (ainda que so comentadores, de forma irritante, lhe chamem Sporting Lisbon). Ao nível dos comentários – que estão em inglês porque usualmente prefiro configurações originais dos jogos a versão portuguesas – achei-as demasiado limitadas, circunscritas e repetitivas. Por exemplo, a jogar com o Real Madrid, parecia que a única faixa de audio que tinham dipsoníveis sempre que o CR7 tocava na bola era algo próximo de um fanático a gritar porque o remate resvalou a trave. O Cristiano pegava na bola perto da linha de meio-campo “CRISTIAAAANO RONAAALDO”. O Cristano era travado em falta “CRISTIAAAAAANO RONAAALDO”. O Cristiano estava perto de um lance “CRISTIAAAANO RONAAAALDO”. Irritante, repetitivo, e sem nexo. Não existiam inflexões diferentes para diferentes outcomes. O coitado da filha da D. Dolores parece que estava sempre a falhar golos com aqueles comentadores. Mesmo quando marcava.

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A punição por erros parece-me muito acentuado neste PES 2016. Grande parte dos meus golos sofridos nasceram de desatenções minhas, de passes mal-executados, de perdas-de-bola irreflectidas, quase sempre em contra-ataque ou ataque rápido. Parece-me que a punição do erro (para qualquer uma das equipas) é dos elementos mais representativos e mais exponenciados deste PES 2016.

Algo curioso que percebemos é a diferença de qualidade das modelações dos diversos jogadores. Se Cristiano, Messi e Neymar Jr. Parecem ter sido reproduzidos ao mais ínfimo poro, a grande maioria dos jogadores são quase modelos aleatórios de características arbitrárias. E não digo só no meu Sporting, que muitas vezes sem ver o número ou o nome penso: “mas quem é aquele tipo de cabelo meio esquisito? Ah! É o Paulo Oliveira.” É que em equipas como o Real Madrid isso é ainda mais notória: o CR7 como disse está impecavelmente reproduzido, mas depois tem um jogador ao lado que parece o Trunks do DBZ em modo Super Saiyajin. Não me lembro quem ele é por acaso mas fico sempre à espera de o ver a invocar uma aura amarela à sua volta.

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Ainda vamos receber FIFA 16 para fazer o embate dos dois, e tentar perceber para uma tabula rasa como eu qual dos dois pode ser mais emocionante: se o notório feel arcada que PES 2016 resgatou de outros tempos ou o realismo da simulação de FIFA 16. Mas que o jogo da Konami me tem deixado agarrado ao comando da PS4 pela sua simplicidade, isso, ninguém lhe tira.

E para finalizar, um momento de Zen, a relembrar o gigantesco turnoff que existe em PES sem os licenciamentos da Superliga. Algumas das maravilhosas equipas que disputam o campeonato com Sporting, Benfica e Porto:

Futebol Clube de ARATALCAO

ARIMELCAO

BLEMOTAO

Futebol Clube de BORFECAO

BRESIGNE

Sporting Clube de MASEADEIRA

PODEFTEZA

VISICUTAO

Obrigado Konami. Portugal Agradece.

Nota: (porque um verdadeiro sportinguista sabe brincar): fiquei feliz de ver o meu Sporting de regresso à Liga dos Campeões.