É verdade que as possibilidades são infinitas no que toca a tabletop RPGs, sendo possível explorar cada sistema com a maior das liberdade e tirar de cada um deles aquilo que pretendemos. Mas para quê contentarmo-nos com um só mundo quando há tantos outros à espera de ser descobertos? Recentemente tive a minha primeira sessão de Vampire: The Masquerade, e é isto que eu tenho para dizer.

Para começar, as mecânicas são bastante diferentes daquilo que costumamos observar em Dungeons & Dragons, tendo toda uma série de habilidades a considerar, sendo para tal útil ter definido ou pelo menos pensado aquilo que queremos jogar. E permitam-me que salte rapidamente para este passo, pois foram os contornos de criação da personagem e da sua personalidade que realmente me cativaram. Os conceitos de Nature e Demeanor permitem uma visão clara daquilo que a nossa personagem é (as suas ambições e as suas verdadeiras intenções) como também aquilo que ela expõe aos outros, podendo ser o total oposto, ou uma versão extremamente atenuada (ou não) da verdade. A isto acrescentam-se os Merits e Flaws, elementos que ajudam a dar um cheirinho extra não só à personalidade da nossa personagem mas também à sua origem. Por fim, temos a questão da humanidade, o equilíbrio ténue que mantemos entre a nossa vida passada e a Besta que agora faz parte da nossa natureza e que está sempre à espera da melhor oportunidade para tomar controlo. Aos poucos a nossa personagem vai crescendo, pelo que basta apenas “passá-la para o papel”.

De seguida temos o setting. Enquanto que em Dungeons & Dragons o heroísmo e a vilania estão presentes, reforçadas por demandas em busca de artefactos e/ou em prol do cumprimento de uma missão maior (ou a destruição absoluta de tudo), em Vampire: The Masquerade tudo tem um ar mais intimista. O combate está presente sim, mas nota-se que não é o foco principal, muito menos quando comparado com Dungeons & Dragons. Rapidamente nos apercebemos que grande parte do nosso tempo vai ser passado a conversar, a reunir, a ouvir aquilo que o Prince e os Primogens têm para nos dizer. A intriga e as conspirações estão sempre presentes, nunca sendo possível ter a certeza absoluta em quem confiar.

É um sistema diferente e elegantemente belo na sua diferença. Não só é uma lufada de ar fresco (ou será de sangue?) como também resulta numa experiência enriquecedora, uma nova forma de expandir horizontes.

Não é a primeira vez que entro em contacto com este universo. Ainda há bastante pouco tempo tive o prazer de jogar o videojogo Vampire: The Masquerade – Bloodlines, e apesar de por si só ser uma grande experiência que envelheceu muito bem com o tempo (e que recomendo), continua a não ser possível compará-lo às suas origens de tabletop no que toca a potencial.

Para já, fica o incentivo em experimentar não só este sistema como quaisquer outros que surjam. Da minha parte, vou deixar-me levar pelo mundo, e ver como é que o meu Ventrue de nome Ramon Ramirez e a sua coterie vão lidar com o mesmo.