Caçada semanal #99

A minha segunda caçada atrasada, como referi no artigo anterior, é dedicada a jogos com um grande teor de crafting. Como já devem ter entendido pelo título do artigo.

Começamos com Alchemic Dungeons para Nintendo 3DS não só a marca continua a investir nela como muitos indies. É certo que assim como muitos outros que vão parar nas costas portáteis da consola de bolso, é um port de um jogo mobile.

Há um certo encanto naqueles roguelike em que podemos simplesmente fazer coisas, sem propósito certo, sem grandes enredos ou demandas. Precisamente por isso, não há grande conteúdo para falar sobre Alchemic Dungeons, escolhemos um de quatro personagens genéricos com diferentes estatísticas, um soldado, um arqueiro, um mago e um bárbaro. Não me pareceu que a escolha de personagem tivesse muita influência no jogo em si, depois de algum tempo tendo em conta que ao criar armas e armaduras é muito fácil suplantar as falhas de alguns como por exemplo criar armaduras mais fortes para os que têm menos energia, pequenas coisas que qualquer jogador fará sem sequer pensar muito no assunto.

É um óptimo jogo para pequenas viagens, nem que seja ao WC, onde podemos fazer um nível de uma masmorra ou simplesmente preparar a próxima aventura. Vamos juntando materiais até ter suficientes para criar algo, equipamos e avançamos. É uma versão simplificada de “mata o monstro e usa a cabeça dele com um chapéu”.

Sim é simplista, não tem enredo nem fio de narrativa nem sequer é extremamente difícil como é apanágio dos roguelike, mas não deixa de ser das melhores opções que tenho na minha 3DS quando só tenho alguns minutos para gastar.

Jogar apenas uns minutos é algo que não acontece com After the End: The Harvest. Um pequeno RPG roguelike gigante disponível no Steam.

Enquanto o anterior é perfeito para pequenos momentos, este é algo em que nos podemos perder na sua imensidão. É diferente em vários aspectos no qual a escala é a maior. Não digo maior num sentido lato, mas num sentido físico. Em Alchemic Dungeons, temos masmorras para explorar, After the End dá-nos uma galáxia quase infinita. Assim que começamos temos logo a opção de fazer o story mode ou começar num planeta aleatório e jogar livremente, eu escolhi a segunda e arrependi-me porque não só não conseguia atinar com os comandos como o planeta em que comecei não tinha uma atmosfera respirável. Morri, ali mesmo em menos de um minuto.

Mesmo que não tivesse sido flagelado pelo chicote do random roguelike iria morrer numa questão de minutos porque os comandos deste jogo pareceram-me muito confusos de início, tanto usando o teclado como um comando, fiz o tutorial várias vezes até conseguir mapear todos os botões (não são muitos) de um modo funcional para mim, talvez seja porque este é um híbrido Action/RPG/Roguelike mas havia ali qualquer coisa que simplesmente não fazia sentido. Portanto, eu começava, avançava até bloquear, corrigia e recomeçava numa espécie de feitiço do tempo 16-bits. Este ponto não seria algo habitual a focar nos meus artigos mas achei importante porque vale a pena passar por esta fase para tirar proveito de todo o potencial de The Harvest.

Curiosamente não achei o modo de história muito interessante porque não temos muitas missões obrigatórias, a liberdade neste sandbox é tão grande como o universo em que ele existe, portanto retirando o tutorial onde aprendemos que aconteceu uma espécie de Juízo Final intergaláctico e todas as espécies e seres bons foram levados para um plano de existência superior, ficando apenas a pior escumalha dizem-nos que cabe a nós trazer de volta o equilíbrio ao universo.

Coisa pouca e com poucas indicações a ajudar podemos fazer o que quisermos, subindo e descendo o nosso Karma que acredito ter alguma relevâncias mais à frente. A questão é que temos tanta liberdade que não necessitamos fazer o caminho pouco trilhado que ele nos apresenta, mais vale confiar no lançar dos dados e começar num ponto qualquer, conseguir uma nave e viajar, por todo o espaço e tempo.

Devido ao seu visual reminiscente da minha infância, After the End: The Harvest é daqueles jogos que eu teria dado todos os meus brinquedos, livros e talvez um rim pela oportunidade de o jogar há muitos anos atrás, uma obra que tem muito mais potencial do que aparenta à primeira vista.