Com as recentes alterações que a Nordic teve, desde a aquisição de grande parte das propriedades intelectuais da THQ, culminando com a consequente mudança de nome para THQ Nordic, parece-me que a gigante europeia quer “arrumar a casa” e disponibilizar para o público actual alguns dos bons jogos com low profile que a THQ lançou nos seus últimos anos de existência pré-bancarrota, criando-lhes uma segunda vida nesta geração.

Foi o caso do recém-falado de Blob, foi o caso de ambos os Darksiders, como é agora o caso de Lock’s Quest, um jogo originalmente exclusivo da DS e que chega agora ao PC, PS4 e Xbox One.

Criado pelo estúdio 5Th Cell, que já tinha brindado a NDS com jogos excelentes como Drawn to Life e Scribblenauts, e que teve em Lock’s Quest a última nova franquia criada por si para a antiga portátil da Nintendo.

Lock’s Quest ter-vos passado ao lado, como me passou a mim, não é surpreendente. Tendo em  conta o catálogo da consola, a diversidade e oferta disponíveis eram criadoras de decisões difíceis perante as limitações de tempo e dinheiro. Lembro-me de ver o jogo nos lineares das defuntas lojas de videojogos dos shoppings da área de Lisboa e ficar algo curioso, mas sem ficar sequer com a ideia de que género se tratava, mas com tanto para jogar algo teria de ficar para trás.

Como um tremendo fã de tower defenses que sou, nas suas múltiplas abordagens, fiquei instantaneamente conquistado pelos primeiros minutos de Lock’s Quest. Aliás, para ser mais específico, aquilo que me conquistou quase de imediato foi a arte deste jogo, cuja transição para alta resolução permitiu apenas demonstrar o quão bonita era a pixel art original no pequeno ecrã da DS, e que brilha e que encontra nas plataformas actuais a melhor montra que poderia ter.

Como disse, Lock’s Quest é um tower defense, mas não é apenas isso. É uma mistura com uma espécie de action brawler, quase na senda do que viriam a ser poucos anos depois Dungeon Defenders e Orcs Must Die, em que no tempo limitado inter-vagas temos de construir as nossas defesas, mas controlar um personagem no terreno para ser a primeira linha defensiva da nossa base ou território.

Possuímos apenas 2 minutos antes que as hordas de constructos steampunk comecem a atacar-nos, e é nesse tempo que construímos paredes e no topo colocamos canhões, assim como nos é permitido criarmos armadilhas no chão. Existe uma lógica estrutural na construção e posicionamento das paredes, sendo que a capacidade de defesa e resistência delas envolve a forma como são “suportadas” por paredes adjacentes.

O combate é bem mais do que o mero button mashing. Para além das expectáveis melhorias que podemos fazer ao nosso dano base, temos também a possibilidade de termos bónus no dano infligido ao passarmos constantes QTEs que impedem o jogo de cair na monotonia habitual de esmagar botões para esmurrar inimigos até que percamos a sensibilidades nos nossos dedos.

Uma das partes mais surpreendentes de Lock’s Quest é a sua história e a trama que se vai desenrolando em torno dos Archineers, personagens como Lock que são capazes de construir com recurso a poderes arcanos, e da tensão política e bélica que existe para além do “mundo” do protagonista, trazendo uma excelente longevidade não só à narrativa mas também ao próprio jogo.

Lock’s Quest é uma boa descoberta ou redescoberta para alguns, e uma forma curiosa da THQ permitir uma abrangência de óptimos títulos que teve para além, das fronteiras das suas plataformas originais. O que se seguirá?