O Rubber Chicken não contava vir a Paris. O Rubber Chicken é feito de pessoas pobres, com necessidade de carinho, que frequentemente escrevem ao frio e à chuva. E após as nossas idas deste ano – agora já regulares ano após ano – à E3 em Los Angeles e à Gamescom em Colónia, estamos a latas de atum e água da chuva até aos nossos pais, avós e empregadores nos colocarem uma notinha no bolso. A avó é mais certo dar meias, mas até dão jeito que estas já têm buraco no dedo grande.

O que é que estamos então aqui a fazer por terras de Cantona? – esse grande maluco –

A PlayStation Portugal convidou-nos. E isto, após o primeiro telefonema, colocou a nossa equipa em pânico ético.

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É sabido – ou talvez não – que muitos meios vão aos grandes eventos com todas as despesas pagas por uma ou outra das maiores marcas de videojogos tanto internacional como nacionalmente (Sony, Microsoft, Nintendo, Ubisoft, Ecoplay – que apenas é retalhista mas representa marcas grandes – entre outras). Nada de errado nisso. Porém, o Rubber Chicken sempre assumiu que não aceita esses convites. A verdade é que, com ou sem pressões, queremos estar na E3 ou na Gamescom com total liberdade para fazer cobertura apenas do que nos apetecer. E se isso implicar não experimentar um jogo da Activision para irmos experimentar um indie, não hesitamos. Acima de tudo – e uma vez que não dependemos de resultados comerciais – é a nossa liberdade que está em jogo. Ou seja, temos a mania, mas isso só nos fica é bem. Então porque aceitámos o convite? Porque não estava nos nossos planos visitar esta feira e porque a Sony troucou as regras do jogo. A PlayStation decidiu convocar para aqui a sua grande conferência de apresentações do ano – algo que lhe valeu grandes criticas fundadas da nossa parte num artigo do Observador – e não quisemos perder a oportunidade de perceber se a Sony tem algo na manga ou se não temos grande catálogo de exclusivos até ao final de 2016. Queremos ser surpreendidos pela positiva, queremos ficar excitados, queremos pular de alegria em segredo por jogos exclusivos inovadores. Mas vamos ser aquele aluno lá atrás que na primeira aula está de braços cruzados a olhar com desconfiança para o que o professor tenta passar. Por temos aceite é importante também sermos transparentes. Todas as despesas de deslocação, estadia e alimentação estão a cargo da Sony. E aceitámos porque a Sony também aceitou a nossa única exigência: liberdade para cobrir outras marcas na feira, tanto para o Rubber Chicken como para o Observador.

Curiosamente, mais nenhuma marca nos contactou para divulgar presença em Paris. É normal, tudo já foi apresentado e mostrado na Gamescom. Ou então é por a comida ser uma merda. No entanto, o terceiro dia em que cá estaremos será reservado para visitar toda a feira e quem sabe experimentar este ou aquele jogo.

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Pequena paragem para comer o pequeno almoço que acabaram de entregar no avião e conferir um pouco de New Journalism ao artigo. Vão ao google. O que é então a Paris Games Week?

É um evento que tem este ano a sua sexta edição e que cada vez mais se quer afirmar como um dos eventos principais do calendário anual. Este ano são esperados 300 mil visitantes ao longo dos 5 dias que vão de 28 de Outubro até 1 de Novembro. O foco está na experimentação de jogos para a época natalícia – talvez para aquela decisão de última hora sobre quais escolher; se bem que não peçam à avó que o mais certo é receberem as meias – nas antevisões para 2016 que podem já ser jogadas; e nos campeonatos de e-sports. Paris é o maior e mais importante evento de uma série europeia que começa em Madrid, passa por Paris e termina em Lisboa com a Lisboa Games Week.

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Achamos ainda curioso que esta feira tenha uma secção dedicada para jogos dirigidos ao público dos 6 aos 12. O que não faz muito sentido porque o Minecraft, o LoL, o GTA V e o Call of Duty também devem estar noutras secções da feira.

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Mais importante que tudo, e isto desconhecia por completo até receber o comunicado de imprensa da feira, a Paris Games Week já começa a ser um porto seguro para os criadores que queiram encontrar investimento ou publicação para os seus jogos. Em parceria com a Game Connection, o evento vai contar este ano com 2700 decisores e com 250 compradores (editoras), o que já é um alvo bem grande para conseguirem acertar o vosso tiro de sorte e, assim como em Colónia, a deslocação é minimamente acessível.

O Rubber Chicken vai estar também em parceria com o Observador. Esperem muitos vídeos de cobertura da conferência da PlayStation, da feira no geral, e de todas as novidades do catálogo da Sony; vários artigos sobre os jogos nos dois sites; e algumas entrevistas. Só a comida é que… quer dizer… podia ser pior. Felizmente não existe uma London Games Week.