Disclaimer (e antes que comecem os maldizeres): não, este artigo não foi pago por delegados de informação médica da Sony, da Microsoft ou da Nintendo para dizer mal da Generis (aliás, aqui ao Doutor Leonel ninguém dá dinheiro – esta parvoíce é toda de borla).

A Hora do Meh#10

Recentemente (leia-se: há cerca de 2 meses) chegou-me às mãos um indie que se encontrava e ainda se encontra em Early Access no Steam, de seu nome Super Treasure Arena. Um jogo genérico que joguei há 2 meses e joguei hoje e pouco mudou. Jovem-que-já-não-é-assim-tão-jovem-porque-nasceu-nos-anos-80, procuras um jogo que tem Super no nome sem qualquer razão de ser, tal como 99 dos 100 jogos que vinham com o teu clone da Famicom? Procuras um jogo que tenha Tesouro na sua forma mais “pilhável”? Procuras um jogo que se desenrole numa Arena no seu ponto de vista mais “arenesco”? Então continua a procurar.

…de Lâncome

Honestamente, não gosto de fazer críticas a jogos que ainda estão em Early Access, mas preciso de desabafar – porque este jogo tem morte anunciada se não mudar radicalmente, muito por culpa do seu genericismo. Super Treasure Arena-pfen™ (na sua versão inalador) é, muito simplesmente, um MOBA num estado relativamente embrionário. Temos 5 classes disponíveis, mas que não divergem muito entre si a não ser por apenas uma habilidade que podem executar periodicamente. O jogo tem apenas dois modos – um Free For All em que ganha quem apanhar o maior número de moedas e um Treasure Run em que temos de tentar carregar um baú de tesouro para a nossa base. E é isto.

♩ Bravely bold sir Robin, rode forth from Camelooot… ♩

É certo, Super Treasure Arena-nal™ (na sua versão supositório) não se esconde daquilo que é – um MOBA indie pixelizado desinibidamente genérico. Tal é mais que evidente no seu próprio nome. Um jogo sem identidade e que não procura ter identidade. Os próprios monstros que enfrentamos na arena enquanto defrontamos os nossos adversários humanos ao mesmo tempo têm nome genéricos: a bat, a skeleton, an undead knight, a rogue goblin… O jogo é quase uma paródia, propositada ou não, de um MOBA genérico, mas sem o humor que poderiamos esperar de algo que conseguiríamos apelidar de “paródia”.

Ah, shotgun shells, that most magical of medieval weapons…

Quando tomamos um medicamento esperamos que ele faça o seu trabalho: curar uma doença, aliviar um sintoma, suprimir uma maleita. Se tivermos uma gripe, ele pode ser genérico ou de marca, mas desde que ele cumpra o propósito para que foi feito escolher entre um e outro é irrelevante. Não podemos dizer o mesmo de um videojogo: se quisermos jogar um MOBA ou um RPG ou um FPS não nos podem dar um Super Treasure Arena-mol™ (na sua versão de terapia musical) ou qualquer jogo que se encaixe na categoria de jogo que desejamos jogar e esperar que a nossa necessidade seja satisfeita. A diferença aqui está na necessidade crucial de haver criatividade. A capacidade de fazer um jogo interessante e diferente é o que faz os pequenos developers sobreviverem e, quem sabe, talvez ascenderem à ribalta. Os indies são agora mais populares que nunca, muito devido à capacidade de conseguirem produzir jogos visualmente atractivos, e não só conceptualmente fascinantes. Com a quantidade de jogos novos que são lançados todos os dias, ver jogos como este dão-me uma indisposição genérica. Talvez devesse ir ao médico.

Super Treasure Arena-med™ (na sua versão genérica corrente) está disponível no Steam em Early Access. Mas a Pharmacia Gallinacea desaconselha genéricos.*

*A não ser que sejam genéricos de séries animadas dos anos 80 e 90. Esses podem tomar à vontade.**

**Eu sei, isto é uma série animada dos anos 60, mas vá lá… é Super Chicken!!!