Más reviews são normais e compreensíveis se forem justas e não apenas fruto de um azedume pessoal. Quando essas reviews são em sites com tráfego à escala global e que são verdadeiros opinion makers do mercado, invariavelmente as batalhas campais vão iniciar-se, potenciadas ou não pelos autores dos objectos que foram alvo de tão negativa análise. Eterny’s Child foi um jogo que recebeu 1 do ex-crítico do Destructoid Conrad Zimmerman, e por muito celeuma que esse artigo possa ter criado, ninguém esperaria o twist que aconteceria 9 anos depois.

Ao invés de criarem uma inimizade visceral para toda a eternidade, Zimmerman e Luc Bernard, o autor de Eternity’s Child acabaram por ter contacto depois “da poeira assentar” e os insights daquele foram tão proveitosos para a evolução de Bernard como game designer (segundo ele) que acabou por fazer-lhe o convite de trabalharem juntos em Plague Road, um jogo lançado a 23 de Maio para o Steam.

Agrada-me que Bernard volte ao estilo que é habitual nos seus jogos, os de assets desenhados à mão onde a ilustração é forte e se destaca pelo seu traço reconhecível. O meu único problema estético com Plague Road é o quão excessivamente saturada acaba por ser a paleta de cores em todo o jogo, criando um tremendo ruído visual em que por vezes todos os elementos no ecrã causam um caos de composição em que os pequenos detalhes se perdem no meio de muitos detalhes.

Há algo que costumo falar aos meus alunos de Ilustração que é a necessidade de contraste, ou seja, se vários elementos recebem um grande detalhe, precisamos de respiração visual e depuração para o conseguir ver e apreciar. E neste aspecto Plague Road falha por completo.

Do ponto de vista mecânico é um RPG por turnos hiper-difícil. A quantidade de vezes que o Doctor (não esse) é morto em combate é grande, para além de exigir um mindless grind de sobreviventes da Praga, levá-los para a cidade e utilizá-los para devolver a vida à povoação, ir para combate, salvar sobreviventes, repetir, repetir, repetir e tentar não morrer pelo caminho.
Plague Road precisa de afinação e de balanceamento. Parece-me querer ser demais em tudo, não só do ponto de vista visual mas também do ponto de vista das suas excessivas limitações em termo de jogabilidade.

Aguardamos que a experiência de Zimmerman nos longos anos enquanto crítico que consigam ser auto-suficientes para conduzir a equipa a uma maior afinação do jogo, criando horas infindáveis de mera repetição e pouca ou nenhuma diversão. Monotonia esta que nem a narração de Jim Sterling ajudam a salvar.