Título em Inglês perdoado, no ouvido o refrão da música principal do filme protagonizado em 1999 por Will Smith no qual Kevin Kiline nunca receberia um Óscar, e podemos caminhar por um dos jogos que a equipa do Rubber trouxe da Gamescom no bolso dos ansiolíticos como um dos que mais esperávamos. De revólver na mão, a olhar-nos olhos-nos-olhos, temos Hard West, o magnífico jogo lançado recentemente pela Gambitious.

Hard-West-Overworld

Desde o primeiro contacto que soubemos que Hard West possuía um ambiente negro. Tão negro que estamos errados se à memória de westerns automaticamente apenas somamos Terence Hill. O ambiente é pesado, a história é a de vingança e de arrepedimento, e em muitos aspectos, uma história de pecado. Demónios-cowboys são parte de um jogo cuja paleta cromática ocre remete-nos para um ambiente quase-thriller, longe do entusiasmo efusivo da maioria dos westerns.

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“Um X-COM no Velho Oeste” é a frase simples que usámos entre nós pelos corredores da Koelnmesse para descrever o impacto com Hard West. É claro que descrevê-lo desta forma é injusto, e quase faz parecer que o jogo criado pelo estúdio CreativeForge Games pouco mais é que uma skin western do clássico jogo de estratégia ou mesmo de Jagged Alliance. Hard West tem um espírito próprio e uma identidade sua sobre o género, trazendo a um setting que teve num passado recente poucas abordagens, dos quais Secret Ponchos, Call of Juarez e Red Dead: Redemption são apenas algumas delas.

Falando no género, e a par de um dos meus jogos favoritos do ano anterior, Skyshine’s Bedlam, é de salutar para todos os fãs de jogos de estratégia táctica como eu a grande atenção que em especial o mercado indie lhe tem prestado. Abordagens diferentes, inovadoras, desafiantes, no qual Hard West é mais uma possível vertente perfeitamente distinguível de outros congéneres.

A par do que o mercado indie nos tem habituado, Hard West não receia ser desafiante para os seus jogadores. Aliás assume-o como um estandarte do género onde se movimenta, intensifica-o e faz-nos lembrar a cada turno a importância de cada decisão que tomamos. O posicionamento das unidades é providencial para o nosso sucesso, e frequentemente iremos ter arrependimentos que nos serão fatais, seja a escolher a melhor cobertura para um dado personagem ou a quebrar a capacidade furtiva que este jogo permite em detrimento de um ataque aos inimigos que esperamos que seja fatal. Uma adição curiosa a este jogo é a barra de Sorte, que vai diminuindo à medida que os nossos inimigos falham os seus tiros e que voltam a encher-se sempre que os nossos personagens são alvejados, trazendo um elemento desequilibrador visível e desequilibrador ao jogo.

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Numa campanha curiosa dividida em oito partes diferentes com distintos protagonistas, com uma abordagem narrativa sequencial próxima dos comics, em que a evolução da história vai surgindo em vinhetas pelo ecrã, Hard West possui um óptimo argumento que não é apenas o cimento que une os diversos capítulos. A sequencialidade dos diversos capítulos e a forma como alguns momentos-chave se vão interligando para cruzar os diversos personagens numa linha coesa, dão a substância adicional a um jogo que vive do seu desafio, do seu setting, e de uma excelente e memorável abordagem ao género da estratégia táctica.