Ainda anteontem falávamos de um roguelike twin stick shooter muito específico que prometia quebrar com a forma como encaramos o dungeon crawling clássico, seja ele na sua vertente de fantasia medieval herdada de Dungeons & Dragons, seja na abordagem espacial que encaixa na perfeição com o shooting incessante do subgénero.

Esta semana vamos pela terceira vez de armas e bagagens para dentro de masmorras, com outro jogo roguelike que vem cumprir com uma das mais recorrentes abordagens do género: luta frenético e impiedosa no espaço com muitas mortes à mistura. A de aliens e da nossa.

Quando pensamos em twin stick shooters roguelike em pixel art os nomes que nos vêm à cabeça, depois de recuperarmos o fôlego mental de termos dito em pensamento algo tão comprido quanto “twin stick shooters roguelike em pixel art”, é sem dúvida Nuclear Throne e Enter the Gungeon, dois dos exemplos mais emblemáticos do subgénero e dois dos que mais exposição tiveram de entre dezenas de jogos similares, uns mais memoráveis que outros.

Starship Looter, vem cavalgar estas boas memórias vividas com estes bons jogos e adiciona-lhes um conceito/explicação para justificar a desenfreada matança de seres constituídos por pixeis com recurso ao poder imparável dos nossos polegares nos dois analógicos (ou com teclado e rato, caso prefiram).

Somos um salteador de destroços de naves, que, aparentemente, após serem destruídas tornam-se habitação provisória para hordas de alienígenas sedentos de pouso e ainda mais furiosamente investidos em proteger os despojos deixados pelas tripulações falecidas.

Mecanicamente é tudo o que esperamos de um jogo do género com níveis (naves) processualmente geradas, e em que a progressão é simples: eliminar progressivamente todos os inimigos de cada sala antes de passar à próxima até encontrarmos a saída da nave que estamos a saltear.

Já vos disse que é difícil? Pois, seguindo a crescente tendência destes retro roguelikes, a proporção do abuso de pixeis equivale a quão difícil o jogo realmente é, portanto como usual podemos aguardar por muitas, muitas mortes e reinícios de jogo.

A malta do estúdio Luxorix Games deve estar especialmente feliz pela chalaça feita com o título do jogo, que no meu caso já me valeu uma dezena de vezes ter de reescrever Starship para Spaceship, e por outro de só tardiamente perceber o trocadilho com o livro do Roberto Heinlein (e filme do Paul Verhoeven). No vosso caso a minha própria piadola com o título já estragou a experiência de o descobrirem.

Mas porque é que iremos lembrar-nos deste Spaceship Looter no futuro? Provavelmente por razão nenhuma. É divertido, e ainda passamos alguns minutos e algumas mortes divertidas com ele, mas o mais provável é ir para aquele fundo da memória onde a vacuidade da música pop contemporânea vai depois de uma semana intensa de overplay.