A consultora Newzoo publicou o seu relatório anual sobre a venda de jogos – o documento tão caro como um carro no qual a indústria e os analistas se baseiam – e estima que em 2016 esta indústria vá gerar quase 100 biliões de dólares. Por cá não temos consultoras que analisem a situação dos videojogos em Portugal, mas atentando nas palavras dos entendidos, este números querem certamente dizer que os estúdios portugueses vão gerar dinheiro suficiente para baixarem os números do desemprego actual e garantir que respeitamos as metas do défice traçadas com Bruxelas.

Mas não façamos futurologia e fiquemos apenas com as análises daqueles que têm mesmo números e que estudaram na universidade para os analisar.

O relatório pode ser comprado online pelos Rich Kids of Instagram e é TLDR para pessoas que estejam expostas a redes sociais há mais de dois anos. Mas quem lê o Rubber Chicken são meninas e meninos bem capazes de estar a fazer completionist a um jogo, enquanto lêem Steinbeck e multiplicam mentalmente 6789 por 346, daí que deixe aqui a ligação para o resumo do Global Games Market Report.

No entanto, caso tenham vindo aqui sem querer, após procurarem por vídeos engraçados de Minecraft ou por história dos videojogos, facilito-vos uma versão mais light com apenas dois bonecos.

Primeiro boneco: onde se prova que a exposição demorada a ecrãs deixa os olhos em bico

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É na Ásia que estão a maior parte dos jogadores. Japão, diriam vocês, mas estão enganados. Outros países, e principalmente a China, estão a gerar números avassaladores no mercado, onde o gigante comunista é já responsável por mais de metade dos lucros no continente Asiático – com o mercado mobile a gerar mais de 10 biliões de dólares nesta democracia musculada. Podem ser proibidos de ir ao Facebook e ao Instagram, mas a liberdade de jogar jogos de m**** ninguém lhes tira. Ainda de salientar os números na Europa, Médio Oriente e África juntos que apenas representam um quarto do negócio mundial. No entanto, como o gráfico destas regiões não está separado por países, não está representado e claro o facto de Portugal gerar 22% de tudo esse lucro, como os especialistas nacionais poderiam confirmar.

Segundo boneco: onde os especialistas que afirmam que os jogos mobile já passaram todos os outros – assim como atiram outros números para o ar – apanham com uma pá cheia de estrume

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O PC e as consolas juntas ainda são responsáveis por metade dos lucros globais, deixando os smartphones perto dos 25% e abaixo de qualquer um deles separadamente. Juntos os vários dispositivos, o mercado mobile está quase a tornar-se o mais rentável, mas ainda lhe faltam 13% para lá chegar. Isto mostra a falácia que é profetizada sobre os jogos mobile já serem o mercado mais rentável – embora nada prove em contrário que tirar um curso de videojogos não é garantia para uma vida de luxo, excentricidades e muito sexo. Só não façam os projectos finais para consolas portáteis porque esse é o mercado mais fraco.

Analisados os números incríveis que não param de crescer, só nos resta acreditar no enorme futuro que nos espera , recheado de melhorias no Serviço Nacional de Saúde, na Educação, no rendimento das famílias, e aplaudir a descida dos impostos e do preço da gasolina. Viva Portugal!

Numbers, Bitch!

Numbers, Bitch!