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Espectacular muñeco de um gato com “aquela classe”. O autor tem inúmeros gatos além deste, em poses igualmente classy. Confiram aqui.

Sinto necessidade de começar este artigo (e representá-lo no rosto deste magnífico website) com uma imagem de um gato parecido ao Porfirio, mas que não o é. Isto porque tive de passar inúmeras semanas sem conseguir jogar The Cat! Porfirio’s Adventure, seja por não ter acesso ao um computador Windows com tanta frequência quanto queria ou por o jogo ter inúmeros problemas a correr em vários computadores, como podemos ver pela seguinte análise a este jogo no Steam, feita por alguém que poderá muito bem ser o próximo Nobel literário:

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Como se não bastasse os problemas que tive para instalar este jogo (que não foram resolvidos no meu desktop – tive de desenterrar um computador antigo de um familiar para o jogar) o universo parecia estar a materializar que, pelo amor que tenho a gatos, não o deveria jogar. Houve inclusivamente um utilizador do steam a perguntar, no fórum da comunidade, se era seguro instalar The Cat! Porfirio’s Adventure, um jogo que está avaliado em 6,99€. Até o título me gera dúvidas sobre como o proferir: a julgar pelo seu magnífico logotipoPorfirio’s Adventure é apenas o subtítulo de The Cat!. Passemos então a analisar The Cat!, mas nunca antes fazermos uma pesquisa de classificações de filmes com pontos de exclamação no título. Ah, inspiração… É tão bom senti-la, mesmo consciente de que não existe.

The Cat! Porfirio’s Adventure é o que no final dos anos 90/inicio dos anos dois mil se havia categorizado como um jogo de aventuras: tipicamente um platformer onde resolvemos a vida daqueles que nos rodeiam para ajudar a alcançar os nossos objectivos, sendo que o pináculo do género, para mim, foi provavelmente Jak and Daxter na PlayStation 2. Deixando as conversas de categorização de parte, o que tem este jogo para nos oferecer?

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Porfirio, you cute motherf*cker

Porfirio é o típico gato de casa, agora levado para passar o verão com os donos numa quinta, onde conhece Basil, Prince e Lusha que o rejeitam inicialmente devido ao snobismo espectável de um gato citadino. Após testarem as nossas capacidades são eles que tratarão de nos arranjar o que fazer. As missões disponíveis não variam muito além dos dois tipos disponíveis: corridas – que são ou time trials ou não representam o menor tipo de desafio por falta de condição de derrota; plataformas – sob a forma de “vai buscar peixe e volta a este local”, evitando os cães, claro. A julgar pelo que joguei, o jogo do gato Porfirio não deverá contar com mais de duas dezenas de missões, sendo que cerca de duas a três horas deverá ser o necessário para terminar esta relíquia de arte moderna.

O aspecto é bastante discutível, uma vez que o cel-shading utilizado confere um look cartoon e divertido mas a utilização de Comic Sans e o aspecto pouco cuidado da interface do utilizador retira algum do charme que este jogo poderia ter cimentado. A banda sonora é adequada, mas não é minimamente memorável.

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Os controlos e as físicas deste jogo são, a tentar ser o mais simpático possível, completamente disfuncionais. Houve claramente uma preocupação de fazer coisas ambiciosas como aproximar as quatro patas de Porfirio quando o espaço em que estamos é reduzido, mas há claramente problemas graves. E se fosse só nas mecânicas: há níveis com efeitos visuais completamente diferentes da maioria do jogo, os controlos por vezes decidem funcionar de forma completamente arbitrária, entre tantas outras coisas. Simplesmente não tenho palavras.

Mas nem tudo é mau. The Cat! Porfirio’s Adventure também se inspira em jogos extremamente influentes para a indústria! Uma das secções de um dos últimos níveis que joguei consistia em andar com cuidado sobre um cano bastante irregular (reforço a disfuncionalidade dos controlos do jogo), certamente algo conhecido por todos no primeiro jogo da série Dark Souls. Obviamente que, tal como em Dark Souls a dificuldade e a frustração estavam lá, por motivos que certamente não serão diferentes (espero que esteja a ser suficientemente ridículo para ninguém me levar a sério).

Dark Souls

A melhor parte de Anor Londo, em Dark Souls.

 

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Secção semelhante em The Cat! Porfirio’s Adventure

Enfim, nem tenho palavras. Gostaria de dizer que este é o jogo que os amantes de gatos vão jogar por perdoarem determinadas coisas de um videojogo sobre gatos, ou que é um jogo para crianças mais novas, mas na verdade será demasiado difícil levar The Cat! Porfirio’s Adventure a sério em qualquer momento, principalmente devido aos fracos controlos e à falta de cuidado geral. Talvez a razão desta magnífica obra existir esteja fora do nosso alcance, ou poderá até estar além da minha compreensão. Para mim foi doloroso antes, durante e depois da instalação deste jogo, mas ao menos ficará uma gargalhada registada neste website de videojogos.