Uma análise a Mario Tennis Ultra Smash
Não vou repetir a piada que fala da actividade física e desportiva do Mario e o seu aparente problema em controlar o peso. E nem estou a falar do Lou Albano e do Bob Hoskins…
Três anos depois do Mario ter pisado os courts pela última vez, eis que surge mais um jogo de ténis da Nintendo. Quando vi este anúncio fiquei imediatamente dividido: por um lado trata-se do meu desporto favorito e que historicamente foi muitíssimo bem-tratado pela Nintendo, e por outro a excessiva proximidade entre os dois lançamentos fizeram-me torcer o nariz. Uma pequena voz alertava-me “olha que são para plataformas diferentes”. E é verdade.
É curioso que a análise ao anterior jogo da série, Mario Tennis Open, foi o primeiro artigo que publiquei nesta casa, aliás, nesta Capoeira sui generis. Revisitando esse jogo em comparação com este Ultra Smash diria que há muito pouco que os distinga, e isso, é uma cruz que a Nintendo vai ter de carregar. E ainda que na antevisão que fizemos tenha ficado feliz com o regresso da série ás consolas domésticas, após mergulhar bastantes horas com a versão final fiquei com um Goomba atrás da orelha. E depois percebi porquê.
Para abreviar tudo aquilo que poderia ser dito de forma simpática: o que o estúdio Camelot Software Planning (developer dos jogos de ténis desde a versão de N64) aqui fez foi um mero port do jogo de 3DS, adicionou-lhe o modo Mega Battle, despiu-o de uma série de funcionalidades e lançou-o na Wii U. Mario Tennis Ultra Smash não é mais do que uma espécie de remake despido para a Wii U e travestido de inovação. Que não é, de todo. E lançá-lo a preço de novo lançamento é um smash ofensivo que os jogadores não podem nem conseguem acompanhar.
Falando do novo modo, o Mega Battle, que difere pouco do modo introduzido no jogo anterior para 3DS, onde é possível carregar shots especiais em áreas coloridas que surgem no court. Mas a pequena (ou grande, no caso) diferença deste modo é que ocasionalmente os Toads que se encontram nas linhas laterais do court atiram Mega Mushrooms que fazem crescer os personagens para um tamanho gigante, ao belo estilo tokusatsu.
A gestão do tempo de duração do efeito é curioso e um bom “agitar de águas”, e sempre que estamos no tamanho normal, conseguimos rebater um shot de um adversário gigante, sentimos que o David conseguiu superar o Golias, até de raquete na mão. O único problema deste modo é mesmo a interrupção do jogo para que a animação de crescimento surja, que muitas vezes pode ser usada de forma quebrada e algo batoteira para desestabilizar o timing de resposta a uma bola. E infelizmente não dá para desligar essa animação de power up que é sempre, sempre igual.
Sem torneios ou taças, a curtíssima longevidade deste Mario Tennis Ultra Smash reside unica e exclusivamente no modo Knockout, uma espécie de desafios em catadupa contra oponentes cada vez mais fortes, que culmina, obviamente, no Bowser. De resto este jogo é idêntico a Mario Tennis Open: mesmo sistema de Power Smashes com cor, diversas superfícies com comportamentos diferentes, um elenco algo reduzido e um modo clássico sem os Power Smashes. Neste Ultra Smash podemos também treinar os nossos amiibo para serem os nossos parceiros em jogos a pares.
De início disse que o lançamento do jogo a preço full release era abusivo tendo em conta o conteúdo que dispõe. Acredito que em promoção, rondando os 15€, o jogo seja uma belíssima opção se pensarmos nas duas grandes forças que justificam a sua existência. Ainda que este Ultra Smash seja um reaproveitamento do jogo de 3DS, há dois pontos muito positivos que justificam a sua compra aquando de uma baixa de preço. O primeiro é o mais óbvio, e aquele que mais me divertiu: o multiplayer local com diversas abordagens que só uma consola como a Wii U (por dispor do Game Pad) pode trazer. Cada um de até um máximo de quatro jogadores podem defrontar-se em simultâneo e escolher a forma de controlo que melhor apraz a sua forma de jogar. A segunda é o brilhantismo visual que o jogo tem na Wii U, e o facto de Ultra Smash ainda contar com as apuradas mecânicas e controlos de uma resposta elevadíssima que a série nos habituou e que fazem dos diversos Mario Tennis alguns dos melhores jogos de ténis de arcada.
O melhor: as mecânicas apuradas típicas da série, o visual e animações exímias e o multiplayer local.
O pior: o pouco conteúdo, a mera recauchutagem do jogo de 3DS, o preço de lançamento.
Em muitos aspectos, Mario Tennis Ultra Smash envergonha a série e as expectativas que depositamos numa empresa como a Nintendo. Lançar um jogo que não é mais do que um pseudo-port para a Wii U com menos conteúdo e rejogabilidade que o anterior é algo que esperaríamos de uma EA, mas nunca da Big-N. Valha-nos o divertidíssimo e apuradíssimo sistema de multijogador local e o facto de sentirmos que a Wii U ainda é uma boa razão para juntar os amigos no sofá, divertidos com um jogo como este. Mas apenas se o apanharem em promoção, que ele não vale o preço de lançamento.
Mario Tennis Ultra Smash é um exclusivo Wii U.
