Como especialista de WWE do Rubber Chicken cabe-me analisar a edição 2017 deste simulador de luta-livre profissional e o quarto titulo da serie, após a falência da THQ ter entregue a franquia à 2KSports é simplesmente o que se podia esperar dele: mais do mesmo.

Infelizmente este tipo de jogos anuais sofrem do mesmo problema constante, que é a falta de novidade.

Todos os anos as empresas que os fazem lançam practicamente o mesmo jogo com uma ou outra melhoria, uma ou outra alteração e nós teremos que pagar o preço de um jogo novo, além das outras coisas como subscrições para jogar online, DLCs, etc. Basicamente assim como nos FIFA, Madden, F1 e até certo ponto os Call of Duty, Battlefields e afins, alegremente pagamos o valor de um conjunto de pneus novos por um conjunto de usados e recauchutados.

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Este sou eu na WWE

Talvez esteja a ser injusto, mas é a sensação que me dá.

Eu até podia simplesmente ir buscar a minha analise ao jogo do ano passado, copiava grande parte dos parágrafos, mudava uns nomes e mais umas palavras e fazia também uma analise “nova”, mas não posso fazer isso. Sofro de profissionalismo crónico e ficava mal disposto se o fizesse. E também porque ao contrário do que aconteceu no ano passado: Eu não gosto de WWE 2K17.
Quer dizer… não é não gostar, é que lhe falta alguma coisa que não me prende da mesma maneira que o seu antecessor. E isso é uma parvoíce porque é quase o mesmo jogo, tem a mesma essencia, os mesmos gráficos, a mesma jogabilidade (pelo melhor e pior) mas este simplesmente não me agarrou.

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The Sonic Screwdriver – o meu finisher

Eu até gosto de jogos de Wrestling, tive e tenho vários em várias plataformas e é uma espécie de guilty pleasure meu. Gostava de ver quando era miúdo, gostei durante anos e depois perdi o gosto pelo espectáculo, mas mesmo depois disso os jogos continuaram a agradar-me, mas a versão deste ano está a falhar-me. Se calhar porque eu não comprava todos os anos, comprava ocasionalmente quando apanhava uma boa oportunidade e não se tornava uma repetição, talvez porque na altura era algo me agradava mais e agora já estou mais crescido e não me consigo ligar tanto àquilo. Eu continuo a admirar a capacidade atlética dos lutadores, apesar de ter um guião e ser ensaiado não é qualquer um que faz aquelas acrobacias, não é qualquer um que aguenta o massacre daqueles impactos no corpo diariamente sem represálias sérias. E também não é qualquer um que aguenta ser um personagem praticamente 24/7. Porque é isso que acontece ali, eles são actores que representam personagens e histórias, mas não é só nos episódios semanais, fora do ringue eles não saem do registo.

Agora o jogo propriamente dito.

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Dá para lavar roupa nos meus abdominais.

Não há muito diferente como já tinha dito, continua a ser um WWE 2K clássico mas com menos. Este ano decidiram retirar o modo Showcase que no ano anterior foi dedicado a Stone Cold Steve Austin. Terem retirado essa parte permitiu que os programadores conseguissem focar-se num jogo mais limpo e fluido. Todos os outros modos continuam lá, assim como os tipos de luta. Graficamente está talvez um a dois por cento superior ao anterior.

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Calculei mal a distância! Oh ****-**!

Existem alguns pontos muito negativos para mim neste jogo. O primeiro é que o modo de submissão criado para a edição 16 mantém-se. E mantém-se uma porcaria. Para quem não jogou, para submeter o nosso adversário à desistência temos que fazer um minijogo de apanhada com o analógico direito. E em teoria é bom, mas como muitas coisas, na prática não se aplica tão bem. Contudo tentaram dar uma opção alternativa de button bash, mas com um pequeno twist. Durante a submissão o botão muda. Problema que ocorre nas duas versões, seja em defesa ou ataque a máquina é sempre mais rápida mesmo na dificuldade mais baixa.

E os comentários são sempre os mesmos, altamente repetitivos e cansativos, tive que os tirar a certa altura.

Outro aspecto que não me agradou foi a falta de espectáculo, para darem algum espectáculo adicional.

Contraditório? Sim, mas deixem-me explicar:

Wrestling vive do espectáculo. Não é só as mesas e cadeiras nas cabeças uns dos outros, nem os corpos a voar e cair, é toda a novela em volta, as rivalidades, o manobrar o público que faz disto um dos espectáculos mais vistos no mundo. Que o diga Dwayne “The Rock” Johnson e os seus milhões e milhões de fãs.

The Rock era um mestre da arena e do microfone. Ainda hoje o é quando faz as suas aparições esporádicas no ringue, e WWE 2K17 quer que o sejamos também, especialmente no modo carreira. Podemos interromper combates dos nossos rivais, podemos lutar nos bastidores, ou podemos parar os festejos da nossa vitória para continuar a bater no nosso adversário.

Podemos também mostrar quem somos escolhendo frases numa espécie mini jogo que vai influenciar a perspectiva que o público tem de nós seja em ringue seja nas entrevistas. Mas, e ao contrário da versão anterior, sem vozes. Todas as conversas pré-programadas, todas as frases e discussões seja do lutador criado por nós seja dos reais, são escritas. E isso faz perder todo o entusiasmo de algo que é crucial dentro do jogo.

Eu entendo a complexidade que deve ser criar um jogo como este, só no que diz respeito a movimentos e física, mas essa parte está boa, está feita. Acrescentar alguns lutadores é apenas uma parte, a base está lá. Usem-na e façam algo bom em volta!

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Olhem para isto! Sou um deus grego!

Faço o mesmo comentário que faço acerca de qualquer jogo destes anuais. Se têm a versão de 15 ou especialmente a 16, não é obrigatório a não ser que sejam fãs absolutos. Se não têm nenhum e gostam deste estilo, então comprem a mais recente. E não comprem as próximas duas a não ser que algo muito diferente apareça. Enquanto o anterior me roubou tempo de jogos que seriam muito mais o meu estilo quase ao ponto de um vicio, WWE 2K17 é como um cigarro com sabor. Só lhe tocaria se o vicio fosse mesmo forte.