Zé é assumidamente gamer. É também uma pessoa completamente normal sem qualquer tipo de feitos em game-dev ou no panorama actual de videojogos em Portugal. Ele representa cada um de nós e nenhum ao mesmo tempo. Esta entrevista vai ser tão interessante como qualquer outra, ainda assim, este artigo contrai um título diferente, como se tratasse de uma DST qualquer.

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Esta entrevista é um manifesto ao mindset dos jogadores (leitores do Rubber) mais ligados à respectiva comunidade. É um ‘vão-se lixar’ às pessoas que inconscientemente geram desequilíbrios sociais (no sentido mais formal) nas suas cabeças, quando na verdade não há qualquer necessidade nem há nada que o justifique. “Os Devs” não são “Deuses” inalcançáveis (muitos de nós, no Rubber, temos exactamente essa surpresa). As celebridades nos videojogos, principalmente em Portugal, são pessoas normais com trabalhos normais e merecem tanto ou mais destaque como cada um de nós. O Zé é representativo de cada um de nós, que somos diferentes, mas ao mesmo tempo, todos iguais. E esta entrevista é a pior não pelo conteúdo, antes pelo contrário. É pior porque é a única forma de a destacar dentro do conjunto de todas as entrevistas melhores, ou melhores entrevistas. É çempre não porque está mal escrito, é çempre pelo mesmo motivo que é a pior. E quero destacá-la não por ser minha, mas por ser o Zé.

O Zé é representativo de cada um de nós e por isso merece o mesmo destaque que todos os outros. Jogadores e Devs, sem um não existia o outro, e por isso têm a mesma importância. Agora ide buscar as pipocas, sentem-se confortavelmente e aproveitem.
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Nota de editor: este texto não é um exercício de auto-diálogo, Zé é uma pessoa real, que se chama Zé.

 

(barulhos de crianças no fundo)

Bernardo – (…) eu acho \interrompido…

Zé – Não, repara, eu não gosto de ouvir uma entrevista a um piço na rua.

Bernardo – Mas não é ouvir, repara \interrompido

Zé – Ou ler, tá bem, é a me’ma merda. Não tem interesse nenhum! Se for ver uma entrevista a uma gaja que apanhas na rua, que até é jeitosa, até pode ser…

Bernardo – Então mas, de que forma é que achas que as pessoas reconhecidas em Portugal no mundo dos videojogos dizem coisas relevantes para uma entrevista \interrompido

Zé – Podem não dizer, eu também não costumo andar a ver as entrevistas a celebridades sobre coisas que elas fizeram. Tipo, entrevistar um actor ou uma actriz conhecida, mas sobre aquele filme ou aquela série que estão a fazer. Ou que fizeram há pouco tempo. “Ah, então e como se chama o teu cão?” e… “E porque é que lhe deste esse nome?”… “Que banda é que andas a ouvir?”. Não quero saber.

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O Zé

Bernardo – Pois, repara que não era bem o objectivo desta entrevista… O objectivo era começar em alguma coisa e de alguma forma ir parar aos jogos. Percebes? Tipo, de que forma é que os jogos têm impacto na tua vida, e… \interrompido

Zé – Epá, não quero falar sobre essas coisas, isso é demasiado parvo. Vou andar agora “falar sobre jogos”, e sobre o “impacto” que têm na minha vida…

Bernardo – Então o que falarias sobre jogos?

Zé – Pois, aí é que está, não tenho nada para falar numa entrevista. Por isso é que acho que isto é parvo.

(silêncio)

Bernardo – Nos últimos meses, qual foi o jogo que mais te marcou ou \interrompido

Zé – Isso está a gravar?

Bernardo – Claro que está a gravar!

(risos)

(risos)

Zé – Palhaço! (risos) Não precisas de fazer a pergunta toda bem feita, se isto está a gravar e vais escrever depois… Bem, enfim, consegui comprar o Soul Sacrifice Delta (para a Vita) em Inglês. Que é top.

Bernardo – O panorama de videojogos Portugueses tem uma imagem bem concebida na tua cabeça?

