Não é preciso estudar a fundo “A evolução das espécies” de Darwin para entender a razão da existência de Ark nas suas duas vertentes Survival Evolved e Survival of the Fittest ambos saídos de Early Access no final de Agosto de 2017, é preferível olhar ao mesmo tempo para os dois pois são ambos variantes do mesmo ramo, como um leão e uma chita, membros da mesma espécie com particularidades próprias.

Ark: Survival Evolved teve um sucesso acima de relativo em Early Access. Num mercado saturado de MMORPGs de fantasia e/ou ficção científica, o seu ambiente pseudo pré histórico conseguiu dar aos jogadores um alívio do que era a norma. A sua dificuldade quase extrema levou os jogadores a adorarem (ou odiarem) o setting: não eram só os personagens e outros jogadores contra nós, era o próprio meio ambiente.

Todo o farming e crafting é o típico deste estilo de jogos. Apanhamos pedras, paus e palhas e fazemos roupas, instrumentos e armas com eles. Usamos isso para apanhar pedras, paus e armas melhores e fazemos coisas melhores com essas. Matamos animais e fazemos armaduras com a sua pele e ossos, e chapéus da cabeça deles.Se fosse só isso, ignorando o facto de ser um jogo em perspectiva de primeira pessoa, até podia gostar dele mas é um MMORPG, que implica jogar online com e/ou contra mais pessoas.

Este factor é um problema para mim que, de acordo com a maior parte deles mas em particular uma das minhas colegas, sou “mêmo anti social”. As tribos e politiquices sejam em PVP ou PVE chateiam-me especialmente porque mesmo quem as quer evitar não pode porque é esmagado por um grupo maior e com mais recursos. À luz dos estudos de Darwin mostra que não é o ser individual que floresce na sobrevivência mas sim as manadas, matilhas e outros que entendem que juntando esforços as suas hipóteses de resistir mais um dia são maiores. Ainda mais quando o território está cheio de dinossauros e a morte espera-nos com dentes grandes, pontiagudos e afiados a cada esquina.

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Não é preciso estudar a obra de Darwin, mas ter umas ideias e conceitos do mesmo não fazem mal nenhum. Um dos conceitos principais é o já mencionado evoluir e adaptar das espécies ao seu meio ambiente de modo a sobreviver, não por serem mais fortes fisicamente mas por serem mais aptos. Esta teoria adapta-se a jogos também, temos modas ou épocas em que tudo tem o mesmo estilo e saem milhentos jogos semelhantes, lembro-me das épocas dos Platformers, dos Point and Click, dos RTS e dos Turn-Based entre outros e depois assim como esse estilo predominante apareceu, outro novo surge deixando o anterior cair no esquecimento salvo raras excepções que sobrevivem ainda hoje devido às sua capacidade de se adaptar, falo dos Mario, dos Civilization e Xcom, dos Broken Sword

Os MMORPG já tiveram o seu tempo. Talvez esteja a cavar-lhes uma cova prematura especialmente se olho para WoW ou até SWtOR que devem ser casos raros, mas a verdade é que o jogador típico mudou, adaptou-se e os jogos online tiveram que o fazer também, tornando-se mais rápidos e competitivos, dentro e fora deles mesmos, e é aqui que entra Ark: Survival of the Fittest, a versão eSport de Ark.

Survival of the Fittest está para Survival Evolved, como Battle Royale (ou se preferirem The Hunger Games) está para The Castaway. Mais ou menos… vamos dizer Jurassic Park 3. Ou seja qual for que se passa na ilha com  miúdo e o gajo do primeiro que não é o Jeff Goldblum. Em vez de estar numa ilha onde gente mais bem equipada e dinossauros nos tentam matar durante dias e dias, somos colocados numa arena cronometrada e temos que sobreviver aos outros “concorrentes”. Os jogos são mais rápidos e finais, não há respawn (pelo menos em nenhum servidor que tenha jogado) e a morte é permanente para aquela partida. A única outra diferença maior do original é que todos começam ao mesmo tempo e à mesma distância do loot central onde estão várias caixas com armas e armaduras. Aí, nessa confusão o jogo é estragado para mim. Podemos ter sorte e apanhar algumas coisas e fugir a tempo ou sofrer um destino mais rápido nas mãos ou armas de que teve mais sorte. Entendo o porquê, a velocidade necessário impede o gathering e crafting mas preferia algo mais justo como iniciar em locais equidistantes com equipamentos aleatórios.

Puramente para fãs de um estilo mais MOBA mas em primeira pessoa. Ark é um jogo que pode vir a salvar-se do esquecimento ou pode ir pelo mesmo caminho que o Dodo. Neste momento é cedo para dizer, mas problemas de optimização apontam para a segunda hipótese.