Podemos falar de jogos de corridas da Nintendo sem falar de Mario Kart?

A última entrada de corridas é claro a maior e mais aclamada série de corridas Nintendo, este ex-libris de emoção e de rivalidade que já acabou com muitas amizades e algumas famílias quase rivalizando o Monopólio.

Quem nunca jogou Mario Kart? Os 8 jogos de consola lançados entre 1992 e 2017 (Mario Kart 8 na Switch) são provavelmente dos melhores jogos de convívio que alguma vez foram criados. Claro que nem sempre foi assim, existiu uma evolução gradual em toda a estrutura do jogo mas sempre mantendo-se fiel às suas origens, como é habitual e marca do selo Nintendo.

Apesar de F-Zero ter tido bastante sucesso e ter sido o percursor da aplicação da tecnologia Mode 7, foi provavelmente Mario Kart que a conseguiu usar no seu pleno, algo que contribuiu fortemente para o seu sucesso. Obviamente que as pistas e o uso de personagens do universo do homónimo canalizador italiano foram parte integral do mesmo mas é a combinação de tudo com o equilíbrio fantástico na atribuição de itens a ser utilizados nas corridas capazes de equilibrar a mais desnivelada das corridas, que o tornaram dos jogos e franquias com maior sucesso nesta área.

Ao longo das décadas foram dados pequenos toques à formula de sucesso de Mario Kart. Na Nintendo 64 quatro jogadores podiam enfrentar-se em simultâneo, Double Dash permitia co-op por LAN (que nós oferecemos uns Switch para esse efeito) uma panóplia de novos personagens e estratégia de dois condutores, na NDS acrescentaram capacidade de touchscreen, na Wii deram motos, no 7 capacidade de planar e no 8 anti-gravidade, mas quando olhamos para lá destes extras e gráficos altamente refinados é exactamente o mesmo Mario Kart que jogava sentado na sala dos meus primos.

Mario Kart é daqueles jogos (falo na franquia toda e não num em particular, apesar de poder já dizer que o meu favorito por razões que não sei explicar é Double Dash) que conseguem agradar a gregos e troianos, pelo menos a mim conseguem agradar as duas vertentes que mais me agradam num jogo de corridas. Já o disse antes que prefiro um jogo de condução mais arcade que realista, Mario Kart consegue mais que obviamente entregar um bom produto nessa vertente, seja a solo tentando ganhar todas as taças em todas as categorias, seja com amigos na sala ou até desconhecidos online, a capacidade de juntar jogadores de vários níveis é brilhante. A utilização daqueles objectos que vão da aparentemente inócua casca de banana até à temida concha azul são muito mais estratégicos que se devia esperar de um jogo com um aspecto tão… infantil. É um pacote de diversão e imersão absolutos.

Além da parte de entretenimento, Mario Kart consegue puxar outro lado em mim, o que procura a eterna perfeição das coisas. Já dei por mim a passar horas em time trial, sozinho em busca daquela linha de corrida perfeita, à procura daquela entrada naquela curva, daquele sliding executado na perfeição que me fará tirar milésimos de segundo ao meu melhor tempo e declarar aquelas horas como bem gastas.

É provavelmente o jogo de corridas mais completo que existe e é um óptimo teste de relações. Posso confirmar que uma amizade que sobreviva a Mario Kart, sobrevive a tudo.