Zé – Não porque não há assim nada de interessante… (pensando) E porque eu não quero saber de onde o jogo veio! Quero lá saber quem é que fez o jogo, quero que o jogo seja bom!

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Hush

Bernardo – Então não tens aquela responsabilidade social de procurar o que foi feito no teu país…

Zé – Não, porque é que eu quero saber que o jogo foi feito cá ou na Holanda?

Bernardo – E como é que justificas esta postura nos jogadores Portugueses?

Zé – Não justifico. Eles têm o direito de ser assim! ENTÃO É ASSIM: Eu não quero saber. Cada um faz o que quer. Por exemplo, tu és um [censurado] e não gostas de Monster Hunters e afins, mas também não faz mal, tens esse direito… Também acho de [censurado] que a tua opinião sobre Dark Souls seja negativa baseada em coisas como a fonte tipográfica utilizada no jogo.

Bernardo – E a tua opinião sobre os indies? E os Triple A’s?

Zé – O Child of Light é um exemplo interessante para o que eu quero dizer. Um jogo indie é um jogo que foi feito e publicado de forma independente, no entanto, este foi publicado pela Ubisoft. Portanto, não é indie, mas não é daqueles jogos com um orçamento gigante. E eu acho que devia haver mais disso: há um espaço que ’tá completamente aberto, para ser preenchido, entre, os jogos indies, que são mesmo independentes e com orçamentos muito pequenos ou financiados pelo Kickstarter, e os Triple A’s mais convencionais, de milhões de dólares, financiados por empresas enormes. Há ali um espaço no meio… nem oito nem oitenta… quer dizer, tu podes fazer um jogo bastante bem elaborado, mas que não tem um escopo como de um GTA.

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Child of Light

Bernardo – Há alguma coisas que sintas que precisas de dizer?

(silêncio) (risos)

Bernardo – Em relação aos videojogos! (risos)

Zé – A Vita! (risos) O Azure Dreams (PlayStation 1) merecia mais popularidade do que realmente tem. Merecia uma sequela, ou pelo menos \interrompido

Bernardo – Mas dizes isso baseado em gosto, ou \interrompido

Zé – Em gosto e o jogo estava realmente muito bem feito. Não sei se conheces, mas, é um roguelite. Tu tens uma vila, onde não tens combate e não morres, e tens uma zona que é uma torre, que tem andares gerados aleatóriamente com monstros. Sempre que entras na torre começas a nível 1 e cada vez que entras é uma jornada. E ao subires vais encontrar monstros que vão jogar do teu lado, que também vão subindo níveis e esses são permanentes, não voltam a 1 quando sais da torre. E é isso. A única coisa que eu gostava que tivesse, era mais end game, porque não tem quase nada.

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Azure Dreams

Bernardo – Falaste na PlayStation Vita. O que achas que a Sony poderia fazer para criar mais “awareness” da esta consola?

Zé – A Sony deveria ter investido em marketing a sério e pôr mais dinheiro para a produção de mais jogos… eu não digo jogos de qualidade, pois a Vita tem muitos jogos com muita qualidade, mas mais jogos de qualidade conhecidos e que chamassem mais à atenção das pessoas… Isso tem relativamente poucos, cá, porque no Japão, tem muitos. Mas é que mesmo esses jogos localizados para cá não chamam muito à atenção das pessoas, salvas pequenas excepções como Final Fantasy e assim… Mas existem bons jogos multiplataforma que a melhor experiência é numa handheld e a Vita está lá para isso, como por exemplo o Rogue Legacy, Shovel Knight, Guacamelee!, Persona 4 Golden, Muramasa Rebirth. E depois há outros jogos que valem mesmo a pena jogar, como por exemplo, Uncharted, vários clones do Monster Hunter tipo o Toukiden (que é muito bom), o Soul Sacrifice, Ragnarok Odyssey (que não foi assim tão bem recebido apesar de parecer bom pelo que eu vi), há o Freedom Wars… e depois tens diversas colecções HD que foram lançadas na Vita. Já está na hora de acabar isto, não?

Bernardo – Sim, tens razão. Obrigado pela entrevista!

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