A Caçada semanal aqui está de volta, com a regularidade habitual que é, à falta de melhor expressão, irregular. Quase um mês passou desde a última Caçada Semanal, facto que me dá vontade de lhe chamar Caçada mensal, ou Caçada que sai-mais-ou-menos-quando-der. São nomes menos pomposos, mas mais realistas.

Nesta edição debruçamo-nos sobre 3 dos mais recentes jogos publicados pela editora Plug In Digital, cujo catálogo tão bem conhecemos. Curiosamente nenhum destes três jogos foi um dos muitos expostos para antevisão durante a Gamescom 2015, o que não deixa de fazer deles uma surpresa. Vamos então à caça dos 3 indies desta semana, provenientes da francesa Plug In mas nem todos a falar francês, e na qual falamos de problemas de escritório e outras maleitas laborais.

The Office

 

Level22 Gary’s Misadventure

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Consigo compreender por inteiro o grande problema de vida do protagonista deste jogo. Se tenho uma gigantesca auto-crítica a mim mesmo do ponto de vista profissional é mesmo o facto de que facilmente me atraso sucessivamente para o emprego. E sei que o meu chefe lê o Rubber, portanto aqui fica uma pseudo-redenção por esta minha falha.

Por alguma razão que ainda não consegui apurar até redigir este artigo, Level22 Gary’s Misadventure é a reedição no Steam do jogo Level 22, previamente retirado da loja pelos developers, que decidiram lançar uma nova versão e não apenas um update.

O conceito de Gary’s Misadventure é simples: imaginem que tantas vezes chegaram atrasados ao escritório que sabem a priori que o próximo atraso é o definitivo e irão ser despedidos. É o que acontece a Gary, naquele que acredito ser o primeiro stealth game laboral de sempre, enquanto atravessamos os 22 pisos do prédio de escritórios de Gary para chegar silenciosamente ao seu posto de trabalho…sem os chefes verem.

Com mecânicas curiosas, este novo Level22 é um divertido jogo que poderia facilmente ser descrito com uma tagline simples: Metal Gear Solid meets The Office.

 

Marcus Level

Marcus Level

Dos muitos jogos que chegam ao Steam, alguns deles pouco mais são do que ports glorificados de jogos mobile. Infelizmente (e felizmente) Marcus Level é um desses, e dificilmente a sua notória qualidade consegue sobrepor-se para além desse estigma.

Marcus Level é um endless runner com alguns toques mais complexos de plataformas clássicos. A possibilidade de fazermos wall-jumping traz uma dimensão diferente aos jogos do subgénero. Visualmente este jogo é bastante interessante e detalhado, com uma grande diversidade de níveis e com um conceito deliciosamente estranho. O nosso protagonista é um jovem geek que se vê preso no videojogo que está a jogar, o que justifica, de alguma forma, o porquê de estar mais pronto para uma sessão de LARP do que para jogar videojogos. A menos que toda a gente à minha volta secretamente se mascare para jogar sozinho em casa e eu não. Juro que não é algo que tenha hábito fazer.

É uma pena que o jogo seja tão interessante, tanto visualmente como a nível de execução mas denote de forma tão óbvia que a chegada ao Steam é apenas uma desculpa para justificar o aumento de 4 euros em relação ao jogo na versão mobile. Um jogo interessante e um eficaz endless runner, mas de longe o menos interessante dos três jogos que trazemos hoje.

 

Karaski: What Goes Up…

Karaski

Se Level22 é o mais assumidamente divertido e tresloucado desta Caçada Semanal, Karaski: What Goes Up… é o mais ambicioso e conceptualmente mais interessante.

Karaski é um estranho mas justificado cruzamento entre um FPS, um jogo de acção furtiva e um whodunnit, onde percorremos os diversos andares do dirigível AA Karaski em busca da identidade do sabotador terrorista que atentou contra a estabilidade daquele que é o orgulho da Commonwealth. Somos atacados e deixados inconscientes durante a sabotagem e a proximidade com o acto marca-nos automaticamente como suspeitos.

Se a componente furtiva deste Karaski é possivelmente a mais frustrante, a sua total liberdade é um dos grandes pontos que agraciam a sua curta história principal e as diversas side quests. É-nos permitido investigar à nossa vontade mas sempre com a certeza de que temos de ser subtis, ou as suspeitas dos restantes personagens podem recair sobre nós.

O ponto realmente interessante neste jogo de exploração e enredo abertos é que as nossas acções podem influenciar o passado, o presente e o futuro, ou seja, algumas decisões que tomamos durante a nossa investigação podem definir que um dado personagem vai odiar-nos quando nos conhecer, porque tivemos algumas interacções no presente (anterior ao jogo) que dificultaram as nossas acções.

Com um alto valor de rejogabilidade pela diversidade narrativa criada, Karaski: What Goes Up… é um curioso whodunnit onde nós próprios podemos ser o culpado…e não sabermos.