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Seguir o trilho de jogos altamente mediáticos como Star Citizen ou No Man’s Sky não é de todo uma tarefa fácil. Em especial para um jogo como Everspace, com valores de produção bem mais modestos e com muito menos recursos ou razões para captar a atenção dos media como os outros dois jogos fizeram.

No caso do multimilionário projecto de Kickstarter de Chris Roberts, Star Citizen, a coisa é ainda mais notória, já que os developers do estúdio Rockfish Games assumem o mítico jogo Freelancer como uma das bases de inspiração – talvez a maior – para Everspace.

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Ver este pequeno grande indie alemão recentemente lançado em Early Access no Steam chegar a um mercado onde alguns tubarões brancos, ou no caso, algumas naves-mãe de tamanho de planetas existem, transformam-no numa espécie de pequeno caça microscópico a defrontar uma fragata interestela. Carne para canhão de protões diriam, mas Everspace demonstra que tamanho não é de todo encomenda, numa história de David e Golias galáctico em que o colosso No Man’s Sky caiu perante a sua própria soberba.

Everspace é visualmente brilhante, e muito desse esplendor se deve decerto à experiência do pequeno estúdio alemão de produzir jogos para mobile. A capacidade de condensar e captar a nossa atenção com os limitados recursos que um dispositivo mobile tem permitiram-lhes dar um passo de gigante na concepção de mundos, agora que o vazio espacial a desbravar corre em PCs contemporâneos. É claro que o facto de que cada “nódulo” espacial é compartimentado e tem um tamanho pré-definido ajuda a controlar o processamento e o brilhantismo estético de cada um dos sectores, o que apenas vem demonstrar a grande inteligência dos developers em maximizarem para além do infinito (e mais além?) as feramentas e as capacidades que possuem.

Pelo menos nesta fase Alpha Everspace quase não possui qualquer tipo de enredo. A sua componente altamente grinder obriga-nos a explorar nódulos espaciais à procura de recursos, minando sempre que possível, e tentando escapar aos ataques dos piratas siderais que volta e meia nos surpreendem, e antas outras nos destroem.

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É aqui que reside grande parta da repetição de Everspace: nas acções aparentemente limitadas de recolher recursos, saltar para o próximo nódulo espacial ao estilo FTL, recolher recursos, lutar contra piratas e eventualmente morrer, na esperança que o que foi amealhado nos permita comprar entre-vidas alguns upgrades definitivos à nossa nave.

Percebe-se que o jogo possui ainda muito pouco conteúdo com a leve monotonia que este grind-morte-respawn-grind é repetido ad aeternum. Salva-lhes o entusiasmo do dog fighting que está verdadeiramente soberbo nesta altura do campeonato (entenda-se, versão Alpha muito fresquinha), e que decerto permitirá a Everspace rivalizar com jogos que estão nas bocas do mundo.

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É claro que estar a viajar longe da nuvem de poeira cósmica do hype por onde No Man’s Sky viajou e colidiu com destroços espaciais, e bem longe da verdadeira nebulosa onde orbita a ansiedade por conhecer Star Citizen, Everspace atravessa o espaço ao seu próprio ritmo debaixo dos radares, na esperança de se desenvolver o suficiente para permitir uma conquista-relâmpago quando os media e o mercado perceberem que ele existe.