Esta semana tomei conta do Rapaz-Ventoinha e preciso preparar o ambiente antes de começarem a ler.

Pensem nos finais dos anos 1980 inicio dos 1990, motas e casacos de cabedal, F-14s e simulações de voo, óculos de sol à aviador, e aviadores também, gajas com saias lápis que mordem lápis e sabem coisas, alcunhas, competição, toda a gente a baixar-se para o Tom Cruise parecer mais alto, e Kenny Loggins:

Ah… Top Gun, um dos filmes da minha infância. Apesar de ser originalmente de 1986, ainda hoje é dos meus filmes favoritos (e mesmo tendo a pior cena de beijos da história do cinema incluindo todos os filmes que não têm cenas de beijos ou nem sequer foram feitos ainda) e durante anos via-o com o meu irmão quase diariamente.

Não admira que ainda hoje goste de motas, casacos de cabedal, óculos à aviador e gajas com saias lápis que sabem coisas. Os aviões é que… falando nisso, começo a entrar em stress sempre que tenho voar em trabalho… mas isso são outras conversas e o que estamos aqui para falar é de jogos da Nintendo. Portanto se acham que vou falar do Top Gun da NES… estão enganados porque o jogo de hoje não tem quase nada a ver com isso.

Então porquê tanta coisa acerca do Top Gun, incluindo o titulo? Por isto:

O Rapaz-Ventoinha de hoje é dedicado ao fantástico Super Spike V’Ball da Technōs Japan, que o adaptou de um jogo de arcadas e colocou na NES em 1988. Como o nome indica, Super Spike V’Ball é um jogo de volley. Mais especificamente, tal e qual como nesse mítico e histórico Maverick and Goose vs Iceman and Slider, volley de praia. Dois contra dois na areia. Onde nós, os jogadores, escolhíamos um par de atletas para conquistar o Campeonato dos Estados Unidos, e o Campeonato do Mundo de volley de praia.

A Technōs Japan criou algumas das minhas recordações favoritas da NES e GBA que estão reservadas para um artigo no futuro próximo, mas uma das mais importantes foi Double Dragon.

Importante falar nisso hoje, porque entre as duplas disponiveis, cada uma com as suas forças e fraquezas, estavam Billy e Jimmy Lee, os mesmos da série de jogos de luta, que eram fracos no remate mas muito fortes defensivamente. Podíamos também escolher George e Murphy que eram a dupla mais genérica e equilibrada, Al e John dois poderosos e lentos brutamontes ou Ed e Michael, que não eram excessivamente fortes mas muito rápidos. Cada jogador escolhia a que melhor se adaptava ao seu estilo de jogo.

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Preciso fazer uma pequena correcção aqui, não era o jogador, mas os jogadores que escolhiam a dupla. Embora pudesse ser jogado perfeitamente a solo, Super Spike V’Ball era muito melhor jogado a dois, ou como lá em casa a 4.

Eu e os meus irmãos (que são um bocado mais velhos que eu) tivemos o privilégio dos nossos pais nos terem oferecido a NES Super Set, com o adaptador para quatro comandos, que no Natal em que saiu era estupidamente cara. Se o pessoal se queixa agora do preço das consolas e jogos, comparem com o preço da NES quando saiu e os ordenados da altura. Foi algo que por mais que tenha feito, não acho que os agradecimentos aos nossos cheguem por tudo o que fizeram por nós.

Adiante… A NES vinha com o Triple card Super Mario Bros./Tetris/Nintendo World Cup que deram para a sua vida toda (ainda está lá em casa), mas como ávidos jogadores, o segundo jogo que comprámos para ela foi precisamente o V’Ball. O primeiro foi o não menos fantástico R.C. Pro-Am. E o terceiro foi o Metroid. É estranho as coisas que a nossa memória guarda, não é? Ou se calhar estou enganado. Talvez o meu irmão Miguel leia isto e me corrija.

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Bom… Olhando para trás não posso dizer que Super Spike V’Ball fosse um jogo brilhante, que mudou a maneira de como os jogos eram feitos como fez Super Mario Bros. Este era um bom jogo, acima do banal sem dúvida e acima de tudo divertido. Foram feitos vários torneios amigáveis, e alguns pouco amigáveis lá em casa. Existiam outros jogos para 2 jogadores, e o próprio World Cup permitia-nos jogar 2 contra 2, mas nenhum era como este. Não existia nenhum jogo em que cada um controlava apenas o seu personagem e mais nenhum nem tivesse nenhuma influência de outros NPC. Este era literalmente dois contra dois, tanto no ecrã como fora dele. Era esta a magia de Super Spike V’Ball, era por isto que ainda hoje tem um lugar especial na minha memória, dos longos jogos de desempate que pareciam intermináveis, aos cânticos “We are U.S.S.R.!” que fazíamos. A equipa da União Soviética era a equipa mais forte do jogo, o boss que defrontávamos após a U.S. Navy e estava disponível para quem controlava os comandos 3 e 4. Eram derrotáveis por jogadores experientes com qualquer uma das quatro iniciais, mas não era fácil.

A Technōs Japan continuou a fazer jogos, incluindo um dos meus favoritos de 2016, mas nunca mais fez um Super Spike V’Ball. Ele não era, de longe, o melhor jogo da NES, nem sequer era o seu melhor jogo de desporto, mas foi um que me deu muitas horas de divertimento e acima de tudo, montes e montes de boas recordações. Um jogo não precisa ser histórico ou marcante para ser memorável, não precisa de ter uma legião de fãs e sequelas até nunca mais, até porque duvido que um remake deste fosse ter o mesmo encanto, precisa apenas ser bom e ganhar um lugar especial no coração por alguma razão.