Dizem as lendas que o Golf, foi originalmente criado ali para os lados da Escócia e como apanágio de tanta coisa era exclusivo para seres do sexo masculino, daí o seu nome, Gentlemen Only, Ladies Forbidden. Felizmente o ser humano deixou de ser retrógrado em várias coisas, estamos no glorioso ano de 2017 em que entre outras coisas seremos presenteados com uma Doctor e mulheres podem jogar.

O meu conhecimento prático deste desporto é extremamente limitado, jogadores reais conheço apenas dois, um deles já retirado e o outro devia fazer o mesmo. Contudo, devido a uma base de videojogos e filmes bastante extensa tenho imenso conhecimento teórico sobre o mesmo.

Como já não tocava num destes há muitos anos, porque simuladores de desporto não são dos meus jogos favoritos fiquei surpreso com a qualidade e atenção dedicada ao pormenor de The Golf Club 2. Curiosamente têm vindo parar-me às mãos imensos simuladores este ano e este é provavelmente o segundo melhor mas tal como esse ambos sofrem da mesma maleita.

Não irão ver muitos artigos, let’s play, vídeos de Youtubers ou campanhas publicitárias e bundles de The Golf Club 2 porque é um produto de nicho, tal como o próprio desporto é elitista demonstrado perfeitamente no brilhante documentário Caddyshack e no menos brilhante biopic Happy Gilmore. Mas por mais nicho ou micro nicho que seja algo, recebe a atenção e cuidado que os seus fãs merecem. Apesar de não ter a quantidade ou profundidade de criação de jogadores de um jogo de qualquer 2K, é bastante extenso e completo. Ainda mais na criação de campos, algo reservado a uma pequena percentagem de jogadores mas provavelmente das suas melhores particularidades.

Para quem está mais familiarizado com outros jogos de Golf como EA Tiger Woods, Turf Masters, etc. este pode não ser o melhor caminho, esses são jogos de golf, The Golf Club 2 é um simulador de golf, com tudo o que isso acarreta. Tal como no desporto real há imensas maneiras diferentes de encarar o jogo, seja uma carreira profissional num modo extremamente bem desenvolvido ou apenas fazer uns buracos para limpar a cabeça das adversidades do dia a dia. Esta segunda parte será possível apenas depois de algumas horas de treino de comandos e sistemas de tacada, é um desporto de precisão portanto toda esta simulação presta-se a isso mesmo. Acaba por ser um jogo frustrante para quem não conhece o meio e não distingue um birdie de um driver*

Para quem já tem algum conhecimento de base e até gostava de praticar o desporto mas falta-lhe disponibilidade tanto financeira como de tempo é uma boa alternativa. Disponível em quase todas as plataformas actuais (testado em Xbox One), é uma hipótese para quem quer testar a fundo o desporto dos Lordes. Como qualquer simulador, por melhor que seja o ambiente e mecânicas nunca irá substituir toda a sensação de andar a atirar bolas, carregando sacos com ferros às costas e andar naqueles carrinhos engraçados, o cheiro da relva, o ar puro e os pássaros a chilrear. Não sei se é divertido porque nunca o fiz, mas tenho um campo de golf ao lado de casa e vejo-os lá todos os dias por isso assumo que assim seja.

Se gostam do desporto e querem uma experiência virtual mais realista que vos vai estar constantemente a empurrar para serem melhores que eram antes, ter um bom handicap, fazer um circuito inteiro on par, é uma hipótese a considerar, se como eu preferem as versões mais arcade-ish da coisa, há outras possibilidades.

Numa analogia mais bucólica, não é planta que cresça no meu jardim, mas não deixa de ser uma bela planta.

*Esclarecimento: Um driver é um taco de madeira nº1, um birdie é quando se acaba um buraco com uma tacada abaixo do Par. Par… vejam os documentários acima mencionados e aprendam se quiserem.