No outro dia apareceu-me uma imagem no Facebook. Alguém colocou-a na Comunidade Gamer Portuguesa. A certa altura o Bernardo Lopo, comentou que era alguém que devia ser meu discípulo, ou qualquer coisa assim, ora por coincidência eu já estava a preparar artigos do Chicken Fashion, incluindo um duplo sobre boas e más roupas de gaming. Mas ver que há alguém no mundo gamer que acha que isto é uma combinação indumentária decente obriga-me a correr para o teclado e fazer algo num só artigo. O meu povo precisa de mim, e não posso deixar que alguém se vista dessa maneira.

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Há boa e má roupa em todos os campos, em todos os estilos clássico e casual, punk ou beto, rapper ou hippie, e mesmo no mundo dos jogos podemos ter um estilo formal ou desportivo que seja uma imagem de nós próprios como jogadores, ou fãs de certos universos. Mas, mesmo no mais desportivo possível esta combinação é demais. E não é no bom sentido.

Há uma coisa que se safa ali que é os All-Stars clássicos, só. Ponto final. São uns ténis clássicos que nunca saem de moda e podem ser usados com practicamente tudo inclusive fato (em algumas situações menos formais). Mas o resto? Os óculos escuros, o boné com o raio da etiqueta (eu nunca vou perceber porque é que se tornou moda. Tenho a certeza que foi alguém que um dia se esqueceu de tirar e para não ser gozado pelos amigos disse que era moda em New York ou qualquer cena assim, e como tudo o que é mau espalhou-se!) não percebo o que é aquilo do comando… é uma carteira? Ou é mesmo um comando? Tipo…? O que é aquilo…? E finalmente, a T-shirt! A sério, o que é aquela cena? Parece a camisola de uma selecção de futebol africana onde decidem que tem que ter todas as cores primárias, secundárias num só espaço… como um só… sem harmonia de cores e padrões.

Eu podia estar aqui a debater o que é um gamer, mas ser gamer é alguma coisa…? Há uma certa necessidade do ser humano em categorizar, meter etiquetas e engavetar uns com os outros. Meias, na sua gaveta, boxers na outra, t-shirts na outra. Também na comunidade gamer portuguesa li uma discussão, acerca do termo gamergirl, e gamer, e se há gamer é só para jogadores de consolas e/ou PC, ou se outros jogadores também são gamers? Os de smartphone? Ou os de tabuleiro? Sim porque esses são os originais, aqueles que como eu ainda jogam D&D ou Vampire the Masquerade com papel e lápis e dados. Não somos gamers? Não temos tanto orgulho como os outros no que gostamos? Não gastamos tempo, energia e dinheiro nesses jogos? Porque tem que ser tudo etiquetado? Eu tenho meias por todas as gavetas, eu gosto de jogos clássicos e novos. PC e Smartphone, consolas e tabuleiros? Ondm é que metem o meu gamerismo?

Porque isto tudo? Porque não há problema em gostar de algo, ou de ter orgulho no que somos, no que amamos, mas não precisamos bradar aos ventos “EU SOU UM GAMER! OLHEM PARA MIM! OIÇAM-ME RUGIR!!!!”. A maior parte das vezes, e particularmente quando diz respeito ao visual, menos é mais.

Eu sou um gamer, eu não só sou gamer, sou fã de fantasia, de ficção cientifica, Cavaleiros do Zodiaco, Doctor Who, Rurouni Kenshin… mas não ando por aí com cartazes ou camisolas com cores berrantes com o Aries Mú, ou a TARDIS. Tenho-os tatuados no braço. Mas isso são outras conversas. A questão aqui é que a roupa gamer não precisa de ser espalhafatosa. Se eu passar por alguém na rua com uma t-shirt  com um comando PS4 gigante a dizer “Let’s play” não vou pensar “Um(a) gamer, irmã(o) respeito-te como teu igual nesta irmandade!”. Vou pensar (dependendo da idade da pessoa) “A sério?” enquanto reviro os olhos. E antes que digam algo, eu não tenho nada contra t-shirts ou roupa com referências a jogos, desde que sejam bem feitas e sem exageros. Mas por outro lado se eu passar por alguém que só tem isto:

Eu aí vou sorrir para essa pessoa e fazer um educado aceno de cabeça, ela vai perceber e retribuir, porque quem usa um acessório deste é alguém que gosta, que respeita, que mostra mas sem ostentar, sem exagerar, sabe que não é preciso porque para mau entendedor, meia palavra é bosta. Pensem no seguinte, vocês têm dois restaurantes, ambos servem os mesmos pratos, digamos comida típica portuguesa, um tem uma placa com o nome em madeira por cima da porta. “Lagar dos Bacalhaus” ao lado, uma ementa onde descrevem os pratos, não só de bacalhau mas outros. Ao lado temos o “REI DOS BACALHAUS!” “Melhor bacalhau de Portugal, e arredores”, em luzes de néon de meio metro cada, a piscar, “música” de Ana Malhoa a sair do restaurante a um volume ensurdecedor, a ementa na rua é em cartaz com fotos, de pratos de bacalhau a escorrer azeite por todos os lados…

Qual seria a vossa escolha? Para qual iriam? Roupa de gamers, é a mesma coisa, nunca se deve cometer o erro do azeiteiro do bacalhau. Azeite é bom, mas em doses moderadas, como tudo na vida. Ostentar gamerismos também. Antes de vestirem uma peça relativa a um videojogo pensem no seguinte:

Estão a vesti-la para quem? Para vocês próprios ou para os outros?

Se é para os outros, escolham outra coisa. É porque não são gamers a sério.

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Substituam “King” por “Gamer”

E agora para terminar, umas amostras de artigos gamer que são discretos, outros nem tanto, mas podem usar à vontade, qualquer gamer decente (tirando alguns muito puritanos) e só gamers decentes vão reconhecer os vossos gostos. Aposto que conhecem mais de metade das referências que aí estão.

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Fiquem bem e até daqui a duas semanas.

P.s. Eu sei que os relógios não são de jogos, mas quem souber identificar de onde são, sobe pontos na minha consideração.