Hoje trago-vos um dos jogos mais simples que experimentei há pouco tempo, mas também um dos mais entusiasmantes para quem ama estratégia – Onitama!

Lembro-me das tardes a jogar xadrez quando era pequenina… Quer fosse na escola ou em casa, eram sempre momentos de pensamento cerrado, onde o suor caía mente fora e a adrenalina subia por cada movimento de peça e vislumbre de Xeque-Mate. O contacto visual com o oponente, trazendo afiados ataques ofensivos ou defesas destemidas, muitos deles por vezes intimidações e bluff de uma estratégia ágil e dissimulada. O nervosismo corre veias fora e o poder da decisão torna-se a chave, que no meio de tal tumulto, decide quem realmente somos na batalha…

Era com este sentimento que vivia e vivo um jogo de estratégia. Uma batalha apurada, que se torna uma aventura derradeira e divertida com alguém que a gosta de partilhar connosco. Porém o Xadrez tornou-se uma paixão que foi morrendo ao longo do tempo, também pela grande variedade de jogos que foi surgindo ao longo dos anos, fossem estes videojogos ou jogos de tabuleiro.

Foi então uma lufada nostálgica viver a experiência de Onitama… Renovando todo o entusiasmo e vivência estratégica do Xadrez, em Onitama sinto-me novamente com a mesma taquicardia saudável, abençoada por uma muito mais fácil jogabilidade. Mas não se deixem enganar, Onitama é realmente um jogo diferente do Xadrez e abaixo vamos conhecer um pouco mais deste jogo.

Onitama nasceu em 2014, pelas mentes e mãos de Shimpei Sato, Jun Kondo, Mariusz Szmerdt, sendo lançado pela Publisher Arcane Wonders. É um jogo apenas para duas pessoas com mais de 8 anos de idade, tendo uma duração de 10 a 30 minutos.

Começamos por encontrar uma embalagem de jogo extremamente diferente do habitual, que logo por si mesma, nos motiva a experimentar o jogo (ver imagem abaixo). Toda a arte do jogo tem um toque místico e bastante bonito desde o seu tabuleiro em playmat até aos bonecos de jogo e não é por acaso que assim é, já que a história a que este nos remete tem muitas dessas características.

No Xadrez temos dois exércitos em guerra feroz, mas em Onitama apesar de se dar uma batalha, esta é ligeiramente diferente. Cada jogador representará um Omnyo (Figura central entre os seus outros bonecos de jogo), o qual representa o Filho de um grande e famoso Mestre místico que consegue desvendar o futuro e invocar espíritos. Ambos os filhos do Mestre consideram ser merecedores do titulo do seu pai e por isso mesmo batalham para saber quem tem mais competência para controlar os espíritos. Cada jogador vai estar frente a frente perante um tabuleiro de 5 x 5 espaços, os quais representarão o campo de batalha. Na base de cada um dos lados de jogo estão posicionadas 5 peças para cada jogador, estando nos dois espaços de cada lado as marionetas, e no centro o Omnyo.

Em cada batalha de Onitama os jogadores têm uma experiência totalmente diferente devido ao seu sistema de cartas de espíritos. Em cada partida são utilizadas apenas 5 cartas, estando duas com cada um dos jogadores e uma de fora (ver a imagem acima). No seu turno, o jogador terá de jogar uma das cartas que tem na mão, colocando um dos seus bonecos de jogo numa das posições definidas pela carta (por exemplo – na imagem – com a carta Tiger, o jogador pode mover uma das suas peças para um espaço atrás ou para dois espaços à frente), sendo o quadrado preto o local onde o jogador se encontra. Quando decide a jogada, o jogador descarta a carta utilizada para fora e coloca a carta que estava de fora na sua mão, estando os dois jogadores sempre a jogar com as mesmas cartas até ao fim e podendo cada jogador manipular o que quer que o outro jogador jogue.

Torna-se brilhante a simples complexidade estratégica de Onitama, no sentido em que temos sempre visível o que o outro jogador pode fazer e controlar esses mesmos movimentos. As suas cartas de espíritos estão sempre viradas para cima e temos sempre noção de que espírito ele poderá ir buscar. Nesta batalha o objetivo final é retirar o Omnyo oponente do tabuleiro ou levar o nosso Omnyo para a posição inicial daquele.

Onitama tornou-se de facto para mim uma referência no âmbito dos jogos de estratégia para dois, não demorando geralmente mais do que 15 minutos quando jogo. Espero que gostem tanto quanto eu! Boas Batalhas!