Caçada Semanal #114

Acho que o João já por diversas vezes fez a piada do “chapéus há muitos, seu palerma” essa linha de diálogo tão marcante do cinema português do fundamental Vasco Santana, com trocadilhos mais ou menos próximos, que eu vou aproveitar para fazer o mesmo: “estratégias há muitas, seu palerma” (digo eu para um interlocutor inexistente).

E realmente há muitas formas de abordar jogos de estratégia, e os 2 indies desta semana provam isso mesmo.

Marz Rising

Os tower defenses já foram argumento de venda, numa altura em que o mercado parecia meio febril com o género e quase tudo dava para fazer um jogo deste tipo. Nos dias de hoje houve uma contracção do interesse nestes jogos de estratégia e começa a ser curioso analisarmos os métodos de comunicação dos estúdios, que independentemente da sua escala deixaram de promover as suas criações como tower defenses e adoptaram o termo mais genérico “estratégia” para os definir.

Foi o que aconteceu com Marz Rising, um dos mais sólidos tower defenses dos últimos anos mas que vem mascarado de “intenso jogo de estratégia”, citando algumas frases promocionais.

Lá vamos nós em direcção a Marte criar as nossas bases apenas para termos de sobreviver a hordas de… zombies. Sim, esta é a parte mais estranha. Depois de termos andado há semanas à volta de Hypernova que tem um conceito similar mas que resolve a luta contra os habitantes locais com um bocadinho mais de sentido do que neste caso.

Apesar de estranhar os zombies que se arrastam pela superfície desértica de Marte, as mecânicas para os abater são rápidas de executar, de forma a que as nossas decisões de defesa sejam efectuadas no menor espaço de tempo possível.

Marz Rising é extremamente sólido do ponto de vista mecânico e visual e é uma pequena luz para matar saudades aos fãs de tower defenses que se sentem abandonados pelo género.

Epic Tavern

Ainda em Early Access, Epic Tavern é um jogo de gestão curioso, ao colocar-nos nas mãos o destino das bancadas gordurentas de uma taberna de um mundo de Dungeons & Dragons. Tal como sabemos (especialmente quem é um habituée dos pen and paper RPGs) não há melhor sítio para saber segredos sobre possíveis aventuras ou rumores de tesouros escondidos do que uma bela ida à tasca mais próxima. É claro que muitas destas vezes isso significa que uma escaramuça pode começar a qualquer momento, mas esse é o bread and butter do setting.

Em Epic Tavern temos 2 áreas distintas de jogabilidade. A primeira remete-se a pontos de acção diários que podemos utilizar ao servir bebidas e comida aos nossos clientes, na tentativa de criar uma relação de amizade/proximidade para com eles. Quão mais próximos (e mais bêbados ou saciados) estejam mais facilmente estarão disponíveis para revelar segredos sobre possíveis quests ou incursões a dungeons e/ou estarem disponíveis para serem contratados por nós como mercenários na nossa party.

A segunda camada de jogabilidade é perfeitamente D & D e é até jogado de forma automática. Depois de decidirmos que quest a nossa party deve ir, conseguimos controlar a sua progressão em paralelo com a gestão da nossa taberna. Todas as acções/provações que temos de ultrapassar são resolvidas com dice checks feitos em background (e invisíveis) pelo próprio jogo.

Apesar de estar em alpha como referimos, Epic Tavern tem uma excelente e cativante aura para ser algo diferente, bebendo de todo o imaginário dos pen and paper RPGs.