Antes de mergulharmos em Fate/EXTELLA: Umbral Star, trazido para o Ocidente pela Marvelous, temos de abordar o elefante na sala: porque é que gostamos dos jogos Musou, ou Warriors como conhecemos no Ocidente. À excepção da série original (Dinasty Warriors) que tenta de forma ficcionada relatar eventos Históricos do Japão feudal e cujo número de iterações ultrapassa o racionalmente possível de contabilizar, o apelo que a Koei Tecmo tem tido com a franquia é o de inteligentemente se aliar a outras marcas fortes.

Foi o caso de Gundam (que eu infelizmente nunca tive oportunidade de jogar), foi o caso de One Piece, Arslan ou mesmo The Legend of Zelda, o grande apelo destes casamentos por encomenda eram simples: a força dos seus personagens.

Ou seja, e para sumarizar, aquilo que nos faz perder dezenas de horas num Hyrule Warriors é a possibilidade de jogar o estilo típico de Musou com personagens tão fortes da cultura global como Link ou mesmo Zelda.

No caso de Fate/EXTELLA: Umbral Star – e enunciando já o meu desconhecimento da franquia – o apelo desta conhecidíssima (especialmente para otakus) série de visual novels/manga/anime, com spinoffs em fighting games e em dungeon crawlers é que a proximidade afectiva com o elenco é pouco ou nenhum a priori para o público geral, e o jogo tem de responder por si mesmo, sem rede para o suportar.

Fate/EXTELLA: Umbral Star é a reinterpretação do mundo de Fate sob a égide de Musou: milhares de inimigos para serem derrotados em cada combate, como meras formigas a serem levadas indefesas por um vendaval mas com uma pequena adição: a promessa de adicionar uma velocidade muito superior à fórmula testada e estabelecida de Warriors.

O que, contra todas as expectativas, funcionou. Não foi necessária uma proximidade ou conhecimento com as personagens de Fate para me deixar embrenhar pelo espírito simples e jogabilidade desapegada deste jogo. Fate/EXTELLA: Umbral Star, como qualquer outro Musou, serve quase de terapia de relaxamento, em que o nosso cérebro quase entra num estado de consumo mínimo e são os dedos no fervoroso button mashing que denunciam qual o objectivo deste jogo. E à falta de um termo melhor em português, só pode ser descrito como mindless enjoyment.

Fate/EXTELLA: Umbral Star não vai mudar a minha vida, e é provável que dentro em breve a memória do jogo se esfume após um certo afastamento temporal. Mas acaba por cumprir o seu fundamento ao atravessarmos as muitas side stories com os 16 personagens jogáveis cansados de derrotar centenas de milhares de inimigos. Que pouca gente admite, mas o button mashing cansa, e muito.