No Tudo ao Molho desta semana juntámo-nos a um amigo e grande sentimentalóide (como nós) que é o Rui Parreira da BGamer. E escolhemos

os momentos mais emocionais dos Videojogos

Rui Parreira, quase em lágrimas

Poderia descrever diversos jogos que mexeram comigo, e foram bastantes, mas não me consigo lembrar de nenhum que seja suficientemente cliché. Vou deixar o ICO/Shadow of the Colossus como joker para quem precise nesta rubrica. Antes, invés de apenas um jogo arrebatador com os sentimentos, vou deixar alguns momentos, com pequenas anotações.

O primeiro que me vem à cabeça é o MDK. Esse mesmo, o Murder Death Kill! A razão é simples: sendo um dos pioneiros a introduzir uma arma com zoom poderoso, éramos desafiados a fazer pontaria aos elementos mais estranhos do cenário e os próprios inimigos colocavam miras na cabeça para os atingirmos. Mas o momento do click, aquele que interessa para aqui, é que os sacaninhas viravam o rabo para nós, a pedir um tiro no cú. Sentimento? O primeiro videojogo que gozou comigo!

O próximo jogo é uma garantia que ninguém o conhece. Nunca ninguém ouviu falar dele quanto o trago para as conversas, portanto vai ser fácil. Denaris, lançado no Commodore 64. Pois, eu sabia que não conhecias. Trata-se de um jogo de naves, um clone de R-Type – ah, esse já conheces – que me fez sentir o Chuck Norris. Chuck Norris do espaço, diga-se. É que um dos níveis tem o “anthem” do Força Delta e sempre que tocava, eu transformava-me numa espécie de Super Sayan, ou então eram só os pelos dos braços eriçados

Vou deixar um registo mais sério para o terceiro jogo. Half-Life 2 é o meu joker. Não há muito a dizer que todos já não saibam. É um título cuja história nos oferece um dos protagonistas mais conhecidos dos videojogos – por causa da capa. Neste jogo não vemos Gordon, não o ouvimos, e o mais próximo de o representar é um pé-de-cabra. Até acho este objeto mais famoso que ele. Mas para colmatar, todo o elenco de personagens completavam a experiência da presença de alguém. Desde o Dr. Vance, à sua filha Alyx, e até o robótico Dog, todos tinham uma personalidade arrojada. E o verdadeiro momento “ohhh”? Quando eles viravam a cabeça a acompanhar os nossos movimentos, como que tendo consciência da nossa presença. Aqui encaixa o sentimento de companheirismo e presença das personagens.

 

Bernardo Lopo, a limpar os olhos molhados

Sentimental Shieeeeeet:
Meninos e meninas, o jogo que ‘mais mexeu comigo a nível sentimental’ foi seguramente aquele. Esse não me fez chorar e elevar o meu batimento cardíaco ao expoente máximo por ser extremamente triste ou aterrorizante, mas porque e
le, tal como ninguém, conseguiu transmitir a realidade de forma tão fiel e, mais importante que isso, fez com que me preocupasse realmente com as personagens, que na minha cabeça eram reais.
Muitas foram as cutscenes em que estava agarrado de forma violenta ao comando por não estar a suportar a camada de nervos. Fez-me ficar com um nó na garganta, um nó no estômago e em toda a parte do meu corpo e ainda hoje, ver pessoas jogar determinadas partes (como o meu irmão que jogou o jogo recentemente) ou ver um excerto de uma cutscene na internet, tem exactamente o mesmo efeito.
Aquele, esse, ele, são na realidade o mesmo, e esse, foi o jogo sobre o qual não escrevi neste artigo.

 

João Machado, a controlar-se para não chorar, de forma estóica:

Sentimentos só num momento que descongelou os 2 bocados de gelo que tenho no peito. A morte da Aerith.

