Às vezes ser um fanboy é mau. Ok… vamos ser sinceros, ser um fanboy é sempre mau, é habitualmente extremista, exagerado, e parvo, mas nós somos à mesma. Muitas vezes somos sem reparar. E se nós pensarmos bem nas coisas, aquelas marcas que defendemos fervorosamente nunca nos deram nada, ou deram muito pouco. Sim, deram alegrias e desafios, frustrações e conquistas mas isso foi pago por nós, não foi dado. Quando alguém por exemplo tenta discutir comigo sobre a minha paixão Nintendista, eu nem me dou ao trabalho de argumentar, não vale a pena, porque nem a Nintendo paga o meu ordenado nem a Sony ou Microsoft a dessa pessoa, são gostos, e isso não se discute. Contudo não podemos ser cegos, tipo o que chamo os iZombies, que são os piores. Acho que há fanáticos religiosos ou futebolísticos que não são tanto como eles. Bem, adiante… eu por alguma razão que nem consigo explicar sou um fã dos jogos da Daedalic. Gosto deles, de tal modo que o Ricardo até me chama Mr. Daedalic às vezes quando sai algo novo dos territórios germânicos.

O último a chegar às minhas mãos dessas paragens foi o Anna’s Quest, que eu infelizmente ainda não consegui acabar mas já passei tempo suficiente com ele para opinar. (Infelizmente a minha vida não é só jogar, há um emprego e outras responsabilidades como acredito que seja o caso de 83% dos leitores do Rubber, no mínimo. E montes de jogos para jogar…)

Anna 1

Todos os ingredientes para um bom enigma

Quando eu era mais jovem e inconsciente um dos meus estilos de jogo favorito era o point and click. Neste momento prefiro outras paragens, mas ainda tenho um gosto por eles se forem bem feitos. Clássicos como as sagas Monkey Island, Broken Sword ou o velhinho Full Throttle e ainda mais ancião Conquests of the Longbow: The Legend of Robin Hood, encheram a minha juventude porque resolver puzzles e sempre me fascinou. Especialmente se combinados com uma história bem contada.

Apesar de lhe faltar o humor de alguns dos títulos referidos acima, Anna’s Quest tem (até agora) uma história interessante e bem contada. Agrada-me particularmente o aspecto de fábula germânica, apesar de não ser um grande fã do visual em que é contado. Apesar de bonito e sem falhas gráficas visíveis, por gosto pessoal apenas preferia uma aparência um pouco mais… adulta, porque apesar da titular Anna ser uma criança, a história não é assim tão infantil, até puxa um pouco para o sentimentalismo. Sem grandes spoilers: Anna vive com o avô numa quinta no meio de um bosque de onde ele nunca a deixou sair. Quando ele adoece, ela decide desobedecer e ir procurar uma cura à vila do outro lado da floresta. É raptada por uma bruxa, descobre poderes telequineticos, e encontra um urso de peluche vivo… a partir daí deixo convosco, mas admito que a história é interessante porque há dragões e magia. E é difícil errar com dragões e magia. A não ser nos filmes Dungeons & Dragons, ou no Eragon, ou… ah… afinal não é assim tão difícil mas devia ser.

Anna 2

Dragões. Dragões é sempre bom.

No que respeita à jogabilidade é um point and click simples. Não há muito a inovar na fórmula e no que faz, Anna’s Quest faz bem. Existem várias possibilidades de combinar itens, portanto nunca se deve deixar de apanhar algo por mais ridículo que seja, nem que seja um bocado de musgo. Nunca se sabe quando musgo vai ser preciso.

Mas o que é que interessa num jogo destes? Os enigmas, os puzzles. E até agora Anna’s Quest tem traçado um óptimo caminho. Os puzzles estão naquela fronteira entre o “ah… tenho que carregar aqui para abrir a porta para ali” e o “tenho que desligar este computador e depois voltar a jogar com a cabeça limpa”, mas na maior parte das vezes está no “Eu sei que tenho que fazer isto… mas falta-me algo…” e uns minutos depois chegamos à conclusão. Portanto são bem equilibrados, desafiantes o suficiente sem serem frustrantes.

Anna 3

Bode e point and click… bode… bode… bode… *enrola-se no canto e tenta não chorar*

 

Finalizando, Anna’s Quest é um óptimo jogo para fãs de point and click, sem fanboyismos da minha parte. Está no mínimo de qualidade que eu espero da Daedalic que é uma fasquia muito alta, contudo não chega ao nível de um Deponia ou The Devil’s Men. É pena, mas nem tudo pode ser grande senão, nada era.