Terminei todos os Kirby da linha principal, spinoffs, de todas as plataformas da Nintendo. Joguei-os a todos naquela que é uma das minhas séries de videojogos de eleição desde que um amigo me emprestou o Kirby’s Dream Land para o Game Boy. É óbvia a evolução que a série e o personagem tiveram e sem sombra de dúvida que os últimos jogos principais da série lançados para a 3DS, respectivamente Kirby Triple Deluxe e Kirby: Planet Robobot. são dois dos melhores jogos do simpático personagem cor-de-rosa alguma vez lançado.

Percebo que exista um esforço hercúleo dos criativos do estúdio HAL Laboratory para manter a série fresca e inovadora dentro das suas limitações e do número de títulos que saem em cada geração.

A inclusão de mini-jogos dentro do macro-jogo que é Kirby não é novidade, e têm sido uma das práticas recorrentes dos devs na sua tentativa de levar o personagem e a série um passo mais à frente. E sempre com sucesso diria. Esta estratégia que se está a transformar em hábito de extirpar estes pequenos momentos, recompactá-los e vendê-los isoladamente é que me parece uma péssima forma de saturar a marca Kirby no mercado.

Todos sabemos que até a Ubisoft percebeu que a sobre-exposição e a excessiva ordenha da vaca de Assassin’s Creed precisava de espaço para respirar. É óbvio que Kirby não está no mesmo patamar que a série da gigante francesa, mas será que queremos todos ter um jogo do Kirby a ser lançado todos os anos, mesmos que seja um dos mais desinteressantes como é o caso deste Kirby Blowout Blast.

Kirby Blowout Blast é um jogo simples que parece ter sido desenvolvido num espírito f2p casual para mobile mas que foi repentinamente recondicionado para ser um standalone baratucho da eShop.

Deitem-se fora todas as mecânicas que fazem de Kirby o que ele é hoje e dispam-no até aos seus elementos mais primários: o de sugar e o de cuspir. Crie-se um sistema de busca da melhor pontuação possível em níveis curtos onde temos de ser o mais eficazes com estas mecânicas a derrotar todos os inimigos e a apanhar todas as moedas. E no final de cada mundo derrotar o boss da mesma forma.

Ver Kirby reduzido à sua dimensão primária numa experiência de limitada tridimensionalidade é engraçado mas sabe a pouco. Já caminhámos muito mais com a série do que estar limitado a uma abordagem hiper-linear que pouco contribui para a aceitação de Kirby e que se limita a fazer um novo cash-in glorificado com mais um mini-jogo.

Com Triple Deluxe e Planet Robobot disponíveis, os 6,99€ que a experiência quase vazia de Blowout Blast custa pode ser poupada para comprar um (ou dois) dos excelentes títulos principais presentes no catálogo da 3DS.

Nós sabemos que o Kirby suga (óbvio trocadilho com o duplo-significado em inglês) mas acho que até ele merece mais dignidade do que a que Blowout Blast lhe trouxe, de ser um mero íman de dinheiro virtual sem substância.