Megaglest é um videojogo com o qual temo ser demasiado critica, e o problema, como em muitas outras coisas na vida, são as expectativas.

Tentei não olhar muito para o videojogo antes de o experimentar. Não vi reviews, não vi vídeos, apenas imagens, e conciliei essa ação à minha expectativa. Comecei então por ficar feliz imaginando-me a jogar algo semelhante a Age of Empires ou até mesmo Warcraft… imaginei as horas que passei nesses jogos e fiquei feliz por existir já há algum tempo um videojogo gratuito com tanto do género por explorar (imaginei eu).

Megaglest é um videojogo de estratégia 3D em tempo real que se baseou em Glest, tendo começado a substituir o mesmo em 2012. Este tem evoluído bastante desde esse ano podendo hoje ser jogado em várias plataformas como Windows, Linux, Mac OS X, entre outras adaptadas pela própria comunidade do jogo.

Em Megaglest o jogador tem a possibilidade de jogar contra o computador ou contra sete outros jogadores online. O videojogo agrupa sete facções – Tech, Magic, Egypt, Indians, Norsemen, Persian e Romans – que à semelhança de outros jogos do género, contém as suas estruturas, unidades e habilidades especificas. Tendo já como opção 20 cenários específicos de variadas dificuldades, o jogador pode ainda adicionar mais cenários, assim como facções, tornando Megaglest bastante flexível e moldável pelo próprio jogador. Ainda assim, não inclui a opção de campanha, como outros jogos do género permitem. Porém, além dos vários cenários, o jogador tem a opção de criar um Jogo “Custom“, na qual pode decidir todo o seu modelo de jogo.

No que respeita ao Gameplay, em Megaglest os jogadores terão que jogar num mapa de tamanho variado, no qual terão de desenvolver a sua cidade para obter recursos, defenderem-se dos outros jogadores ou treinar tropas para os atacar. Os recursos a acumular, à semelhança de outros jogos do mesmo tipo, são energia, comida, ouro, pedra, madeira e casas, sendo importante acumulá-los com boa capacidade estratégica.

Além da grande componente moldável, não vi um poder inovador em Megaglest em comparação com outros videojogos do género, algo que acabou por me desiludir um pouco. Bem sei que provavelmente não haveria razões para colocar as expectativas tão altas, mas a verdade é que as coloquei e tal fez-me entender, enquanto jogadora, o quão importante é a expectativa que levamos quando conhecemos um novo jogo, para o apreciar devidamente. Neste caso, claramente não apreciei Megaglest devido às expectativas que coloquei e tal deixou-me um pouco desconfortável.

Em alguns momentos desejei vislumbrar algo mais semelhante a outros jogos que tinha jogado, quando na verdade não deveria existir essa necessidade, por ser algo diferente. A par disso, enquanto gosto pessoal, não consegui ligar-me muito ao visual do jogo nem à própria jogabilidade, que considerei bastante lenta. Ao mandar unidades realizar uma ação, sentia que demorava uma eternidade, e por mais que tal fosse útil em alguns momentos, fez-me falta encontrar a opção de acelerar o tempo, como encontramos na maioria dos jogos deste género.

Em síntese, e não querendo de todo colocar este jogo como um “mau” jogo, pois tenho a noção clara de que não o é, a verdade é que quis aproveitar para demonstrar um sentimento que muitos de nós enquanto jogadores, sentimos várias vezes, uma expectativa falsa transformada numa desilusão devido a essa mesma expectativa. E o que é mais intrigante é que este não é um sentimento apenas comum nos videojogos mas também em muitas da nossas situações de vida. Quantas vezes não criamos falsas expectativas quanto a como irá ser um concerto que vamos assistir? quanto a uma conversa que vamos ter com o(a) namorado(a)/esposo(a)? quanto a uma aula que decidimos experimentar? A verdade é que estamos constantemente a criar expectativas e apesar destas nos prepararem para algo negativo ou positivo (neste caso), devemos ter cuidado com o seu poder, já que não deixando margem a outras perspectivas podemos desiludir-nos e não apreciar aquilo que temos mesmo à nossa frente.

Ao mesmo tempo somos seres humanos e a memória por vezes é tramada, assim como a associação emocional que damos às várias situações que vivemos ou actividades que realizamos. Sendo assim, para quem teve tão boas experiências a jogar um determinado videojogo (e quem diz videojogo, diz musica, ou outro tipo de situação ou actividade), por vezes pode ser difícil aceitar outro videojogo que não chegue ao patamar emocional e expectante que este lhe trouxe.

A importante lição que retiro desta experiência e que vos trago hoje é: Tentem viver ao máximo cada experiência pelo que ela é, não levando pré-concepções de como “será”. Por mais difícil que este exercício seja, quanto mais neutros corremos para as várias situações da nossa vida, mas as apreciamos como um todo, analisando o copo meio cheio em vez do copo meio vazio.

E por fim, não deixem de experimentar Megaglest, realizando o download no SITE do jogo. Megaglest é um jogo que apesar de tudo está interessante para quem gosta muito de RTSs e por mais que não tenha sido analisado por mim com uma perspectiva de copo meio cheio, poderá agora, por vocês, ser visto como tal.