Caçada Semanal #112

Em 1980 os Tabalhadores do Comércio tomaram a música portuguesa de assalto com o seu hit (one-hit wonder talvez?) Chamem a Polícia. Estão a ver a piadola? Assalto e polícia na mesma frase? Acho que a quase totalidade da equipa do Rubber e possivelmente a grande maioria de quem nos lê deve ter crescido com o número de emergência bem presente. 115. A probabilidade de terem tido algum colega de escola ou vizinho com esta alcunha é grande.

Sem ter bem ideia de quando, houve ali um momento em que o número de emergência único europeu substituiu o nosso bem-familiar 115 e passámos a discar (teclar?) o 112 em caso de necessidade.

O que é que isso tem a ver com os 3 indies dos quais falamos neste regresso às Caçadas Semanais? Nada. Só mesmo a curiosidade de este ser o centésimo décimo segundo artigo da rubrica.

Senko no Ronde 2

2017: o ano dos schmups podia perfeitamente ser o título dado ao ano corrente, se não estivesse já a perder contra títulos mais exactos como O ano da besta laranja, ou Eu não acredito! Edição do ano.

Com tantos shooters que temos jogado é difícil muitas vezes conseguir pontos de verdadeira distinção entre eles. Mas esse não é o caso de Senko no Ronde 2, o remake publicado pela Degica do jogo (infelizmente) falhado da Ubisoft em meados da década passada.

E dizemos infelizmente porque Senko no Ronde 2 é até um schmup bem diferente. Ao contrário do que esperaríamos de percorrer níveis e defrontar bosses, este jogo é 1×1 schmup, trazendo todos os elementos habituais de um shooter para o ambiente natural de um fighting game (com as devidas aspas).

Senko no Ronde 2 torna-se verdadeiramente divertido contra outros jogadores, numa mistura de géneros que nos surpreende por funcionar tão bem.

Morphite

É muito provável que Morphite tenha sido começado a desenvolver em plena euforia de hype em torno de No Man’s Sky. E digo-o por existirem semelhanças conceptuais tão grandes entre o ambicioso jogo de Sean Murray e este discreto indie, tantas que são até difícil de não reparar.

É possível até que essa semelhança entre Morphite tivesse sido assumida, e o estúdio Crescent Moon Games tenha decidido aproveitar o eventual hype que a comparação com No Man’s Sky pudesse criar, mas infelizmente o jogo da Hello Games teve a recepção que todos conhecemos.

Um pouco mais linear que NMS, com uma mistura de ambientes entre os pré-renderizados mesclados com geração procedural, Morphite acaba por esgotar-se rápido dentro das suas limitações. Visualmente interessante, com um feel mais arcade que NMS, mas sem se escapar a parecer o parente pobre desse jogo.

Ancient Frontier

Quando estava a tentar explicar o que estava a jogar naquele preciso momento a alguém da equipa do Rubber Chicken, a minha melhor definição para Ancient Frontier é que era uma espécie de XCOM estelar com naves.

A comparação não quer obrigatoriamente dizer que a qualidade de um esteja próxima do outro, infelizmente. Mas este jogo de estratégia por turnos criado pelos Fair Weather Studios, constituídos por apenas duas pessoas, traz-nos uma aventura que segundo os próprios pode ascender às cem horas.

E pelo ritmo com que Ancient Frontier se move é bem capaz de ser verdade, em que cada turno é por vezes mais lento do que gostaríamos que ele fosse.

Entre a exploração espacial e a recolha de recursos para manter a nossa frota, o verdadeiro ponto alto de Ancient Frontier são as batalhas, jogadas por turnos em hexágonos no espaço sideral e que até inclui a possibilidade de termos cover atrás de nuvens de detritos e asteróides.

Com um sistema de iniciativa implementado, com a ordem de acções a ser aleatorizada pelo próprio sistema, todo o foco táctico acaba por ser constantemente posto sob pressão e adaptação pelas “escolhas” de ordem de turno do próprio sistema.

Ancient Frontier é um bom jogo, especialmente para fãs do género e que uma tremenda paixão por enredos sci-fi heavy.