[Inserir placeholder para artigo de análise a jogo em jeito de FPS genérico]

ET Armies (1)

E.T. Armies é um jogo. E.T. Armies saiu para Steam. E.T. Armies é de um estúdio Iraniano, portanto é bom, caso contrário Alahu Ahkbar! e lá se vai o fim de semana. Inserir aqui piada genérica sobre como o primeiro jogo que nos chega do Irão é um jogo de guerra. Dar risadinha nervosa genérica, porque, bem, Alahu Ahkbar!.

E.T. Armies coloca-nos na primeira pessoa, com uma arma na mão, e isso deve querer dizer que é um FPS. A arma dispara quando pressionamos o gatilho e os tiros vão, mais coisa, menos coisa, na direcção para onde estamos a apontá-la. Os tiros fazem com que os inimigos faleçam, eventualmente, mas sem grande empenho. Uma espécie de “ah, acertaste-me com 3 tiros no encéfalo, vou descansar a olhar para as pálpebras”. Os tiros esgotam algumas balas e, por vezes, somos obrigados a recarregar.

ET Armies (2)

Nós somos um soldado. Há um conflito. Nós íamos sossegados no avião a ver o filme genérico mas o nosso avião é atingido por um míssil genérico e nós somos obrigados a dar um salto genérico. Não se sabe se utilizamos um paraquedas genérico ou não. Não aparece na cutscene. Mas foi bom o suficiente para fazer com que sobrevivêssemos à queda, por isso deve ser de marca. Talvez da Cuétara. O nosso rádio invisível também sobreviveu à queda. E as armas. Mas o nosso líder genérico está separado de nós. Bem como o nosso colega sem capacete que vimos no avião. Já o outro soldado genérico com capacete genérico deve ter ficado a ver batatas pela raiz e ninguém lhe dá um segundo de atenção. Casualties of war. Uma maçada! Encolhe-se os ombros e anda-se para a frente, pelos vistos.

Estamos no meio de um deserto genérico e somos atacados por inimigos genéricos que pretendem cravar-nos de balas genéricas, apontando-nos na genérica direcção da morte por envenenamento por chumbo. Porquê, não sei. Não cheguei a saber. Acho que são daqueles que preferem disparar primeiro e perguntar depois. E como eu sou o único ser vivo à vista naquele mapa nu, é fácil. E os tipos como que surgem por geração espontânea, em várias direcções, a confiar no meu radar genérico no canto superior esquerdo do ecran. São marcados por pontinhos vermelhos, os sacanas. Toma lá que é para aprenderes! O meu radar da Matutano assinalou-te como vermelho, por isso deve ser para disparar. E tu, seu canalha sem rosto, podes disparar contra mim também. Eu sei, eu sei. Preferes ir caminhando na minha direcção em vez de disparares. Encurtar as distâncias. Ver de perto a minha cara porque eu tenho-a e tu não. Para mais, os teus tiros são virtualmente inócuos. Eu só tenho que me esconder 5 segundos e páro de sangrar. Tenho um sistema imunitário e uma regeneração avançada, eu. Não sou de marca branca.

O meu líder tem cabelos brancos. E é uma espécie de herói. Eu sigo-o. Mas eu acabo por matar os sacanas todos enquanto ele vai comentando que temos que aguentar. A vida está difícil, parece. E ele deve andar a poupar balas ou a precisar de rever as dioptrias. Tê-lo ali a meu lado ou ter ali um rádio a tocar uma sessão de discos pedidos vai dar mais ou menos ao mesmo. Se calhar com o rádio ainda apanhava uma ou outra música que não fosse dos Diapasão ou do Marante. E dou por mim a pensar que o meu líder é parecido com o Marante. Tem o estatuto e tal, passeia a sua classe e o seu charme… é isso!

Já mataste os inimigos genéricos todos? Anda lá com isso! Olha ali mais! Eu espero!

O jogo é controlado por teclas. E por movimentos do rato. Podemos mudar as teclas. Mas não todas. Algumas. Há teclas que não são aceites. Porque não. Outras são virtualmente inúteis, por isso não importa se as conseguimos redefinir ou não, mas quanto a isso, já lá vamos. Tentei duas ou três vezes. Mas, quando a tecla que pretendemos não dá para atribuir à acção que queremos, não dá para anular a introdução dessa tecla sem anular todas as alterações que fizemos. Disse TODAS, não disse? Pois. É isso. Por isso acabei por jogar com as teclas gené…. pré-definidas. Não disse genérico aqui. Resisti. Pois bem, que dizia eu quanto às teclas inúteis? Ah, pois… saltar, por exemplo. Veredicto: inútil. Now, don’t get me wrong here… ele salta! Eu carrego na tecla pré-definida porque desisti de a mudar e ele tira o pé do chão.

Da esquerda para a direita: ET Armies, CS:Go, Battlefield 4, Call of Duty: Black Ops 3

Mas é um “tirar os pés do chão” que não serve para nada. Nada. Só se for para dançar, porque não nos permite sequer saltar por cima de uma pedra. Uma pedrita. Talvez seja porque, oh, sei lá, me afastaria do caminho genérico que foi previsto eu seguir. Sim. É assim tão óbvio!

Now, i get it. O Unreal Engine dá para fazer umas coisas engraçadas. O jogo é visualmente porreiro. Pela imagem até era capaz de vender! Tem potencial. Só que é pena que se tenham ficado por aí. Não há neste jogo nada de original, nada de particularmente bem feito, nada de inovador ou cativante que faça com que este se destaque naquele que é o grande charco de FPS genéricos que por aí andam. Pior que os clichés são algumas gralhas, nomeadamente a nível de interface e jogabilidade que pioram a experiência de quem tenta explorar o seu conteúdo. Não é intragável, longe disso. Será um daqueles títulos que pode perfeitamente jogar-se sem se levar a sério, a mascar uma pastilha elástica genérica e com música a sobrepor-se aos sons do jogo. Não é um bom jogo, não é mau. É meh.

ET Armies (3)

Podem rodar o genérico final.