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Realizou-se no passado fim de semana o LG Major’s ESPL, no emblemático Casino da Póvoa. O evento reuniu um total de oito equipas, divididas entre o Counter-Strike: Global Offensive e o League of Legends e estampou a diferença no panorama nacional de eSports ao escolher um casino como local de realização. Não é uma opção livre de riscos ou críticas, note-se, mas a verdade é que, ao dar o salto para um ambiente mais formal e, por norma, recheado de público que não aquele que normalmente é afecto aos eSports, está a dar um passo em frente na disseminação dos eSports em Portugal e no salto para um público mais vasto e diversificado, passando uma imagem de profissionalismo. Fazer um evento destes ali é diferente de fazê-lo num pavilhão desportivo, num auditório ou num armazém. Há um outro tipo de conforto, de acessibilidades e de condições que são recebidas de braços abertos, mas há também outro tipo de condicionantes e limitações que deixam alguns amargos de boca, sendo que a que terá causado mais atritos terá sido mesmo o limite mínimo de idade para entrada no evento: 18 anos. Não deixam de ser peculiares, as críticas por parte de alguns membros do público, principalmente se tivermos em conta que, um dos jogos em disputa no torneio tem, precisamente, a classificação de M, para maiores de 17 anos.

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Em todo caso, num meio onde grande parte do público e jogadores é ainda menor de idade, limitar a entrada apenas a adultos é cortar desde logo uma fatia generosa do potencial público para encher o belo Salão D’ouro do Casino da Póvoa. Não é inédito em Portugal e vai sendo mais ou menos comum, pintalgado por raras e honrosas excepções: os eventos offline de eSports não movimentam um público condizente com o número de adeptos e jogadores de eSports. Não foi mau, note-se. Antes pelo contrário. Pelo Salão D’ouro terão passado um pouco menos de 400 pessoas, nos dois dias do evento. Número interessante, principalmente se tomarmos em consideração o facto de ser fora dos centros de Porto/Lisboa, mas longe de deixar a plateia com a moldura humana que o evento e a sala pareciam merecer. Os números, ainda assim, não terão deixado a organização insatisfeita, até porque os dados verificados na stream do evento ultrapassaram largamente os 7000 unique viewers diários, com médias entre as 300 e as 500 pessoas para as partidas de League of Legends e com o dobro disso durante os jogos de Counter-Strike: Global Offensive, com picos na ordem das 1100 pessoas por alturas da final.

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A organização procurou providenciar cuidados pouco comuns, como catering incluído para as equipas, ou salas privadas onde estas pudessem descansar ou treinar, entre os jogos a disputar. Não a isentou, no entanto, de algumas críticas, com queixas face às exigências de segurança e postura que o ambiente de um Casino exige. Com o decorrer dos jogos, novas críticas se elevaram, face a algum equipamento fornecido pelos patrocinadores. Nada que, no entanto, não tenha sido ultrapassado, com os jogos a decorrer com normalidade, salvo um atraso de cerca de uma hora e meia no primeiro dia coroado com algo que não se vê muitas vezes: toda o Twitch a ficar indisponível, o que terá prejudicado a experiência daqueles que, em casa, procuravam assistir ao evento. Para o público que marcou presença, no entanto, esses percalços não se fizeram sentir. Os visitantes foram inclusivamente brindados com pequenos panfletos e flyers informativos que surpreenderam pela positiva, com flyers sobre “Ser jogador de E-Sports” a debruçarem-se sobre as vertentes a ter em conta para quem deseja investir numa carreira na área, como cuidados a ter e conselhos gerais. Houve também um mini-programa do evento e uma icónica ficha de Poker com o logótipo do organizador num folheto alusivo à origem dos eSports. Pormenores. Mas pormenores interessantes e que de certa forma ajudam à consolidação dos eSports como um caso sério de sucesso e um mercado a explorar.

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Quanto aos jogos propriamente ditos, em Counter-Strike: Global Offensive, o primeiro lugar coube aos K1ck, a vencerem a final Bo3 perante uns Exotic que, na segunda ronda, tinham relegado os K1ck para a Losers Bracket, cabendo o terceiro lugar aos For The Win, relegando o último lugar para os Why. Em League of Legends, nova vitória para os K1ck, desta feita frente a uns Alientech que, curiosamente, também os haviam relegado para a Losers Bracket na segunda ronda. Os For The Win arrecadam novamente um terceiro lugar e, desta feita, os Exotic encerram a classificativa.

O final do evento ficou marcado pela distribuição de prémios, cabendo, para cada jogo, 1500€ ao primeiro classificado, 750€ ao segundo, 500€ ao terceiro e 250€ ao 4º e último classificado, totalizando 6000€, a que se juntaram os cerca de 15.000€ entregues devido à liga organizada pela mesma ESPL. Prémios consideráveis, face ao panorama actual português embora, ainda assim, longe daquela que é a média internacional para o ano, com os mais de 2200 eventos realizados até agora em 2016 a terem uma média de perto de 26.000€ em prémios.

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