Já falámos de tantos temas relacionados com videojogos aqui neste nosso Tudo ao Molho que quase nos esquecíamos de referir os grandes autores que o construíram e que o constroem nos dias de hoje. E é por isso que ficou a pergunta:

Personalidade da área dos videojogos que mais admiramos e porquê?

João Machado

Isto não é um tema fácil porque eu não consigo separar as duas personalidades que mais admiro tendo em conta que as suas obras são inseparáveis, quase simbióticas, uma não vive sem a outra. Shigeru Miyamoto e Koji Kondo são nos seus campos respectivos exímios criadores, enquanto um cria mundos visuais e a jogabilidade neles que para mim são do melhor que há neste campo, o outro cria as músicas e sons que nos permitem ser envolvidos na totalidade quando jogamos. Basta listar algumas das suas colaborações para ver isso: Super Mario Bros, The Legend of Zelda, Pilotwings, Starfox, Donkey Kong e outros.
Por terem sido a dream team dos videojogos, uma entidade indissociável em todos os aspectos, a dupla Miyamoto/Kondo, é a personalidade dos videojogos que mais admiro.

E o Professor Machado também, porque é o maior arqueólogo de videojogos a nível internacional e talvez em Portugal também.

 

Ricardo Mota

Lord Gabe Newell – É difícil escolher… é um dos homens por trás do Half-Life… um dos mentores daquele que viria a tornar-se o maior distribuidor de conteúdo digital, o Steam. A sua Valve definiu alguns standards, criou mercados, derrubou barreiras… é a mesma empresa que cultivou e fez crescer a micro-economia de cosméticos para jogos como Team Fortress 2, Counter-Strike e Dota 2. Que distribui lucros da venda desses cosméticos entre os criadores, depois de lhes dar todas as ferramentas para trabalhar. É um dos gigantes dos eSports também, a marcar o ritmo do crescimento dos eventos e dos prize-money. E é a empresa que colocou muita gente a olhar para o calendário na hora de decidir adquirir um jogo… as Steam Sales estão longe?!

 

Frederico Lira

Se eu disser Todd Howard vão cair todos em cima de mim, não vão?

Acho que sempre foi um visionário e as pessoas confundem o que ele promete e que dá a ideia que será aplicado na hora (e algumas são), com o que ele promete e está em desenvolvimento ou numa fase prematura de desenvolvimento. Por mais que ele empurre para a frente os projectos que tem em mãos e melhorando a tecnologia com que trabalham, aplicando alternadamente nas séries esses progressos, as pessoas vão ser sempre criticar as falhas. Que as tem, claro.

 

Miguel Tomar Nogueira

Ui! Tantos. Impossível escolher uma pessoa. Nem duas, nem três. Desculpa lá Ricardo, mas tu é que te puseste a jeito. É melhor pôr isto em formato de lista:

Shigeru Miyamoto: Porque devemos sempre arrancar da melhor maneira ou, neste caso, com o melhor de todos.
Fumito Ueda: Porque é a minha entrevista de sonho ainda por fazer.
David Perry: Embora a criação de Aladdin e Earthworm Jim já fosse suficiente para entrar na lista, Perry escreveu uma das melhores bíblias sobre criação de videojogos. Ou seja, partilhou o conhecimento com o mundo. Não contente, desenvolveu a plataforma Gaikai que hoje em dia é a base para Share Play e outras inovações que estão a manter a PS4 como líder de vendas.
David Cage: Porque vai piorando de jogo para jogo mas faz-me rir a dizer Emotion com aquele sotaque estúpido.
Michel Ancel: Porque embora também tenha o sotaque estúpido, vai melhorando de jogo para jogo.
Ron Gilbert: Porque para além de ter dado o nome ao Rubber criou duas das histórias interactivas que mais me formaram como jogador na adolescência.
David Grossman: pelas razões anteriores já que grande parte dos diálogos foram dele.
Tim Schafer: Idem, idem ” ” e porque continuou o legado até aos dias de hoje (digam os hipsters o que disserem)
Dan Houser e Sam Houser: Mas não digam ao Quintino Aires.
Peter Molyneux: Porque é como o Instagram do marniethedog, só que em versão criador de jogos.

Bernardo Lopo
Anita Sarkeesian.

Isaque Sanches
Jason Rohrer. Um dos poucos game designers mais mainstream que dá valor ao seu trabalho e, portanto, o leva a sério.

Johnny Rodrigues
Gabe Newell. Because Gabe Newell.

André Marrucate

Richard Garriott, influenciou até hoje os WRPGs e até mesmo os JRPGs e MMORPGs, ainda os “japas” estavam a conhecer o género RPG. Tem uma paixão incrível pelo que faz e já foi astronauta.. não é preciso dizer muito mais!

Ricardo Correia

Não é muita surpresa referir que a personalidade que mais admiro na indústria dos videojogos é Charles Cecil. E digo-o por diversas razões.

A primeira foi o seu contributo (tantas vezes esquecido) para um peso mais narrativo nos videojogos. Dentro das limitações tecnológicas que foi sentindo desde Lure of the Temptress, houve sempre um grande peso de um fio-condutor narrativo ao longo de cada uma das suas obras. E se analisarmos, conseguimos inclusivamente ver uma linguagem mais cinematográfica que é tão corriqueira nos dias de hoje e que acabou por ser ele um dos precursores dessa visão e aproximação entre os dois meios.

A segunda é sob uma análise histórica. A sua carreira, o seu percurso e o seu reconhecimento fazem dele um dos “devs históricos” mais importantes da nossa jovem indústria. E todo este peso poderiam fazer dele um arrogante, desligado de todos, prepotente, como muitos outros game devs que fizeram 1/100 do que ele fez mas que já consideram que trazem a Rainha na barriga. Mas o Charles não, sei-o em primeira mão que é de longe o game dev (dito) histórico que mais prazer tem em ajudar novos developers, e está sempre disponível com um sorriso e uma opinião fundamentada para dar um contributo a qualquer pessoa que lho peça.

A terceira é emocional, porque é mais do que público que ele é o meu ídolo pessoal, e o quanto os seus jogos me marcaram. E se há algo que poderei agradecer para sempre ao Rubber foi ter criado o reconhecimento internacional suficiente para que ele aceitasse receber-me para uma entrevista há dois anos. E que a partir daí comecei a manter um contacto mais próximo com a figura que mais idolatro neste mercado tão estranho e tão sui generis.