Como psicóloga e também como gamer gosto de ver um videojogo como um potencial amigo que nos dá aprendizagens, porém a parte prática é também importante e como não há jogos perfeitos e para todos os gostos, aqui seguem as minhas críticas a Phantom Brave!

Phantom Brave traz um estilo de jogo que eu já estava habituada através das várias sequelas de Disgaea e como tal o seu interesse para mim era inevitável por variados motivos.

Phantom Brave é um jogo de Tactical Role-play desenvolvido pela Nippon Ichi Software. Mas não se enganem, apesar da versão para Computador ter saído no dia 25 de Julho de 2016, este é um jogo que já existe desde 2005, tendo a primeira versão saído para Playstation 2, seguindo-se em 2009 a Wii e em 2011 a Playstation Portable.

Este não é um jogo para qualquer um, mas é um jogo que muita gente ainda aprecia, e que devido à nostalgia que o mesmo transmite pelos vários títulos antecedentes, traz um gosto especial. Esta versão para computador apresenta tudo o que o jogador já tinha em antigos títulos, trazendo um gosto renovado aos apreciadores de computador pela possibilidade de o jogar no mesmo. Para os jogadores que simplesmente queriam um novo jogo de Phantom Brave para explorar, pouco irão encontrar de inovador neste novo título.

Apesar das grandes semelhanças com outros jogos Tactic RPG, muitos poderão ficar desanimados já que em comparação, o visual não é tão apelativo como em outros jogos (embora tudo se trate de gosto pessoal não é verdade?). Além disso, ao que se sabe, Nippon Ichi não é conhecido pelo grande visual dos seus jogos, apesar de estes serem bastante esperados.

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Este é um jogo com uma história interessante baseada numa menina de 13 anos que perdeu os seus pais e vê fantasmas, algo que nem sempre é positivo, já que as pessoas a consideram “possuída”. É uma história mais séria do que o habitual neste tipo de jogos, onde o humor muitas vezes é imperativo, porém chama à atenção a vários aspetos importantes e mais sérios, mostrando a importância de desenvolvimento de várias competências: a capacidade de perseverança, o sermos nós próprios mesmo quando as pessoas à volta nos julgam, a capacidade de resiliência e nunca desistir dos nossos objetivos mesmo quando tudo indica que as coisas não vão correr bem e que não há esperança. Enfim, é na verdade uma história interessante e convidativa para os que apreciam o género.

Já ao nível de combate, o método é bastante semelhante ao de Disgaea, existindo um sequência por turnos entre duas equipas, sendo uma delas de NPCs e outra completamente controlada pelo jogador. Phantom Brave, apesar de semelhante a outros jogos do género,  integra alterações que tornam o método e estratégia de combate diferentes e interessantes, dando uma vivência de jogo distinta e talvez para alguns mais apetecível. Nestas diferenças integra-se o facto de as personagens serem colocados no tabuleiro de jogo sendo convocadas pela Marona (Personagem Principal) em objetos que estejam no mapa que lhes garantem características específicas. Esta é então uma importante estratégia de jogo a ter em conta. Outro facto – por alguns criticados – é o das personagens colocadas em tabuleiro de jogo desaparecerem após uma determinada quantidade de turnos, aumentando a necessidade estratégica de jogo. Existe ainda a possibilidade de apanhar itens nos mapas de combate como espadas, arbustos ou corpos dos personagens mortos para usar como arma, as quais o jogador podem evoluir. Vale a pena referir que caso o personagem com que se está a jogar seja roubado ou mandar o objeto para algum lado, este perde o objeto/arma para posteriores utilizações, a não ser que o recupere ainda no período de batalha. Existem ainda itens no tabuleiro de jogo – à semelhança do que acontece por exemplo no Disgaea – que podem dar vantagem ou desvantagem às personagens, sendo importante ter isso em conta quando se define a estratégia de jogo.

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À parte destas diferenças que considerei extremamente cativantes e desafiantes, no meu gosto pessoal continuo a ver como preferível um tabuleiro de jogo semelhante aos restantes jogos de Nippon Ichi, no qual se encontram espaços claramente definidos para o movimento dos personagens. Porém tenho a plena noção de que esta é uma mera preferência de uma Disgaea “Fan Girl”.  Muitas vezes era difícil coordenar o movimento e ação do personagem no tabuleiro de jogo, tendo de realizar várias vezes zoom in e zoom out de forma a conseguir definir para onde queria que o personagem fosse e o que fazer. Esta foi então uma característica que não apreciei tanto no modo de combate. Ao mesmo tempo, numa outra perspectiva, esta é uma estratégia de jogo que motiva uma maior flexibilidade de estratégia de jogo.

Este é um jogo que adiciona ainda uma técnica de batalha onde um personagem pode empurrar outro para fora do mapa quando estão perto do limite do mesmo. Esta é, no entanto, uma técnica amarga já que mandando um amigo para fora do mapa, os restantes inimigos sobem um nível de bónus. Por isso o meu conselho é, não se deixem levar logo na raiva pelo inimigo atirando-o borda fora… reflitam primeiro se isso realmente vos traz benefícios! Conselho da Psicóloga!

Por outro lado, à semelhança de Disgaea este é um jogo onde existe extrema necessidade de desenvolver os personagens para estarem aptos às batalhas, repetindo mapas, evoluindo os personagens, algo que para os grandes apreciadores deste tipo de jogos acaba por ser sempre uma motivação. Já para os jogadores que gostam de saber mais rapidamente o que acontecerá na história do jogo, esta pode ser uma característica negativa e que traz algum aborrecimento, já que traz a necessidade do jogador perder muito tempo no “mesmo sítio”.

No geral, apesar do pouco investimento gráfico e visual das paisagens e mapas de jogo, estas apresentavam-se de modo razoavelmente intuitivo, sendo fácil o jogador compreender o objetivo do jogo e próximos passos a realizar. Este não é no entanto um jogo para apelar ao jogador casual e impaciente, mas sim ao jogador dito “hardcore” que gosta de levar o seu tempo para atingir resultados positivos. Apesar disso é um jogo que envolve uma grande capacidade estratégica, algo sempre positivo ao nível do desenvolvimento cognitivo do jogador!

Apesar de não ser o melhor título de Nippon Ichi, este é um jogo bastante completo e unicamente distinto por vários pormenores aqui descritos. Com a possibilidade de chegada a mais de 100 horas de gameplay, uma história enriquecedora, imensas opções estratégicas e de jogabilidade, tal torna este jogo um jogo que vale realmente a pena investir para os apreciadores do género.