Podia começar por dizer que há pouco ou nada para dizer sobre Silver que já não tenha corrido rios de tinta, quando ainda se escrevia em tinta e nestes 18 anos que se seguiram ao seu lançamento original em PC, mas não é por isso que não o vou fazer. Só um bocadinho…

Silver é um RPG de acção que pertence a um de dois grupos:

1 – O desconhecido, que é onde os que nunca o jogaram obviamente o colocam.

2 – O invulgar, que onde está para quem o jogou, tivesse sido em PC no lançamento original de 1999 ou em consolas no ano seguinte. Graças à THQ Nordic, quem nunca o fez antes tem oportunidade de o testar, quem o perdeu, pode recuperar as suas recordações.

É sempre difícil (re)analisar jogos da nossa juventude, a carga nostálgica tem sempre um peso considerável mesmo que não seja directamente, por exemplo eu não joguei Silver quando saiu, mas tudo nele é fruto da sua época. Ele era semelhante aos seus pares mas ao mesmo tempo inovador e fora do normal. Os action RPG desta altura bebiam todos da mesma fonte, ambientes tridimensionais isométricos, clicar no rato para atacar e uma história para colar toda a acção, de uma forma mais ou menos coesa. Pensando bem não evoluímos assim tanto desde esses anos.

Mesmo assim foi nesse mundo, de há décadas atrás que entrei em Silver. O feiticeiro que rapta todas as mulheres de idade fértil e reprodutora das redondezas para encontrar uma nova companhia, e como cavaleiro do reino é a nossa missão salvar a nossa esposa de entre as raptadas, e já agora as outras também. Até aqui nada de especial ou fora de normal. E o peso da idade nota-se na “pele” deste jogo, as rugas são bem visíveis, os gráficos e voice acting outrora muito bons mostram-se datados mas qual Monica Bellucci ou George Clooney, o charme e classe sobrepõe-se a isso.

Foi na jogabilidade que Silver sempre se colocou à parte dos outros, foi na sua originalidade de comandos que ele se distinguiu. Enquanto todos os outros usavam clássicos comandos por botões este usava o rato de um modo intuitivo. Mover para a esquerda proporciona um ataque lateral para esse lado, para a direita o resultado era idêntico, feitiços, armas de arremesso, tudo funciona com o mesmo sistema. Na altura inovador, e como tudo o que assim é, com algumas falhas pareceria estranho. Mas lá diz o povo que primeiro estranha-se e depois entranha-se. Hoje após Wiimotes, Moves e Kinects, dual-sticks e outros, é apenas mais um estilo que até funciona bastante bem apesar de ter sido esquecido.

O ambiente deste RPG é nada mais que clássico apesar da sua câmara fixa, o mundo bastante grande e a quantidade de personagens e cenários que encontramos é bastante variado mesmo nos padrões actuais, podemos adicionar os mais variados/clássicos companheiros para nos auxiliarem enquanto avançamos pelas paisagens mais típicas da fantasia-medieval. Infelizmente é tudo típico demais.

Não fosse a sua jogabilidade ser algo à frente do seu tempo nalguns campos seria um jogo banal usando todos os clichés do estilo, mas por ter alguns pontos diferentes é um que todos devem jogar, para ver o que alguma coragem pode fazer para marcar a diferença. Talvez por sobrecarga nostálgica o ache melhor que é, o melhor é testarem para confirmar.