Rendi-me e dei atenção a Exile’s End porque ele em tudo gritava metroidvania, esse género que me é tão querido e que faz parte da minha maturação enquanto jogador. O grande problema de me aproximar dele por este motivo é que as press releases e a própria página de Steam de Exile’s End tem um gritado NOT A METROIDVANIA, em caixas altas, a chamar-nos a atenção para esse facto. Mas eu, no meu desejo de saciar a minha sede por metroidvanias ignorei. O que é que parece um metroidvania, joga-se como um metroidvania mas não é um metroidvania? Aparentemente Exile’s End é a resposta.

Ao olharmos para a equipa criativa por trás de Exile’s End percebemos que em linguagem televisiva este é um verdadeiro ensemble cast, e um elenco de luxo por sinal. A juntar-se ao quase estreante Matt Fielding encontramos o compositor de Ninja Gaiden original, Tecmo Bowl e Captain Tsubasa, Keiji Yamagishi, os artistas de jogos tão emblemáticos da geração de 16 bits como Secret of Mana e Mother 3 e cutscenes de OPUS de Half-Minute Hero.

Num side scrolling adventure game narrativo, a prestar homenagem aos jogos do género da década de 1990 do Commodore 64 e do Amiga como Another World e Flashback, Exile’s End fica apenas a meio caminho do seu potencial.

A primeira estranheza que percebemos é o quão implacável o jogo é, o que até justifica o seu modo paralelo de Survival. Ao contrário de muitos platformers bidimensionais (em especial os mais recentes que bebem de um extremo revivalismo) a altura das quedas e dos saltos são perfeitamente inócuas. A falta de cuidado ao descermos plataformas é fatal, e recebemos dano (dificílimo de recuperar) cada vez que damos um salto de uma altura maior do que deveríamos, somando a todos os perigos e criaturas no nosso caminho que facilmente nos destroem, numa lógica old school que tem sido recuperada de sobremaneira pelo mercado indie.

Com uma equipa de veteranos que ajudaram a definir parte do mercado na primeira metade da década de 1990, Exile’s End fica aquém da homenagem e do patamar a que queria chegar, com um enredo interessante e uma arte e sonoplastia verdadeiramente exímias, o resultado final é um jogo curto e algo inócuo, que merecia ser muito mais do que isso.