É inegável que o que se passa dentro e à volta da mesa é tão real quanto tudo o resto. Contudo, às vezes tornar essa realidade um tanto ou quanto mais palpável pode ter o seu quê de dificuldade. A chave está na imersão, e há várias formas de garantir que ela está sempre presente.

O mais óbvio prende-se à questão de cada NPC ter uma personalidade própria e uma forma distinta de se exprimir. É aqui que entram as várias vozes e maneirismos que o DM/GM pode vir a recriar. Não é para todos, até porque nem toda a gente se sente confortável (principalmente no início) em levar a cabo este tipo de role-play, mas tal não é propriamente necessário (se bem que primeiro estranha-se e depois entranha-se). Gestos e maneirismos são tanto bons complementos como alternativas. Não é preciso usar um tom de voz leve e quebradiço para dar a crer que o NPC em questão está triste ou perturbado. Encolhermo-nos na cadeira, abraçados a nós mesmos consegue transmitir essa mesma ideia.

Ainda dentro do tópico dos NPCs, uma outra forma de dar mais uma camada de realismo ao jogo e ao setting em geral é certificarmo-nos de que cada personagem com quem os jogadores se possam cruzar tem um nome. A partir do momento em que não conseguimos responder a essa pergunta, estamos perante uma quebra na atmosfera que estamos a criar. Contudo, é algo bastante fácil de resolver. Basta anotar uma série de nomes que se enquadram ao setting em questão (atendendo a raças e afins) e tê-lo à mão para qualquer eventualidade.

Um outro ponto, e este bastante simples, discreto e eficaz, está em tratar os jogadores não pelos seus nomes próprios, mas sim pelos nomes das suas personagens. Em vez de perguntar “O que vais fazer, Pedro?” pergunta-se “O que vais fazer, Kun’lei?”. É algo mínimo, mas para além de dar importância à personagem em si, está também ajudar os jogadores a mergulhar no jogo.

A nível de ambiente, é claro que não podemos deixar de falar novamente na utilização de uma banda sonora própria e, se for caso disso, luzes (LEDs com luz personalizável e/ou velas). É só uma questão de ver o que se adequa ao setting e tratar de implementar.

Por último, temos a recriação dos itens que os jogadores vão encontrando. Alguém lhes enviou uma carta? Redige-se uma, trata-se de a envelhecer de forma a ganhar o aspecto de pergaminho e coloca-se num envelope que será posteriormente entregue aos jogadores na mesa. Cruzaram-se com um baú com potenciais riquezas? Arranja-se uma miniatura (ou não), ou monta-se (Lego, por exemplo) e enche-se o interior com aquilo que nos parece adequado.

Há toda uma série de formas de levar a imersão de jogo ao próximo nível. É só uma questão de vermos quais é que se adequam à nossa forma de jogar e que ajudam a garantir que o mundo se torna tão ou mais real quanto este.