 

Ricardo Correia, a abraçar o João Machado

Queria aproveitar para referir publicamente que até chegar alguma situação diferente, este será o meu último Tudo ao Molho. É que é frequente a minha resposta ser exactamente a mesma que a do João Machado, e acho que estarmos sempre a repetir tem ar de piada-privada-sem-piada. Há quem diga (foi o Isaque) que eu e o João somos uma espécie de simétricos paralelos: somos ambos snobes, whovians, nintendistas, sempre de fato e/ou colete, ar presunçoso e auto-confiante, com os mesmos gostos e as mesmas respostas para quase tudo. Foi assim desde que nos conhecemos, quase bro-love desde o primeiro minuto em que o conheci num churrasco e ouço tocar o tema de Doctor Who que acompanhou o Tenth e eu e ele vamos ao telemóvel ao mesmo tempo porque tínhamos o mesmo ringtone.

Posto isto e eu tom de despedida, o momento mais emocional para mim, de sempre, e que me fez chorar que nem doido foi a morte da Aerith no FF VII. Nos próximos TaM leiam a resposta do João que deve ser a minha também.

 

Maria João Marques, a abrir o segundo pacote de lenços de papel Renova

Sobre os feels: eu não posso ver nada. Coisas com animais, lágrimas; filme romântico como Moulin Rouge, choro copiosamente. Aquela pessoa que cantou super bem no The Voice e que tem imensos sonhos a acontecer, “entrou-me uma coisa no olho”; a Selecção Nacional a jogar e o Ronaldo a marcar grandes golões, sweaty eyes… acho que já deu para perceber. É normal eu apresentar aqui dois jogos que me deixaram destroçada, desmaiada (Juliana, ‘cê viu meu óculos?), acabada.

O primeiro tem de ser Beyond: Two Souls. Eu sei que o jogo não foi dos melhores, mas a representação da Ellen Page e a história conseguiram trazer ao de cima aquele meu sentimentalismo e desmanchei-me em lágrimas no final (e senão me engano a meio do jogo também, mas já foi há algum tempo e a minha memória já não é o que era. Aqui entre nós, it’s the booze).

Com este seguinte acho que qualquer homem grande e macho de pêlo no peito, ficou pelo menos com uma lágrima a cair pelo canto do olho (que entretanto reabsorveu com o poder da sua masculinidade). The Walking Dead: Season 1. Eu não sou fã da série, atenção! Experimentei ver a primeira temporada
e achei aborrecido, desculpem. Mas este título da Telltale foi surpreendente pela forma como conseguiram humanizar o próprio jogo. Palmas e vénias! E todo o choro no final!

 

Miguel Tomar Nogueira, a fingir que não chora agarrado aos peluches noite-sim, noite-não:

Momento Kleenex Gaming: Bioshock Infinite
É preciso ser pai para ser tocado por determinado momento em Bioshock Infinite. É preciso ter visto nascer uma criança e depois segurar a mesma nos braços. Antes disso, o mundo é para nós um lugar muito mais asséptico, pós-moderno e racional. A paternidade abre-nos as comportas do sentimentalismo e posso dizer que em determinado momento de Infinite chorei como uma criança. Acredito mesmo que é completamente diferente jogar Infinite antes e depois de ser pai. Antes tudo é levado de forma demasiado literal. Após, a componente metafórica e subjectiva do jogo tira-nos o tapete emocional debaixo dos pés.

 

Alexa Ramires, a chicotear as lágrimas para longe:

Jogo que mais mexeu comigo a nível sentimental: sem hesitar nem sequer pensar duas vezes – The Last of Us. Em 38 anos de vida, nunca quis ser mãe. Nunca. Acho a maternidade uma verdadeira Benção e a coisa mais difícil de se fazer bem e mais “sagrada” – no sentido afectivo da palavra. Quando joguei The Last of Us, quis ser mãe da Ellie. Quis ter uma filha como ela. Tudo o que quis durante o jogo foi protegê-la…senti-a como uma parte de mim. Ruiva, diz mais palavrões por minuto do que pestaneja….as semelhanças comigo são óbvias. Adoro-a. Adoro a relação dela com o Joel. Adoro o jogo. Mais ainda…adoro a ligação que tenho com Ellie, com a música de Gustavo Santaolalla, com aquele mundo destruído onde lutamos pela nossa humanidade. Well done Naughty Dog – fizeste-me, por algumas horas, querer experienciar o Dom da maternidade….algo que a vida real nunca conseguiu.