Confesso que já andava de olho neste Steelseries Rival 700 há bastante tempo, pelo que quando a Steelseries nos enviou um para análise, tinha que experimentar pessoalmente o rato que jogadores que habitualmente sigo, como Peter “ppd” Dager ou Jonathan “Loda” Berg, usam e recomendam.

“Um rato é um rato”, dirão uns.

Não é bem assim. Um rato é a forma mais orgânica de comunicarmos com o computador, pelo que é também aquela em que sentimos um maior impacto nas mudanças, a par do teclado – e quem duvidar, que ouse experimentar um teclado apenas ligeiramente diferente daquele a que está habituado e usa todos os dias ao longo dos últimos anos para ver o impacto que isso tem na sua ligação com a máquina.

Um bom rato faz toda a diferença, principalmente para quem, como eu, é useiro e vezeiro em First Person Shooters e MOBAs. E nem vou entrar aqui naqueles pormenores técnicos… “Ah e tal, tem x DPI” (ndr. – dots per inch, ou pontos por polegada, que são uma daquelas coisas técnicas que eu disse que não ia abordar, mas que indicam o número de pontos que o sensor consegue identificar numa área. Quanto mais alto, mais preciso é o rato e… Ok, eu paro) …

Não negando a sua importância, é uma importância relativa. Facilita a habituação para quem vem de outro modelo, se pudermos ajustar a amostragem que o rato usa para interpretar o movimento. Facilita. Mas não é nenhuma barreira inultrapassável, pelo que o meu conselho, para a generalidade dos utilizadores, passa por escolherem uma que vos faça sentir confortáveis e dêem umas horinhas de uso ao rato para uma habituação completa. O resto virá tão organicamente que pouco interessa, restando para nós o conforto de saber que temos ali um sensor de qualidade. As diferenças entre os 6500 CPI (ndr. – counts per inch, consideremos aqui que representam a mesma coisa que DPI, ok?) de, por exemplo, um Rival 300 e os 16000 CPI de um Rival 700 são virtualmente nulas se parametrizarem o rato para se reger apenas por 3000. Querem um fine tuning? Então mexam nos CPI e na sensibilidade do rato até encontrarem o perfeito equilíbrio que vos deixe com um sorriso de satisfação de fazer inveja a Buda e voltaremos a encontrar-nos em 2035.

Não é, aliás, pelo sensor que este Steelseries Rival 700 marca a diferença. Ergonómico, para quem usa a mão direita, o rato tem aquele Oomph… é pesado, compacto, rijinho! Vale o que vale, mas, quando se usam ratos que parece que estão a uma sacudidela mais violenta de se tornarem um puzzle de 1200 peças, aprende-se a valorizar a robustez da construção.

Há também um conjunto de shenanigans que lhe acrescentam valor. Rufem os tambores…

https://www.youtube.com/watch?v=arPCgCt1ylQ



Há uma iluminação RGB nas costas do rato!

YEY!! Luzes! Luzinhas!! É natal, é natal, luzes coisa e talllll!

Now, now… curb your enthusiasm. Eu sei. Tinha ali uma dose de sarcasmo. É bonitinho. Tem luzes que fazem coisas. Uuuhhh, olha para mim verde. Uhuuuuuuu olha para mim roxo, agora! Bottom line, fica bonitinho em cima da mesa, a piscar-nos o olho sedutoramente enquanto usamos as mãos para enfiar pazadas de pipocas na escotilha enquanto vemos um filme ou uma stream, mas, para o que conta, durante os jogos, durante a sua utilização, é absolutamente inutilizado pelo facto de termos a palma da mão lá em cima. There, i said it. É como as luzes num headset. Se eu não as vejo… que raios fazem elas ali? É o efeito Schrödinger nos acessórios gaming… a luz está simultaneamente acesa e apagada porque, diabos, somos incapazes de a ver porque estamos a usar o equipamento! E, raios, eu quero é ver o meu alvo a abater no monitor, não uma coisa a piscar em vários tons de azul!

It shines! It flashes! It flickers!!!!

Mas se o shenanigan RGB não é de uma utilidade extrema, o mesmo não se pode dizer do ecrã OLED que o rato apresenta na sua face esquerda. Tendo como ponto de partida uma imagem estática da Steelseries, o ecrã pode ser utilizado para mostrar qualquer imagem que pretendam utilizar, dentro dos parâmetros definidos, claro, ou mesmo para reproduzir animações, a 10 frames por segundo. É possível fazer download de algumas na página da Steelseries para testarem, mas o ideal será fazerem as vossas.

Melhor ainda é a possibilidade de se consultar informação sobre o funcionamento do rato e do nosso desempenho do jogo que estamos a jogar. Através do Gamesense, incluído no Engine 3 da Steelseries, responsável pela parametrização do rato, é possível recolher informação de alguns jogos (Counter-Strike: Global Offensive, Dota 2 e Minecraft são os que vi até ao momento) e apresentar no ecrã determinadas estatísticas ou eventos que estejam a suceder nos jogos. Aqui sim, Rival 700 marca pontos e vinca a diferença. Ainda que, convenhamos, no calor de um jogo raras vezes os nossos olhos se desviem do calor da acção no nosso monitor, é interessante poder ir acompanhando o número de headshots que demos nas últimas rondas de CS:GO.

Boom! Headshot!

Mas o créme de la créme, o maior selling point deste rato é aquilo que não se vê. Não brilha, não é flashy. É aquilo que está por baixo do capô. Não brilha, mas vibra! Os alertas tácteis são uma espécie de force feedback através do supracitado Gamesense e são a coisa que considerei mais útil no rato. Personalizáveis, podemos definir um conjunto de vibrações e tipos de vibração para determinados eventos no jogo. O primeiro impacto quando, a jogar Dota 2, se sente o rato como um coração a bater quando a nossa vida desce abaixo dos 20% é de choque. Depois, começa a explorar-se mais aquilo e a tirar o devido partido das funcionalidades que fizeram com que dois vencedores de The International usem e recomendem o rato – um aviso para quando o Aegis of Immortality está a expirar? Check! Um aviso para quando estamos a 5 segundos de ter o nosso Ultimate fora de Cooldown? Check! Vamos renascer daqui a nada? Check! Check Check Check! Não é preciso mais do que uma sessão no jogo para nos convertermos definitivamente para as funcionalidades que este Rival 700 nos traz e que fazem com que ele deixe de ser apenas um rato, para passar a ser uma verdadeira ferramenta ao nosso dispor para alguns jogos onde a informação é tudo. E dessa primeira sessão nasce a vontade de personalizar cada vez mais eventos do jogo, com a doce indulgência do Engine 3 a permitir-nos um variado leque de opções que nos possibilitam facilmente identificar e distinguir as diferentes situações de jogo.

E é este o verdadeiro grande trunfo deste Rival 700! A cereja no topo do bolo num rato que, ao primeiro toque, transmite uma sensação de robustez e solidez e que oferece um variado leque de controlos, feedback e personalizações. Com sete botões personalizáveis, com vários perfis facilmente alternáveis e com uma utilização imaculada, este Rival 700 conseguiu calar-me a mim, um velho gamer da velha guarda, que acha que tem tudo o que precisa, e mostrar-lhe um vislumbre de algo que não conhecia e que agora dificilmente deixará de parte. Não é um rato barato, com os mais de 100€ no talão do preço a serem puxadotes, mas… vale a pena? Eu diria que sim.

Never gonna give you up