Pediram-me um top. Acho injusto. Um top dos melhores jogos do ano de 2016! Como? Vou retroceder um pouco na História e voltar a 15 de Dezembro de 2015. Foi a data em que saiu o meu primeiro artigo no Rubber. Faz um ano, portanto. Nesse ano, muita coisa mudou. Eu mudei, seguro das minhas inconstâncias e variâncias, evoluções e regressões. O Rubber também terá mudado, aqui e ali, gosto de pensar que para melhor. E gosto de pensar que também tive um dedo nisso, nem que tenha sido só a unha do mindinho. E mudou a minha perspectiva perante os videojogos também.

Embirro com a etiqueta de “indie”. Acho-a terrivelmente carregada de preconceitos para toda a sua abrangência. Nunca comprei um jogo por ser indie. Também nunca comprei nenhum por ser AAA. Agrada-me a premissa ou não. Umas vezes corre bem, outras vezes corre mal, mas isso é como ir ao cinema. Por vezes pensamos que vamos ver um Bullit e sai-nos um Fast and Furibundo. Não gosto de jogos A ou B. Gosto de jogos. Não quer dizer que sejam todos bons. É como os livros, o cinema, ou a música. É possível ser-se melómano e não gostar de tudo o que passa na rádio. Pois. É o caso. 

De qualquer forma, este ano, por um motivo ou por outro, foi o ano em que tive acesso a mais jogos. O ano em que me dediquei mais a explorá-los também. Ter que escrever sobre eles é um dos motivos – e eu não gosto de conhecer apenas uma parte do mercado que me proponho a estudar. Dar aulas é outro. E conhecer mais e mais jogos permite-me um outro “estofo” para orientar e propor àqueles que confiam em mim para que o faça – os meus alunos. É para lhes ensinar a fazer jogos? Bem, eu conheço jogos.

E um top é-me penoso fazer. Porque não há tempo para os jogar a todos convenientemente. Dishonored 2 poderia entrar no meu top. Provavelmente entraria decididamente, face ao que foi o primeiro jogo da série e face àquilo que vi dele.  Mas não lhe toquei ainda. Tal como Titanfall 2, Dark Souls 3, Doom e outros tantos… sei que são bons. Mas, se não os joguei, não me parece justo considerá-lo para a lista. Tal como That Dragon, Cancer. O jogo merece-me a máxima admiração, respeito e aplauso. Contudo, não o joguei. Não o jogarei tão cedo.

Fica então um top daquilo que joguei. Os melhores jogos que eu joguei este ano. ‘Tá a andar de Mota. Não é um top 10. É um top 8. Porque sim.

1 – XCOM 2 – Depois do bem sucedido remake da série de sucesso dos anos 1990, XCOM 2 soube elevar ainda mais a fasquia, com um combate por turnos com componentes de RPG impregnado de apaixonante Sci-Fi. Joguei avidamente a campanha e deliciei-me com os DLC propostos que, a exemplo do anterior jogo, permitem uma experiência de jogo completamente diferente. Um jogo obrigatório de 2016.

2 – Battlefield 1Conforme escrevi, faz muita, muita coisa bem. Um ambiente extremamente bem trabalhado, uma jogabilidade que, bem ajustada, nos transporta para os horrores e tremores da Guerra. O jogo faz isso mas opta também por momentos de assinatura sem entrar em conflito com a dinâmica do mesmo. Não é muito comum em jogos AAA e aplaude-se. 


3 – OverwatchSem dúvida alguma um dos jogos do ano. O fast-paced-class-based-first-person-shooter-meter-mais-coisas-aqui-se-couber da Blizzard veio para ficar e deixou uma enorme pegada em 2016 que ficará visível para os próximos anos. Convenhamos, daqui a dois anos, Battlefield 1 terá caído em termos de impacto. Terá sido substituído por um novo jogo da série e a sua massa de jogadores migrará para outros jogos. A aposta de Overwatch em instituir-se enquanto eSport, maximizando o tempo de exposição – e rentabilização – do jogo é pertinente. Ainda com algumas lacunas por corrigir e equilibrar, Overwatch tem uma base sólida de jogo à qual não só é possível, como tem vindo a ser realizada, a adição de novas componentes de jogo, como mapas e personagens.



4 – Day of the Tentacle Remastered – Ahh, tão bom, poder regressar sem amargos de boca a um velho clássico dos point and click bem pensados e com um humor que entra para os anais da história. É uma daquelas prendas de 2016 que dificilmente esquecerei tão cedo.

5 – SyndromeUma das melhores surpresas do ano. E quando digo “surpresa”, é isso mesmo. Vindo de um estúdio português, melhor, vindo de um pequeno micro-estúdio português, com apenas três elementos, nada faria esperar a tremenda dose de qualidade que transpira por todos os poros deste Syndrome. E não, nem sequer é daquele tipo de jogos que eu escolheria como sendo de eleição para mim, mas é difícil não ficar de boca aberta perante aquilo que nos vai sendo dado a mostrar, aos poucos, com o decorrer do jogo. Se em 2015 me dissessem que eu iria ter um jogo português no meu top de 2016 eu rir-me-ia na cara deles.

6 – Keep Talking and Nobody Explodes – Foi o jogo mais surpreendentemente divertido que tive o prazer de jogar até às lágrimas este ano. Um conceito simples, propositadamente agitado e baralhado antes de ser servido aos jogadores de forma a proporcionar os momentos de maior confusão e gargalhada possíveis.

7 – Deus Ex: Mankind Divided – Outro jogo que aguardava com expectativa, depois de acompanhar a série há mais de 15 anos…. Quando Deus Ex saiu eu era um puto parvo que se deliciou com o enredo cyberpunk em torno de melhorias cibernéticas ao corpo humano. Hoje em dia, apenas parvo, continuo a deliciar-me com tudo o que Deus Ex consegue trazer para a mesa, sem cheirar a mofo.

8 – Fifa 17 – Eu andava de costas voltadas para jogos de “futebóis” desde 2004. E tinha as minhas razões para isso! Mas Fifa 17 conseguiu agarrar-me ao ecrã por largas horas, sobretudo graças ao modo The Journey e à forma como conseguiu adicionar uma história jogável a um jogo que, de outra forma, poderia ser apenas de pontapé para a frente, pelo menos para mim.

E é isto… daquilo que tive o prazer de jogar este ano, estes foram os títulos incontornáveis. Que o Pai Natal vos traga um ou outro no sapatinho.