Façamos o exercício de olhar para o fundamento das retro consoles e lembrar qual o seu verdadeiro apelo comercial. Ignoremos que a quase totalidade dos jogos jogados nestas consolas e emuladores roçam a linha cinzenta e tangencial da legalidade. A possibilidade de termos todos os romsets de consolas de que pertencem a tempos idos (alguns até anteriores ao nosso nascimento) é um gigante motivador para quem quer compreender a evolução dos videojogos enquanto força viva e em constante evolução.

Pensemos agora na evolução que os nossos telemóveis tiveram, desde por exemplo o meu primeiro, o Alcatel One Touch Easy, passando pelo Smartphone que o João Machado recentemente adquiriu que é um ebook reader com e-ink nas costas do telemóvel. O meu smartphone, não sendo tão avançado quanto o dele, é incomparavelmente mais potente que o meu primeiro computador, com uma capacidade tão grande (com o SD card de 64 Gb que lá inseri) que a ideia de ter todos os jogos alguma vez criados para todas as consolas até à geração da Saturn e PlayStation (exclusive) é uma realidade tão possível que nos leva a sentirmos a força evolutiva da tecnologia, em especial dos meios de armazenamento.

Mas para além do telemóvel ser um meio privilegiado para o retro gaming, há um mercado de jogos nativos que, se fossem referidos há 20 anos, ninguém acreditaria. E foi a pensar neste factor, com o crescente número de jogos para mobile que nos chegam para analisar que acabei por adquirir um comando “inspirado” no de Xbox 360 com suporte para encaixar o telemóvel, ao estilo de uma consola portátil. Não sei foi de ter “crescido” de comando na mão, mas há algo que falta quando tento jogar jogos em que os botões virtuais surgem como interface no ecrã táctil. Falta sempre algo: a sensação tão familiar de sentir botões e D-Pads, que tornam a experiência de jogar tão distinta de passar com os dedos num ecrã plano.

Admito que as duas possibilidades que acabei por adquirir foram um verdadeiro tropeção em lojas online chinesas: para além do dito comando “similar” ao da Xbox, acabei por descobrir (e comprar) uma peça criada para o Dual Shock 4 e que permite transformá-lo num comando do nosso smartphone, suportando-o ao mesmo tempo. O problema destas opções? É que se o nosso telemóvel é uma peça essencial do nosso dia, e com uma portabilidade que nos permite carrega-lo para todo o lado, um comando de Xbox ou de PS4 não são propriamente 2 objectos que queiramos carregar no bolso do casaco.

Foi a pensar nesta necessidade que a Mad Catz desenvolveu o seu L.Y.N.X. 3, o comando Bluetooth que segue esta lógica de comando-que-serve-de-apoio-a-um-smartphone que as minhas duas compras anteriores já respondiam. Com uma diferença enorme. Aliás, um pormenor tão grande que define aquilo que é exequível de ser um comando para telemóvel verdadeiramente portátil. É que se as minhas duas escolhas anteriores funcionavam mas não eram práticas de carregar, o conceito Transformer do Mad Catz L.Y.N.X. 3 torna-o na perfeita solução para quem quer jogar no smartphone, sejam jogos nativos ou ROMs e homebrews cuja legalidade não é o fundamento deste artigo.

Quando conectei o L.Y.N.X. 3 ao meu telemóvel via Bluetooth fiquei com um sério medo que ele aproveitasse o acesso à Internet via wireless e descarregasse uma série de planos de domínio da Terra a partir de Cybertron. Mas nada disso aconteceu. Só fiquei mais descansado depois de ter berrado a plenos pulmões “Hail Megatron!” e “ Decepticons Attack!” e o comando não tossiu nem mugiu.

Mas lá o abri, e a sua leveza extrema que se deve aos muitos espaços vazios criados por todas as suas articulações deixou-me com um medo verdadeiro de que o L.Y.N.X. 3 pudesse não conseguir suportar o peso do meu telemóvel. Mas depois de algumas semanas de uso percebe-se que a construção dele foi feito para conseguir receber o peso de telemóveis como o meu que tem um ecrã de 5.5’.

Para além de possuir modo de comando de jogo, o L.Y.N.X. 3 possui também a possibilidade de controlar o nosso telemóvel como sistema multimédia, em que os botões se comportam como os controladores de um qualquer media player. O L.Y.N.X. 3 é versátil, e acima de tudo, para aquilo que é a sua função, extremamente portátil. Depois de dobrado e até guardado na simpática bolsa de pano que o acompanha, podemos guardá-lo no bolso lateral do casaco sem parecer que trouxemos um revólver escondido para a rua.

O Mad Catz L.Y.N.X. 3 permite-nos transformar o nosso sempre-presente telemóvel numa consola de jogos portátil em qualquer lugar, aproveitando alguns instantes entre viagens nos transportes públicos para ir passando aquele jogo com o conforto que teríamos com um comando de consola doméstica. De todas as soluções existentes em Bluetooth para telemóvel (e não só), L.Y.N.X. 3, com todo o seu contorcionismo e portabilidade é sem dúvida a opção mais recomendada, seja para jogar nos emuladores presentes na Play Store (ninguém está a ver) ou qualquer um dos muitos jogos que necessitam de comando em Android ou iOS. A combinação L.Y.N.X. 3 com o nosso telemóvel é sem dúvida a combinação mais barata para termos uma retro machine portátil barata.