No primeiro Rapaz-Ventoinha de 2017 vamos fundir duas das minhas cinco maiores ventoinhazices.  Quando eu era miúdo, e para quase todos os miúdos da minha idade, três fantasias eram comuns: a Princesa Leia no seu bikini de escrava do Jabba, ser um Jedi e pilotar um X-Wing ao lado de Luke Skywalker ou Wedge Antilles, ou até mesmo no lugar deles. Vamos ser sinceros… ser Jedi e piloto de X-Wing nem eram fantasias nessa altura, eram mesmo opções de carreira. Anos mais tarde no final da minha adolescência, muito mais sensato, apercebi-me eram fantasias parvas, e uma carreira como militar do Império era muito melhor opção, os rebeldes provavelmente nem davam um bom seguro de saúde, enquanto as forças imperiais oferecem segurança, estabilidade e opções de progressão.

Metendo as brincadeiras de lado, a lista de jogos de Star Wars nas consolas da Nintendo é longa e ilustre. Até podia falar do brilhante Super Star Wars da SNES, mas vou deixar esse clássico de lado, talvez o meu brawd yn breichiau pegue nisso ou eu o faça daqui a uns tempos porque é um tema digno e acho que nenhum de nós falou de jogos da SNES ainda. Também não o vou ligar ao meu outro texto de Star Wars desta semana e falar de Star Wars: Lethal Alliance para a Nintendo DS, porque apesar da ideia original é um jogo que deixa bastante a desejar tecnicamente, vou falar sim do melhor simulador de naves alguma vez feito: Star Wars Rogue Squadron II: Rogue Leader.

Sim, é engraçado dizer que algo é o melhor simulador do que não existe, até é fácil porque ao contrário de elementos reais é impossível confirmar a veracidade dessa afirmação, mas todos nós sem excepção, alguma vez imaginámos como seria pilotar um X-Wing, a não ser que se faça parte daquela percentagem mínima da população que nunca viram os filmes. E não nos limitemos a X-Wings, seja uma Serenity ou Andromeda, uma Enterprise, ou Battlestar Galatica, o Millennium Falcon, um Colonial Viper ou um Hammerhead de Space Above and Beyond, todos já nos imaginamos ao comando dessas meninas. Rogue Squadron II, foi o que mais perto me deixou dessa fantasia.

No meio de uma trilogia de jogos, este também cobre a trilogia original do filmes, onde nós tomamos o lugar de Luke Skywalker ou de Wedge Antilles, o comandante do Rogue Squadron, através de missões dos filmes e outras paralelas. Completando objectivos (ou utilizando códigos) podíamos controlar mais do que as naves da rebelião, como por exemplo um Tie Fighter ou até o Slave I de Bobba Fett. Missões adicionais ao jogo eram desbloqueadas no final onde tomávamos o lugar de Han Solo controlando o Falcon ou até de Darth Vader contra os rebeldes. Portanto podíamos ter acesso a todas as possibilidades de fantasia se assim o quiséssemos, desde o jovem que salva a galáxia destruindo a Death Star, ao experiente piloto e comandante de um batalhão de caças, passando pelo contrabandista de coração de ouro até a um dos lideres do império que estes tentam destruir.

Por melhores que fossem as missões dos filmes como ambos ataques às Death Stars ou até a batalha de Hoth com direito a enrolar as pernas aos AT-AT, não era o que de melhor tinha Rogue Squadron II.

Como já tinha dito, é a simulação que me fascina neste jogo todas as naves respondem de modo diferente em situações diferentes. Controlar um Y-Wing é completamente diferente de um X-Wing ou de um A-Wing. Controlar um X-Wing num planeta não é o mesmo que fazer o mesmo no espaço. O som de um Tie-Fighter dentro do cockpit é completamente envolvente e não tem nada a ver com o que ouvimos se for escolhida a visão exterior. É quase digna de olharmos para as mãos e em vez do perfeito comando da Gamecube “vê-las” nos comandos de uma daquelas naves, a caminho da tenebrosa trincheira para destruir a estação espacial. Vasculhar os céus por aquele Tie que anda atrás de nós, salvar os nossos companheiros para mais tarde suspirar de alivio quando eles fazem o mesmo, achar que temos a perícia para qual David e Golias tentar abater um Star Destroyer, tudo faz parte da experiência.

A melhor parte de todas, o que me levou a gostar mais do jogo foi que aliado a esses comandos fantásticos e toda a simulação foi mais uma oportunidade de me embrenhar no grande universo de Star Wars, assim como outros jogos já lançados nessa altura, e por mais que eu seja fã dos X-Wing vs Tie-Fighter (originais e spin-offs) e das suas missões me darem essa oportunidade, todo o esplendor deste universo foi-me oferecido aqui. Depois vieram os Jedi Academy e os KotOR, mas foi com Rogue Squadron II que eu me vi literalmente dentro daquela galáxia distante. Outros jogos, outros livros já me tinham lá levado como “turista” mas foi dentro de um cockpit de Rogue Squadron que eu completei essa minha fantasia. Se calhar porque a capacidade gráfica da mais negligenciada das consolas da Nintendo o permitisse fazer melhor que os seus antecessores ou porque simplesmente correu bem, é o meu Star Wars favorito da Nintendo, é o meu jogo de naves favorito, e espero que um dia, talvez na 3DS ou na Switch façam uma versão nova, mas do lado dos melhores pilotos da galáxia, os que vão para o espaço sem escudos, e com uns fatos pretos bem mais fixes.

Créditos para Paul “OtaKing” Johnson que fez este fantástico video sozinho.