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Imaginem um serão a dois. O ambiente caloroso, íntimo, a divisão a meia-luz, uma garrafa de vinho tinto recém-aberta e dois copos de pé-alto a balouçarem-se de bordeux. Sade Adu a cantar de fundo, a preencher a divisão com a sua voz maviosa aquecida a saxofone. Duas pessoas, próximas. Cada uma estende uma mão e seguram cada um comando de Ps4.

É hora de um bullet hell a dois. E não, bullet hell não é uma metáfora para algo sexual.

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Entre misturas de géneros que nos chegam ao ocidente pelos ventos trazidos do Japão, como visual novels misturados com fighting games, ou visual novels com turn based RPG, ou visual novels misturados com praticamente tudo, há uma série de intersecções que vão surgindo como parte do mercado de game dev japonês (e não só). Touhou Genso Rondo: Bullet Bullet é apenas mais um exemplo desse tipo de experimentações entre géneros com uma estética que parece querer circunscrever o seu mercado apenas a otakus. Mas já lá iremos.

Se muitos de nós crescemos enquanto jogadores a ter schmups como verdadeiras febres, e vimos essa preponderância no mercado a desaparecer no Ocidente com a queda dos salões de arcadas, tal não é a surpresa de muitos ao perceberem que o género continua tão forte e recomendável no Japão. É claro que o Ocidente também tem sido brindado com uma onda revivalista de schmups quase todos oriundos de muitos indie game devs que estão a desenvolver jogos de um género que marcou a sua infância e juventude.

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É claro que aqui no Gomu Gomu no Chicken não nos podíamos ficar apenas por um Bullet Hell comum, daqueles em vista aérea em que a nossa nave defronta uma série de outras naves enquanto o ecrã fica pejado de balas de forma quase impossível de evitar colidir.

Touhou Genso Rondo: Bullet Bullet decide ir um pouco mais em frente em 2 campos, criando um jogo teoricamente interessante, mas que na prática não é assim tanto. mas decide ir tão mais à frente que se perde pelo caminho, lá longe, onde o olhar não avista nem a compreensão funciona. Para percebermos como Touhou Genso Rondo: Bullet Bullet temos de imaginar um jogo típico do género e substituir as naves por meninas saídas de um qualquer anime da moda, parecendo-me tão genéricas como todas as personagens de 2D fighting games dos quais falei há uns meses. Aliás, um pouco de leitura dos textos de PR e percebemos que este Bullet Bullet é na realidade um fan game da famosa série Touhou do qual eu nunca tinha ouvido falar, e que recebeu luz verde para um lançamento oficial na PS4 da parte do próprio criador da franquia.

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Substituir as naves por personagens femininas foi apenas o primeiro passo. é que Bullet Bullet não é apenas um bullet hell de 1 contra 1, mas também uma mistura de fighting game. Para além do arsenal de balas e bombas e ataques especiais à nossa disposição, se estivermos perto o suficiente da nave menina adversária podemos disferir um ataque melee. O objectivo é simples: terminar com a barra de energia da nossa oponente antes que ela termine connosco.

E é na explicação do jogo que o próprio jogo se esgota. O interesse e a curiosidade morrem após os primeiros minutos, em que percebemos que a monotonia de misturar um schmup com um fighting game nos transforma progressivamente um sorriso num esgar de enfado.

Ainda que exista uma dose de táctica no meio do caos visual de efeitos e de balas, Touhou Genso Rondo: Bullet Bullet rapidamente cai refém da experimentação que decidiu encetar.

Fica a tentativa pelo menos. Valha-nos isso.