Dungeons & Dragons é um jogo colectivo onde amigos e familiares se juntam para partilhar um extenso leque de aventuras. Contudo, e uma vez que ninguém nasce ensinado, é bastante provável que mais cedo ou mais tarde surja alguém que não faz a mínima ideia de como é que tudo funciona.

Movidos pela curiosidade, várias foram as vezes que me perguntaram o que é Dungeons & Dragons, e de todas as respostas que tenho vindo a dar, acabei por desenvolver uma certa preferência por esta: “trata-se de uma espécie de teatro improvisado onde cada jogador interpreta uma personagem por eles criada e ocasionalmente rolam dados”. Se o interesse permanecer acabo por falar um pouco mais, referindo, por exemplo, o papel do Dungeon Master e a forma como toda a história é feita e moldada pelos próprios jogadores.

Se tudo correr bem, um novo jogador irá surgir desta conversa, e nesse sentido, resta-nos a nós (e isto vai tanto para o Dungeon Master como para os restantes jogadores) certificarmo-nos de que ele ou ela irá ter uma boa primeira experiência. Começando pelo princípio, explicamos-lhe como tudo funciona (a nível de regras e do quão flexíveis elas são) e acompanhamos o jogador ou jogadora durante o processo de criação da sua personagem. É neste primeiro momento que se irão plantar as bases que permitirão que tudo corra pelo melhor durante a sessão. Assim que ela chegar, pode ser sensato não forçar a questão do role-play, principalmente se este novo jogador não conhecer mais ninguém à mesa. Também é possível ser uma excepção à regra e este ponto não o incomodar, mas de qualquer das formas é bom ter um diálogo constante de forma a garantir que estão todos em sintonia. O mesmo se aplica ao seu tipo de jogo. À partida estaremos perante um Espectador, observando atentamente o que se está a passar e intervindo ocasionalmente (nomeadamente quando chega a sua vez), o que não tem mal nenhum. É através deste primeiro contacto (checks, saving throws, potencialidades de cada classe, estratégias, etc.) que aquelas bases se vão desenvolver permitindo, através da sua aplicabilidade, ao jogador descobrir a sua forma de jogar. Temos também a questão da etiqueta. Pode acontecer que o jogador cometa erros ou que as suas decisões não sejam das melhores (como avançar sozinho em direcção a um grupo de orcs), mas é algo que acontece a todos e não nos podemos esquecer que os dados também têm uma opinião à cerca disto. Rolando alto o suficiente, a tal má ideia pode sempre correr bem. O que interessa é que não se contradiga a principal regra de Dungeons & Dragons e de tantos outros jogos: estamos aqui para nos divertirmos.

Ao fim do dia, se tudo correr bem, teremos um novo jogador na nossa campanha, um novo aliado e um novo membro com quem partilhar as nossas aventuras. Também é verdade que o jogador pode ter descoberto que o jogo não lhe diz nada, mas de qualquer das formas não se deixou levar por ideias pré-concebidas e experienciou tudo na primeira pessoa.

Em suma, cabe-nos a nós não levantar objecções e fazer os possíveis para que o novo membro se sinta confortável no grupo e vice-versa. Estamos aqui todos para o mesmo, e não faz sentido nenhum andarmos para aqui com exclusões.