Algum dia tinha de ser o primeiro. Com a lista de Steam pejada de jogos desse género algo misterioso que são os hidden objects, quase todos, senão todos, provenientes de bundles, eu nunca, repito, nunca toquei num jogo deste género. Mas a tomar como exemplo The Great Gatsby: Secret Treasure, acredito que as minhas incursões pelo mundo dos hidden objects surja em momentos de necessitado relax.

Mantendo o espírito das coisas que nunca fiz, posso admitir também que pelo meio das largas centenas de livros que já li, The Great Gatsby, de F. Scott Fitzgerald não é um deles. Mas também não foi essa a razão que me fez mergulhar no jogo, como uma tabula rasa que não conhece o enredo original.

Habituado a aventuras-gráficas, percebi que ainda que este género dos hidden objects seja quase uma descendência directa sua, mas contém uma abordagem muito mais casual. Um misto de contar uma história e ter como pretexto para tal alguns puzzles de interacções e outros tantos de descobrir elementos numa ilustração como formas de progredir no enredo.

As heranças das aventuras-gráficas remontam não só à forma de progredir no jogo e na história, mas em todas as mecânicas envolvidas. Queremos ir até ao sítio x, mas este está fechado porque necessitamos de uma chave para abrir a porta. Para a abrir vamos pesquisando outras divisões da casa, apenas para encontrar uma divisão que necessita de um escadote para ser acedida, mas aquele escadote que encontrámos não tem os degraus. Cria-se então uma corrente de coisas a serem encontradas e coisas e serem aplicadas que são perfeitamente naturais para qualquer habitué dos point ‘n clicks, sendo que aqui, com toda a sua casualidade, a tarefa é muito mais simplificada.

Muitos dos itens têm de ser encontrados como resposta aos momentos de hidden objects. Ilustrações repletas de elementos ladeadas por uma checklist, e na qual temos de encontrar todos os objectos para recebermos no nosso inventário aquele item que necessitamos para progredir na história. Alguns destes objectos escondidos necessitam de micro-resolução de puzzles para receberem um visto na checklist, e estes são momentos de passatempo clássico mais do que de videojogo, mas que são, como o nome indica, a tónica principal do género, e a razão para este tipo de jogos ter tanto sucesso num segmento mais casual do mercado.

Depois desta micro-explicação do que são afinal os hidden objects games, que passaram para mim de ser algo com laivos de mistério para ser uma possibilidade de horas de jogo no futuro, para falar mais especificamente de The Great Gatsby: Secret Treasure.

Apesar de ligeiramente curto – em cerca de 2 horas terminei-o – achei curiosa a fora como incorporaram a história literária numa investigação contemporânea, estando os personagens da trama actual intimamente ligados com os acontecimentos do livro e quase todo o jogo passar-se na mansão de Jay Gatsby e nas suas imediações, à medida que o contacto com alguns itens nos levam em flashback para a própria história do Clássico Americano e demonstram as interligações com o enredo do jogo.

Como disse antes, esta foi a minha estreia nos hidden objects, mas rapidamente serviu de gateway para instalar mais 2 ou 3 da minha colecção de Steam. Se nunca experimentaram o quão casual pode ser um jogo destes, aconselho vivamente este The Great Gatsby: Secret Treasure. E quem sabe não fazem como eu, e trocam os sifões de tempo dos idle games por estes hidden objects. A recompensa sempre parece mais lógica num género do que noutro.