Há um risco previsto ao somar num jogo duas franquias distintas. A Bandai Namco bem o sabe, e já começa a ser uma jogada habitual fazerem-no, conscientes da contribuição única do sucesso individual de cada uma das partes que o compõem.

Da parte dos media há um risco adicional, o de não terem conhecimento sobre os idiossincrasias de cada série, o que foi exactamente o que me aconteceu neste crossover. Se dou alguma atenção ao mercado dos manga, o anime, pelo consumo de tempo que obriga, nunca foi algo ao qual dedicasse muito tempo, e o contacto e o conceito das séries Accel World e Sword Art Online acabou por ser-me passado por amigos próximos que são ávidos consumidores de anime.

À primeira vista, pelo título, imaginamos que o elenco das duas franquias se vão confrontar, mas a realidade é que no lugar do substantivo latino deveria estar o simples símbolo de adição, viste que ambas as franquias se unem contra um inimigo comum, The Witch of Twilight, que ameaça a existência dos seus dois mundos/jogos.

Para quem não conhece estas duas séries, ambas são originárias da mente de Reki Kawahara, e ambas circulam o seu conceito à volta de experiências de vivência virtual dentro de mundos online de videojogos.

Accel World vs. Sword Art Online assume-se como um jogo para fãs das duas duas séries, e portanto acaba por ser bastante leve no que concerne a backstory ou ao peso da própria narrativa presente no jogo. O foco é predominantemente dedicado à acção.

As diferenças entre os muitos personagens disponíveis são óbvias, entre os personagens de Sword Art Online que conseguem voar, e os de Accel World que conseguem saltar bastante alto, e a forma como criamos coesão entre ambos os casos para criar interligações na nossa party para cobrir o máximo de situações possíveis.

Há muito de MMO na forma como este jogo foi desenvolvido, e não o digo apenas pela óbvia influência do mundo de Sword Art Online e do seu ficcionado MMORPG, mas pela abertura, ritmo e progressão deste jogo.

São áreas abertas que se vão desenrolando ao mesmo ritmo que um MMORPG clássico, com múltiplas side quests e desafios e até dungeons a descortinarem-se à medida que vamos avançando no próprio mapa.

O sistema de progressão individual dos personagens é também herdado da dinâmica MMO, com a obrigatoriedade de muito tempo dedicado para conseguir evoluir cada personagem, muitas delas – e isto visto pelos olhos de alguém que não tem investimento emocional em nenhuma das duas franquias  – é demasiado inerte para criar qualquer tipo de entusiasmo ou memória à sua volta.

O combate erroneamente disfarça a simplicidade divertida e frenética de um Warriors, tentando mascará-lo de algo mais do que é, mas caindo directamente na monotonia do combate que se repete sempre da mesma forma, em cenários praticamente idênticos e contra inimigos que pouco mais são que re-colorações de outros monstros.

Há aqui alguma soberba dos autores em confiarem excessivamente no estatuto das duas séries isoladamente para conquistar o público, descurando o resto que define se um jogo é bom ou mau.

Quando pensamos noutras abordagens semelhantes de jogos congénres, com PIs novas que tentam equilibrar o interesse dos jogadores nos seus mundos, criando uma imagem coesa dos mesmos, e acima de tudo, memorável, como aconteceu com Strangers of Sword City.

Accel World vs Sword Art Online falha duplamente, por um lado a ser uma boa porta de entrada para qualquer uma das séries e por outra a criar um jogo mecânica e conceptualmente interessante o suficiente para ser usufruído mesmo por quem não conhece nada das obras de Kamahara.