Anualmente a posição da Electronic Arts é estranha, porque se analisarmos para além dos franchises anuais de desporto, das quais temos mesmo de evidenciar o regresso de NBA Live, o sumo das suas conferências remetem-se quase sempre para 1 ou 2 títulos apenas, existindo anos em que esses títulos nem geram assim tanto interesse quanto isso. Para mim, um dos grandes títulos que a EA tinha para apresentar nem sequer foi mostrado a fundo na sua conferência, mas na da Microsoft, onde Anthem, o competidor directo de Destiny 2 produzido pela Bioware deu um “ar de sua graça” e mostrou que está aqui para dar luta à Bungie e à Activision por esse segmento de mercado.

Grande parte da conferência foi dedicado a Battlefront II naquilo que podemos extrair como um valente mea culpa da DICE e da EA. Star Wars Battlefront parecia bom, e era-o, mas durante apenas uma ou duas horas, e depois percebiam-se as costuras e o vazio que ocupava o jogo. Até eu que estive com o João na apresentação do jogo na conferência da EA na Gamescom 2015 estávamos com toda a nossa paixão starwarsiana aos pulos, e assim que o jogo chegou percebemos o quão vazio ele era.

A EA tenta desesperadamente compensar esta tremenda falha, e ao invés de remendar o primeiro jogo tenta partir para o segundo como tabula rasa, anunciando o modo de campanha e DLCs gratuitos, mais personagens, mais cenários, mais tudo. Só esperamos que mais qualidade no final de contas. Star Wars é uma marca forte que vende por si, mas Battlefront excedeu toda a loucura de montanha-russa entre o hype e a desilusão.

Sim, eu sei que chegámos àquela altura da evolução do mercado em que numa E3 e bem gritado durante uma conferência se ouve que dado jogo possui modo single payer. Desculpe, pequena gralha, player queria eu dizer. Uma campanha a solo não é só argumento de marketing, é quase a base de todo ele, numa tentativa quase desesperada de anunciar que “estamos aqui e aprendemos com os nossos erros”. O que até é de salutar, e tendo em conta o facto de que Battlefront II promete conteúdo a partir dos 3 ciclos cinematográficos de Star Wars, poderemos vir a ter aqui o jogo que realmente merecemos.

O primeiro dos dois jogos de carros que me entusiasmou verdadeiramente foi Need for Speed Payback. Eu não sou o maior fã de driving games, mas admito que tecnologicamente este jogo parece-me estar brilhante, e o caminho narrativo começado no anterior (e continuado aqui, ao estilo dos diuréticos Fast & Furious) prova que o meu “regresso” à franquia é totalmente justificada, e que os criadores estão a levar os jogos no sentido certo, numa abordagem over-the-top e distante de outros sub-segmentos que neste momento já estão dominados por outros jogos.

A expansão de Battlefield 1 (jogo que não joguei mas que opiniões que respeito definem como um tremendo FPS) In The Name of the Tsar parece estar a trazer ainda maior complexidade a um dos mais competentes jogos do género.

Para mim, o verdadeiro showstealer foi mesmo A Way Out, dos mesmos criadores de Brothers: A Tale of Two Sons, que promete levar-nos a uma história emocional de evasão de cadeia, obrigando-nos a jogar cooperativamente com alguém. Não só o que foi demonstrado é interessante, como acho de imenso valor a EA apoiar um pequeno estúdio a fazer o que faz melhor mas com outro arcaboiço financeiro. Por outro lado é curioso ver numa época em que as potencialidades online são apregoadas em todas as conferências, ver mais alguém (para além da Nintendo, mas já lá vamos) a querer sentar os jogadores lado-a-lado no sofá e a partilhar a experiência de forma mais próxima do que o afastamento que o online foi trazendo.

Em suma, a Electronic Arts não arriscou muito, limitando-se a fazer aquilo que lhe compete de ano-para-ano. Mas com menos fogo-de-artifício, muito menos. E isso já é uma prova de crescimento só por si.