Ainda totalmente emigrada (exceptuando o Bernardo), a equipa do Rubber Chicken juntou-se a um amigo de longa data, o André Henriques do IGN Portugal, também ele imigrado, para responder a uma pergunta simples mas que afinal é difícil.

QUAL o pior jogo de sempre?

André Henriques, do IGN Portugal, imigrado em Vila Verde, a ser entrevistado via telégrafo:

Fossil Fighters Frontier é o mais recente pesadelo que me recordo. Um autêntico fóssil que nunca deveria ter sido desenterrado, uma espécie de Cavaco Silva dos videojogos. *pausa*

Queria elaborar mais *pausa*

*enviamos resposta* elabora *ponto* vou copiar isto ipsis-verbis *pausa*

*responde-nos* Não vais nada *ponto* Oh!

*respondemos* continua *pausa*

(um silêncio sepulcral abate-se sobre o nosso telégrafo, o André teve uma cãibra no dedo)

*regressa* Coloquem uma criança epiléptica a jogar, e vejam-na a desesperar de aborrecimento passado algumas horas. Já os mais velhos a única coisa que sentirão é dor, ao ver sinónimos de uma infância feliz tão pessimamente retratados. *pausa*

*perguntamos* porquê epilética*ponto de interrogação e pausa*

*recebemos um fax do André* Epilepsia (do verbo grego ἐπιλαμβάνειν: tomar, capturar, possuir, ter)[1] é um grupo de transtornos neurológicos de longa duração caracterizados por ataques epilépticos.[2] Estes ataques são episódios de duração e intensidade variável, desde os de curta duração e praticamente imperceptíveis até longos períodos de agitação vigorosa.[3] Em epilepsia, os ataques tendem a ser recorrentes e a não ter uma causa subjacente definida,[2] enquanto que os ataques que ocorrem devido a uma causa específica não são considerados representativos da epilepsia.

*regressa ao telégrafo* Respondi à questão *ponto de interrogação e ponto final*

 

Bernardo Lopo, que ainda está em Portugal, a fazer, entre diversas situações, especificamente coisas:

Pior Jogo que já Joguei: não Leonel, não foi o James Pond: Robocod 2. Esse seria um bom candidato, não tivesse passado imenso tempo da minha infância no desktop do escritório da minha mãe a jogá-lo. Este prémio, para mim, vai para outro.
Muitos jogos podem ser os piores jogos. Existe o exemplo clássico do Big Rigs: Over the Road Racing e tenho a certeza que tanto a Wii como o Steam têm shovelware que nunca nos dignámos a jogar e desses, muitos são fortes candidatos. O pior jogo que joguei possivelmente será o jogo que fiz para Área de Projecto no 12º ano com mais 3 colegas, BioChallenge. É verdade, tem valor emocional, mas em retrospectiva, tudo ficou bem abaixo das expectativas (ao contrário da nota obtida, que foi a mais alta daquele ano). O objectivo era criar um jogo didático que cobrisse os conteúdos programáticos de Biologia e Geologia de oitavo ano no formato de um platformer, fugindo assim ao sistema clássico de jogo de perguntas. E para esse fim, confesso que de alguma forma atingimos os objectivos, no entanto, de um ponto de vista de execução tem muito que se diga. Nunca foi nem nunca será um jogo a sério para um mercado competitivo como os jogos de vídeo, mas aproxima-se o suficiente para se poder chamar o pior.

 

 

Alexa Ramires, algures em Londres, a dar nozes e cascas de amendoim aos esquilos, sentada num qualquer parque da cidade:

Não sei se tenho resposta para isso…mas talvez – Obscure para a PS2. Como amante de survival horrors lá fui eu toda contente comprar mal saiu. Pus o jogo, eu e o meu melhor amigo, a jogarmos juntos, a beber café e fumar cigarros. Ahhh good days6 horas depois de iniciarmos – começamos a ver os créditos finais. Sim – 6 horas depois. Horror? O dinheiro que gastei naquele jogo e as horas que nunca mais irei recuperar na minha vida…

Ricardo Correia: Isso não era o The Order?
Alexa Ramires: Ao menos o The Order é um bom filme.

 

Ricardo Correia, em Montparnasse, Paris, a passar compota de mirtilo num croissant, enquanto bebe um café intragável que só lhe dá saudades do Granadeiro e da Delta:

Eu sei que no Foi Bom, Não Foi? falei rapidamente do Sonic Lost World como um dos piores jogos, mas acho que tenho de ir desenterrar uns artigos que escrevi no ano passado (ou terá sido há dois anos?) sobre os piores jogos da Sega Saturn. E por isso o pior jogo de sempre que já joguei é o The Crow: City of Angels, porque é simultaneamente a medíocre adaptação em videojogo da medíocre sequela do meu filme favorito da adolescência. E em segundo porque representa uma das piores fases de transição do mercado, que “descobria” e martelava o 3D de forma rude nos videojogos. Fase essa que é alegoricamente o equivalente à mudança de voz dos rapazes na adolescência: em que o timbre vai oscilando como quem brinca com uma mesa misturadora.

Ou talvez o Battle Monsters, do qual falei também aqui, que é a maior cuspidela na cara que os fãs de 2D fighting games receberam, a par da alta manipulação dos “tetos da vaca” que a Capcom tem feito com Street Fighter.

