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Shin Megami Tensei: Persona 4 – Desenvolvido e publicado pela ATLUS
Aprox. 3,25 minutos de leitura (250 wpm c/taxa de compreensão de 60%). Tempo recomendado a despender: 5 minutos (tempo do autor durante a revisão).
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Tendo o Leonel escrito há uns quantos meses sobre o seu jogo preferido da série Persona (o terceiro) resta-me a mim fazer exactamente o mesmo. Dado o seu artigo e o título do meu, deverão agora entender que os nossos gostos diferem, mas em ponto nenhum andámos à batatada. É difícil tal acontecer quando se lida com seres humanos bem formados e que respeitam a opinião dos outros.
Shin Megami Tensei: Persona 4 difere do seu antecessor em apresentação, história e personagens, mantendo o combate e as dungeons, apesar destas últimas se estruturarem de forma diferente. Não é uma sequela, apesar de decorrer no mesmo universo, num tempo e localização diferentes. Persona 4 desenrola-se em Inaba, inspirada em Yamanachi, próximo de Tokyo, no Japão. O protagonista (a quem o jogador deverá dar um nome e aqui apelidarei de MC por motivos óbvios, espero eu) chega a Inaba de comboio, para em Inaba viver durante um ano. Pela mesma altura é desencadeada uma série de raptos associados a um programa de televisão que apenas surge nas televisões por volta da meia noite em noites em que chove. Cabe a nós e à trupe de novos colegas que vamos conhecer na Yasogami High School entrar no midnight channel e resolver este mistério que, obviamente, também anda a ser investigado pela polícia, onde o nosso tio (que, juntamente com a sua filha Nanako, nos dá alojamento durante este ano) tem um papel importante de detective. Está explicado! Numa casca de noz, mas está explicado.
É bastante difícil explicar o porquê do impacto desta série junto dos jogadores, principalmente devido a serem jogos densos (mais de cem horas de campanha), mas está tão longe de ser um acidente. As personagens são maioritariamente interessantes e susceptíveis de paralelismos com o jogador e é bastante difícil esses paralelismos não acontecerem uma vez que são exploradas cerca de vinte personagens completamente diferentes em cerca de dez pequenos episódios específicos de cada uma. Essas personagens encontram-se associadas a várias arcana (que estão logicamente associadas a vários tipos de personalidades: esta associação não é explícita mas bastante óbvia) e o quão mais desenvolvidas estão, maior o bónus teremos na altura de fundir personas dessas arcanas. Ah, sim:
Existem cerca de 179 personas (que poderão ser interpretadas como manifestações de personalidades) que o nosso MC poderá invocar assim que adquiridos após a batalha, misturados ou até comprados, sem exceder o número máximo que poderemos portar (em média diria cerca de 13). Estes funcionam de igual forma: cada um tem um conjunto de atributos que funcionam, enquanto este persona está invocado, como atributos da nossa personagem, um máximo de oito ataques, nome, fraquezas, resistências e nível. As possibilidades são enormes, o flavor é enorme, uma vez que apenas a nossa personagem (que é uma tela branca, apelidada por nós no início do jogo) tem a capacidade de invocar mais que um persona.
E faz todo o sentido! Se vos disser que este foi o primeiro verdadeiro role-playing game que joguei que me disse mais sobre mim do que das pessoas que o fizeram, vários de vós duvidariam. O que para mim esta série tem de espectacular é ter conseguido transladar a decisão de quem nós somos para a obra, algo que muito raramente vemos tão desenvolvido nos videojogos. É muito comum em role-playing games deixarem construir a nossa personagem no início do jogo (fora da obra), através de um conjunto infindável de menus, mas tal actividade sempre pareceu equivalente a tentar responder à pergunta “Quem és tu?” (e uma abordagem bastante arcaica, ainda que preferível para determinados tipos de jogos, claro!). Em Persona 4 vim mais tarde a perceber que deixei que o jogo me explicasse quem eu sou através das pessoas com quem escolhia passar mais tempo (social links), através das linhas de diálogo que escolhia, através do que me identificava mais e identificava menos naquilo que as pessoas com quem passava mais tempo diziam. Também pelas decisões que tomo em batalha (se sou mais ou menos impulsivo, mais ou menos táctico), apesar de estas poderem ser encontradas em tantos outros jogos.
E a história e character development são tão, tão espectaculares. Tenho tantas coisas mais para escrever e tão pouca vontade de vos estragar a experiência. Se o farão em emulador, gravado num DVD-R virgem ou até mesmo comprar o original ou a sua versão melhorada: Persona 4 Golden, para a PSVita, não me importa, mas deveriam fazer! É um excelente (excelente) jogo, provavelmente o melhor RPG que alguma vez joguei e certamente o meu RPG preferido até à data. Não esperem passá-lo numa semana: além de requerer algum investimento (e compromisso) é bastante longo, mas posso-vos garantir que valerá muito a pena, principalmente no momento em que olham para trás. Porém, certifiquem-se que conseguem o true ending! Mais não digo.
