Não sei porque é que este Tudo ao Molho ficou perdido na nossa secção de Rascunhos. Não sei se este unreleased texto colectivo é o canto do cisne de uma rubrica que parece ter morrido aqui no Rubber Chicken, ou se poderá ser o sinal de um retorno. A realidade é que este Tudo ao Molho foi escrito dia 30 de Outubro de 2015, aquando do 4º Aniversário do Rubber. Mais um aniversário, um Natal e um ano que passaram, e outro que se avizinha. Membros da equipa que já saíram, e outros que entraram, e este texto continuou no limbo da não-publicação. Esforço-me para perceber o porquê e não consigo entender. No entanto aqui fica aquele que ou é o último Tudo ao Molho ou o primeiro que marca um regresso. Directamente do Túnel da Memória, aqui fica a resposta da equipa em 2015, à pergunta:

Que jogos é que pedimos de prenda e não recebemos?

Alexa Ramires

Nunca pedi um jogo de aniversario ou natal que não tenha recebido – pela simples razão que sempre fui eu que trabalhei e comprei os meus jogos. que resposta tão sequinha…mas é 5ª Feira, ando a arrastar-me de cansaço.

João Machado

Acho que vou ter que concordar com a Alexa, desde que trabalho que compro os meus jogos, mesmo quando não trabalhava lá juntava o meu dinheiro e comprava os jogos que queria. Também, já há muitos anos que não festejo o meu aniversário, é algo que não ligo. Todos os anos discuto com a minha mãe com o “Que queres? Não quero nada!” é tradição.
Além disso o meu irmão mais velho Miguel também comprava montes de jogos para nós e tenho muito a agradecer-lhe por isso. Grande parte da minha educação de videojogos e não só foi leccionada por ele. E tanto nisso como nos jogos não lhe agradeço o suficiente.
Portanto é isso, não estou a ver nenhum jogo que quisesse e não tivesse tido, se não queria não tinha, se queria tinha eventualmente. Mesmo que anos depois…

Isaque Sanches

Eu comecei a ter semanada muito cedo. Vou comer um jawbreaker ou seis rebuçados, nas próximas duas semanas? Estas eram as questões com que se deparava um miúdo que ainda não sabia fazer contas de dividir.
Sou filho de emigrantes. Cresci a ver os meus c
olegas de Game Boy na mão, a fazer fila para jogar Mario na consola de um amigo. A jogar Nintendo 64 na casa dos meus colegas. Nunca na minha.
Cresci a ver os outros miúdos a capturarem Pokémon, a falarem de ligas e de crachás. Eu sabia os nomes dos Pokémon todos. Via os desenhos animados, mas fartei-me cedo disso. Nunca tinha jogado mais do que cinco minutos.
Pedi durante muito tempo aos meus pais se me podiam oferecer uma cópia. Isto começou numa altura em que nem tinha consola. Queria ter só uma cópia minha. Para não jogar com o savegame de um amigo.
Estamos a falar de uma altura em o sofá que tínhamos na sala de estar foi-nos dado pela patroa da minha mãe, onde ela limpava a casa. Ia deitá-lo para o lixo, ficámos com ele. Nessa altura, a minha bicicleta também tinha sido resgatada do lixo.
Foi mais ou menos um ano depois do Pokémon Red e Blue terem sido lançados que os meus pais me compraram um Game Boy, contra a vontade do meu pai, convencido pela minha mãe.
Quando me compraram o Game Boy, estavam a ser lançados o Gold e Silver. A consola veio com o Super Mario.
Continuei a pedir, mas comecei a poupar. Nunca me chegaram a oferecer um jogo Pokémon.
Na altura em que tive dinheiro suficiente, já estavam a ser anunciados/lançados outros jogos da série. Mas comprei o Silver. Entendi que na minha consola jogaria um Gold ou Silver primeiro. Aquela consola tinha sido comprada da altura dos Gold e Silver, e um Gold ou Silver havia de jogar, que eu também era gente. Hoje faço as contas e vi que poupei durante um ou dois anos para ter aquele jogo.

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Bernardo Lopo

Bem, não me lembro de nenhum jogo que tenha pedido como prenda de anos, muito menos que não tenha recebido. Se aconteceu, deveria lembrar-me. Mas não lembro. Portanto….
Porém, lembro da mega festa que fiz quando recebi o Sonic R par
a a Saturn. Acho que incluiu espumar-me da boca enquanto rebolava no chão. Deveria ter uns 5 ou 6 anos, também…
E já agora, sobre o jogo: Em retrospectiva, sim, é horrível e trás muito pouco conteúdo. Mas tenho a certeza que foi dos jogos que mais joguei na Saturn tal como Nights into Dreams e Bug!. Adorava aquilo!
Everybody Super Sonic Racing!

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Tiago Leonel Ferreira

É sabido que muitos dos nossos pais não cresceram a jogar videojogos e estão um pouco alienados dessa 10ª arte. Em 1995 pedi aos meus pais para o meu 12º aniversário um jogo chamado Little Big Adventure – um grande jogo, agora um clássico da francesa Adeline Soft. – e quando chegou o dia rasgo o embrulho que envolve a prenda (que tinha sem dúvida a forma de uma caixa de jogo de computador, daquelas enormes à anos 90) e não é que me deparo com um jogo chamado Big Red Adventure

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Vá… O nome até que é parecido…

Era uma aventura gráfica, já extremamente obscura na altura, cheia de bugs – estava sempre a ter erros e a voltar ao DOS – e era meh. A questão é: o Little Big Adventure era um jogo relativamente comum na altura, teve boas reviews e quase todas as lojas o tinham – então como é que os meus pais foram descobrir uma coisa tão obscura com um nome mais ou menos parecido? É algo que ainda hoje me intriga.

Ah, e nunca disse aos meus pais que se tinham enganado do jogo. Era um miúdo acabado de fazer 12 anos, mas orgulhoso. Peguei na caixa depois de abrir o presente e, depois de estar 1 minuto de boca aberta a olha para ela mudando várias vezes entre a frente e o verso, olhei para os meus pais, sorri e disse “obrigado”. Acho que eles não perceberam. Nunca lhes contei isto, por isso bico calado, pessoal!

Ricardo Correia

Parece que tenho uma vivência próxima da maioria da malta do Rubber Chicken. Por razões que aqui não são necessárias de falar, cresci e fui educado sem a noção de “pedir”, mas a dar valor ao pouco que se tem, a estimar, a lutar pelo que se quer, a obter mérito pelas conquistas. É claro que recebi jogos dos quais tenho memórias das pessoas que amo e do momento que mos deram. Ainda hoje os guardo com carinho, assim como guardo física ou espiritualmente o que me é dado.

Muitos dos jogos que realmente queria ia juntando dinheiro durante tempos (aparentemente) infindáveis até o conseguir. Juntei dinheiro durante 1 ano para comprar um multicard para Game Boy. Esse Game Boy que afortunadamente ganhei num concurso da Nestlé em 1990 e que até hoje funciona. Dou valor a tudo o que tive e tenho pela percepção do esforço que foi consegui-los.