 

João Machado, localização desconhecida, dizem que algures entre Cardiff ou algum lugar no continuum espaço-tempo, exceptuando Portugal:


Pior jogo que joguei é difícil porque nunca tive PlayStation ou XBox a escolha não é muita. Vejo-me obrigado a escolher este.

 

Maria João Marques, em Marrocos, num buying spree de caril e incenso, depois do seu trabalho como adestradora de camelos, a imaginar que um Assassin’s Creed ali era coisa para ser giro:

Pior jogo que já joguei? Boa pergunta. Normalmente tenho bom dedo para os escolher e não me lembro de nenhum em que tenha pensado: “waste of ma hard earned moneyzzz!!!

Talvez o que me tenha decepcionado, vá, e mesmo assim não considero mau, foi o DC
Universe Online. Mas a culpa foi minha. Criei um hype tão grande à volta do jogo que quando, de facto, o comprei…

E nesse momento lembrei-me: “wait! Eu não gosto de MMOs.”

 

Miguel Nogueira, no Alasca, a polir a sua estrela de Xerife, depois de ter alvejado um ou dois inocentes cidadãos da sua pequena vila (ossos do ofício). A vila agora tem 4 habitantes e 1 alce:

Falar do pior jogo é muito mais difícil do que falar do melhor jogo. Convém, no entanto, separar aqui já as águas. Vamos tirar da equação jogos que simplesmente não funcionam ou que não mereciam ainda sequer estar à venda como grande parte dos jogos iOS ou Android, ou ainda a maioria dos jogos que estão em Steam Greenlight (Portugueses ou não).
Não é o ET, não são as centenas de más adaptações BD ou cinema, não é o Sonic Lost World (embora estivesse lá perto). Depois de muito pensar tenho que escolher Call of Duty Ghosts pelos milhões atirados ao lixo. Modern Warfare 3 já indicava uma fórmula gasta e repetida mas Ghosts conseguiu fazer pior. Uma campanha sempre over-the-top, sem qualquer sentido de estrutura ou altos e baixos, com várias personagens das quais já não percebemos, nem queremos saber pois não nos importa, da história de cada uma delas.
Um pior jogo tem de ser aquele onde se gastaram muitos milhões e ao longo do qual, seja single ou multiplayer a única emoção que nos atinge é aborrecimento. Não é que Call of Duty se tenha tornado inovador depois disso, mas Ghosts foi um grande sinal de alerta para a Activision.


Menção honrosa: Todos os jogos Nintendo lançados na CD-i da Philips, aliás, todos os jogos lançados na CD-i. Ponto.
Menção horrorosa: Os jogos FMV dos anos 90.

 

André Marrucate, algures num barco no Golfo da Biscaia:

É bastante complicado falar do pior jogo de sempre, pois muitos cabem nessa categoria e cada um no seu lugar. Mas tenho que falar de um em especifico. Até me custa chamá-lo pelo nome, porque de facto não merece o nome que tem. Thief o reebot é um jogo tão mau que dá-me vontade de chorar e a mim insultou-me como jogador. Devem pensar que somos estúpidos, quer dizer, não posso falar só de mim mas quem acha que isto é um jogo stealth está enganado. Dishonored acaba por ser um Thief apesar de não ter o nome se bem que ambos partilham a mesma Burrice Artificial.

 

Sérgio Serra, numa cave em Amesterdão, com uma second skin justa ao corpo e algemas a (quase) impedirem-no de alcançar o teclado do PC, teclou:

Sem ter de pensar muito: o pior jogo de sempre para mim, foi o Soccer (sim o jogo chama-se apenas Soccer), para a NES. É impressionante como controlar jogadores tão pequenos no Soccer se assemelha tanto a tentar tirar a carica de uma garrafa com uma retroescavadora. Além disso, a qualidade deste jogo de futebol salta logo à vista quando percebemos que o mesmo tem uma banda sonora durante o decorrer da partida! Jogar Soccer para a Nintendo é quase tão bom como jogar sozinho ao 40 apanha (jogo de cartas em que se atira o baralho ao ar e se apanham as cartas todas quando estas caem ao chão).

 

Leonel Ferreira, a tratar das suas necessidades fisiológicas numa casa-de-banho típica na sua aldeia na Noruega (leia-se “ao relento”), a enviar-nos SMS do seu Nokia 3310 (hiper-resistente ao choque térmico nórdico):

Tiago Leonel Ferreira

Mas olha, dado que estou a cagar
Tiago Leonel Ferreira

Lembrei-me de estrume
Tiago Leonel Ferreira

Farmville
Tiago Leonel Ferreira

Que merda de jogo

Frederico Lira, a correr para o seu trabalho na cidade de Bucareste, num sistema quase telepático o nosso amigo radicado na Noruega, respondeu-nos. via SMS:

Nota do Editor: as contracções e abreviaturas foram mantidas como na mensagem original para não desvirtuar a transcendência artística do escritor.

Estou no tlm a ir para o work… O pior jogo que joguei foi o Farmville 2 (aquele que realmente experimentei), pq ao contrário dos jogos que nos tiram vida social, este infiltra-se na vida social e obriga os jogadores a escolher entre gastar centenas de euros ou chatear todos os dias os amigos do Facebook. E só ter de esperar um dia inteiro para alimentar vacas ou ver nascer milho, e alertar os amigos que alimentaste a vaca com esse milho, mais valia… não sei… comprar um texugo. E agora tenho mesmo de desligar.